Policial militar conversa com Susane no McDonald's da Avenida Ataulfo de Paiva, no LeblonPedro Ivo / Agência O Dia
Publicado 25/04/2024 17:31 | Atualizado 25/04/2024 20:59
Rio - Com histórico de calotes, inclusive com ações de despejo, duas mulheres do Rio Grande do Sul estão "morando" em uma lanchonete da rede McDonald's na esquina das ruas Carlos Góis e Ataulfo de Paiva, no Leblon, Zona Sul da cidade, a poucos metros do mar. O bairro tem um dos metros quadrados mais caros do país. O caso foi revelado pela Rádio CBN e confirmado pelo DIA.

As mulheres - mãe e filha - são Susane Paula Muratoni Geremia, de 64 anos, e Bruna Muratori Geremia, de 31. Elas circulam com cinco malas grandes, onde guardam roupas e tudo que lhes pertence, e são vistas diariamente na lanchonete. Moradores afirmam que a dupla está nessa situação desde o Carnaval, há quase três meses. Bruna diz que o período é bem mais curto e se mostra surpresa com a repercussão do caso.
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"A situação é que eu não devo satisfação. Não estou aqui desde o Carnaval. Eu trabalhei depois do Carnaval. Eu conseguiria esclarecer o que está acontecendo, mas não quero. Quem continuar com essas histórias, que são incabíveis, quem continuar investigando vida alheia, vai ter processo criminal e danos na área cível", ressaltou.
O McDonald's abre às 10h e fecha às 5h. Nesse período, elas ficam o tempo todo em uma mesa ao lado da porta e comem os próprios lanches da rede alimentícia. Quando a unidade fecha, entre 5h e 10h, Susane e Bruna dormem na calçada. Elas aguardam as portas abrirem para voltarem à mesa de sempre.

Chama a atenção que elas têm celulares, estão sempre com roupas limpas, carregam as malas e mochilas em bom estado e possuem dinheiro para pagar o que consomem na loja e em outros comércios da região.
Em entrevista, mãe e filha explicaram que moram no Rio de Janeiro há oito anos. A mais velha esclareceu que procura um aluguel no Leblon. Ela afirmou que está visitando apartamentos da região e escolhendo a nova moradia. Até lá, ela prefere não gastar dinheiro e espera a nova casa aparecer.

Após conversar por alguns minutos com Susane, um policial militar disse que a corporação está de mãos atadas, uma vez que as mulheres não aceitam ajuda de moradores ou do Poder Público:
"Como não existe crime, não tem o que fazer como agente da lei. Nosso trabalho é tranquilizar as coisas e não deixar a situação generalizar. Eu, como ser humano, estou orando por elas. O que me preocupa é o bem-estar dela", disse o agente.
Calotes e despejos
Bruna e Suzane já foram despejadas por não pagarem aluguel. Em Porto Alegre, foram ao menos dois casos desse tipo. Em 2017, por exemplo, elas foram condenadas pelo Tribunal de Justiça do estado por calote de quatro meses, entre agosto e novembro. A dívida somou quase R$ 10 mil.

No Rio de Janeiro, os primeiros registros são de 2019. Há ao menos três dívidas nos nomes das duas. Em uma delas, a Justiça condenou ambas e determinou o despejo, por acumularem déficit de R$ 13.252,36. Em outro, a avaliação do juiz foi de que se tratava de um caso hipossuficiência, ou seja, elas não tinham condições financeiras de arcar com as dívidas.
 
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