Publicado 24/04/2024 08:33
Rio - A Polícia Civil do Rio e de São Paulo participaram de uma operação realizada, nesta quarta-feira (22), por agentes do Distrito Federal contra venda ilegal de óleo de maconha pela internet. Na ação, os agentes pretendiam cumprir nove mandados de prisão e 12 de busca e apreensão nos três estados. Ao todo, sete pessoas foram presas, incluindo três influenciadoras e um morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
PublicidadeAs influenciadoras identificadas como Rhaynara Didoff, com quase 40 mil seguidores, Letícia Susane Correia, com 34 mil, e Elisa de Araújo Marden, 7 mil, foram presas no Distrito Federal. Enquanto os outros três suspeitos foram detidos em São Paulo.
A operação tinha o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada na importação e distribuição de cigarros eletrônicos carregados com extratos de maconha em forma de óleo. O grupo fazia publicidade ostensiva nas redes sociais, pagando influenciadores digitais para divulgar o negócio.
Profissionais de TI do Rio eram responsáveis pela construção das plataformas de comércio eletrônico do grupo. Eles colaboravam com a lavagem de dinheiro a partir da automatização dos pagamentos e utilização de documentos e dados falsos, adquirindo contas bancárias em nome de terceiros, empresas fantasmas e laranjas.
Em websites e redes sociais, o grupo informava a venda de diferentes genéticas de maconha, sendo que, na verdade, a droga estava misturada a solventes diversos e aromatizantes. Eles informavam ainda que vendiam remédios para diversos tipos de doenças, alegando funções terapêuticas para o produto. Nesses meios de comércio eletrônico, eram usados números internacionais para o contato com os clientes e uso de aplicativo de mensagem.
Rota da droga
Segundo as investigações, o óleo de maconha era importado dos Estados Unidos para o Paraguai. Posteriormente, era trazido ao Brasil camuflado em potes de cera de depilação e enviado a partir de Foz do Iguaçu para São Paulo. Na capital paulista, o material era embalado e distribuído pelos Correios.
Segundo as investigações, o óleo de maconha era importado dos Estados Unidos para o Paraguai. Posteriormente, era trazido ao Brasil camuflado em potes de cera de depilação e enviado a partir de Foz do Iguaçu para São Paulo. Na capital paulista, o material era embalado e distribuído pelos Correios.
Parte dos insumos utilizados nos cigarros eletrônicos para o consumo da canábis também vinha da China e do Rio de Janeiro, de forma personalizada e com a logomarca do esquema criminoso.
O bando se aproveitava do descontrole da internet para obter lucros milionários, expandir contatos em diversos países, websites e redes sociais reservadas, para o caso de queda de algum recurso em virtude de ação policial.
Os líderes do grupo estavam sediados no interior do estado de São Paulo e não tinham contato direto com as drogas que eram enviadas a traficantes e usuários por meio de contrato com uma empresa privada e postadas pelos Correios. Só nas vendas pela internet, a Polícia Civil do Distrito Federal estima que o grupo movimentava R$ 2 milhões mensais.
Além disso, para garantir que as operações ilícitas ocorressem de forma segura e sem rastreamento, os criminosos operavam remotamente. "Até as mulas que postavam os produtos nos correios conduziam veículos de luxo e chama a atenção a participação ativa de mulheres, não somente atuando como colaboradoras de seus companheiros, mas exercendo também liderança nas ações criminosas", destaca o delegado Rogério Henrique de Oliveira, coordenador da Coordenação de Repressão às Drogas do DF (Cord).
A operação denominada Refil Verde, ocorre no âmbito da operação Nárke do Ministério da Justiça. Ela contou com técnicas especiais de investigação e a colaboração do Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf).
Os integrantes da organização criminosa responderão pelos crimes tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro, associação criminosa, falsificação de documento público e uso de documento falso.
Nas redes sociais, a influenciadora Rhaynara se descreve como cantora, atriz e humorista. Enquanto Elisa se diz empresária e mantém na sua descrição um perfil de venda de 'utensílios canábicos'. Assim como Susane, que faz diversas publicações divulgando o produto.
À reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa das influenciadoras. O espaço está aberto para manifestações.
Em nota, os Correios informaram que a operação foi realizada após a estatal identificar os objetos suspeitos. Além disso, ressaltaram que trabalham em parceria com os órgãos de segurança pública e fiscalização para prevenir o tráfego de itens proibidos por meio do serviço postal.
"Os empregados dos Correios atuam de forma diligente visando identificar postagens em desacordo com a legislação. Quando constatada a presença de conteúdo suspeito em seu interior, o objeto é encaminhado à autoridade competente para avaliação especializada. Muitas das operações de repressão a ilícitos começam por meio do processo de fiscalização não-invasiva (raio-x) dos Correios. A empresa tem priorizado investimentos em ações preventivas para fortalecer a integridade dos serviços postais", comunicou a estatal.
Canabidiol e uso medicinal
Apesar da venda ilegal descoberta durante as investigações da Polícia Civil, o Canabidiol (CBD), extraído em formato de óleo da Cannabis, popularmente conhecida como Maconha, pode ser usado de forma medicinal.
Em em 2022, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou uma nova normativa, a resolução CFM 2.324, que autoriza a prescrição do canabidiol como terapêutica médica para o tratamento de epilepsias na infância e adolescência – ficando vedado seu uso em adultos. Ele também proíbe a prescrição da maconha in natura para uso medicinal, bem como quaisquer outros derivados, que não o canabidiol.
Apesar da venda ilegal descoberta durante as investigações da Polícia Civil, o Canabidiol (CBD), extraído em formato de óleo da Cannabis, popularmente conhecida como Maconha, pode ser usado de forma medicinal.
Em em 2022, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou uma nova normativa, a resolução CFM 2.324, que autoriza a prescrição do canabidiol como terapêutica médica para o tratamento de epilepsias na infância e adolescência – ficando vedado seu uso em adultos. Ele também proíbe a prescrição da maconha in natura para uso medicinal, bem como quaisquer outros derivados, que não o canabidiol.
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