Último levantamento sobre número de pessoas em situação de rua no Rio foi realizado em 2022Agência Brasil
Publicado 25/04/2024 19:19 | Atualizado 25/04/2024 19:50
Rio - O caso de uma mãe e uma filha que utilizam uma lanchonete da rede McDonald's no Leblon, na Zona Sul, como moradia há três meses, reacende o alerta para o número de pessoas em situação de rua no município. De acordo com o último levantamento, mais de 7 mil indivíduos estão desabrigados.
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Divulgado em abril do ano passado, o Censo de População de Rua 2022, realizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) e pelo Instituto Pereira Passos, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), apontou que a cidade do Rio possui 7.865 pessoas em situação de rua. O número segue sendo considerado o oficial pela SMAS até esta quinta-feira (25).
Segundo o levantamento da época, o perfil majoritário dessa população é masculina (82%), preta ou parda (84%), com ensino fundamental incompleto (64%), e idade média de 31 anos. De acordo com os dados, 6.253 dormiram na rua e 1.612 estavam em instituições de acolhimento, como abrigos e comunidades terapêuticas.
As razões declaradas pelas pessoas entrevistadas para estarem em situação de rua foi a existência de conflitos familiares (43%), seguido de alcoolismo ou uso de outras drogas (22%) e perda de renda (13%). O emprego (41,2%), no entanto, foi apontado como a maior necessidade para deixar as ruas, seguido de moradia (17,5%).
Pessoas que frequentam as ruas para obter renda, mas não pernoitam, foram eliminadas do levantamento. A pesquisa foi realizada entre os dias 21 e 25 de novembro de 2022 e adotou como critério pessoas que dormiram ao menos uma noite em situação de rua na semana, excluindo casos fortuitos.
Família "morando" em lanchonete
Com histórico de não pagar aluguel, inclusive com ações de despejo, duas mulheres do Rio Grande do Sul estão "morando" há quase três meses em uma lanchonete da rede McDonald's na esquina das ruas Carlos Góis e Ataulfo de Paiva, no Leblon, a poucos metros do mar. O bairro tem um dos metros quadrados mais caros do país.
As mulheres - mãe e filha - são Susane Paula Muratoni Geremia, de 64 anos, e Bruna Muratori Geremia, de 31. Elas circulam com cinco malas grandes, onde guardam roupas e tudo que lhes pertence, e são vistas diariamente na lanchonete desde o Carnaval.
O local abre às 10h e fecha às 5h. Nesse período, elas ficam o tempo todo em uma mesa ao lado da porta e comem os próprios lanches da rede alimentícia. Quando a unidade fecha, entre 5h e 10h, Susane e Bruna dormem na calçada. Elas aguardam as portas abrirem para voltarem à mesa de sempre.

Chama a atenção que elas têm celulares, estão sempre com roupas limpas, carregam as malas e mochilas em bom estado e possuem dinheiro para pagar o que consomem na loja e em outros comércios da região. 
Bruna e Suzane respondem e já foram condenadas - tanto no Rio Grande Sul quanto no Rio de Janeiro - por não pagarem aluguel. Em Porto Alegre, foram ao menos dois casos desse tipo. Em 2017, por exemplo, elas foram condenadas pelo Tribunal de Justiça do estado por calote de quatro meses, entre agosto e novembro. A dívida somou quase R$ 10 mil.

No Rio de Janeiro, os primeiros registros são de 2019. Há ao menos três dívidas nos nomes das duas. Em uma delas, a Justiça condenou ambas e determinou o despejo, por acumularem déficit de R$ 13.252,36. Em outro, a avaliação do juiz foi de que se tratava de um caso hipossuficiência, ou seja, elas não tinham condições financeiras de arcar com as dívidas.
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