Publicado 06/05/2024 14:26 | Atualizado 21/05/2024 13:46
Rio - A família do sambista Arlindo Cruz inaugurou um instituto para preservar o rico legado e acervo do músico. No museu do Instituto Arlindo Cruz, serão expostos figurinos, com mais de trezentas batas, instrumentos, troféus, fios de contas e fotografias, além da promoção de atividades educativas sobre música e cultura popular.
PublicidadeEm conversa com O DIA, Babi Cruz, empresária e mulher de Arlindo, explica que a iniciativa surgiu como solução para guardar os numerosos itens da carreira do artista. "O acervo passava por momentos de perigo, por conta da corrosão. Não estavam guardados em um ambiente adequado. (Com o instituto), vamos preservar a obra do Arlindo para as próximas gerações poderem curtir, degustar, conhecer e estudar."
Babi destaca que o local terá oficinas de formação de novos sambistas. "Vamos promover cursos de banjistas no Rio, na quadra do Império Serrano, e em São Paulo, na escola de samba Vila Maria. O ensino será baseado no método da escola de banjo do Arlindo, com os instrumentos personalizados de acordo com o nível do aluno."
A cerimônia simbólica de lançamento aconteceu no último dia 27, no Teatro Rival Petrobras, na Cinelândia. O instituto, no entanto, ainda não tem uma sede fixa. "Vamos pleitear junto ao governo federal um local que possa ser transformado no 'Museu do Samba Arlindo Cruz'", finaliza Babi.
No Rival, o sambista ficou com o show "Pagode do Arlindo" cartaz por 10 anos. "Arlindo foi uma aposta do Rival. Foram dez anos ininterruptos no teatro. O tempo mostrou que o Rival estava certo em apostar nesse grande artista. É o cantor que mais cantou em nosso palco", lembra Angela Leal, diretora do tradicional espaço cultural, que completou 90 anos em março.
Dono de clássicos do samba
Arlindo Domingos da Cruz Filho nasceu em Madureira, na Zona Norte do Rio, em 1958. O pai, Arlindão Cruz, e o irmão mais velho, Acyr, garantiram que a música fizesse parte da vida de Arlindo desde a infância. Aos 7 anos, ele foi presenteado com um cavaquinho.
Ainda adolescente, passou a frequentar a roda de samba do bloco Cacique de Ramos, e lá conheceu Sombrinha, amigo que viria a ser seu parceiro no Fundo de Quintal, grupo em que tocou por 12 anos, até iniciar carreira solo em 1993. Posteriormente, os sambistas formaram dupla, e lançaram seis álbuns juntos, entre 1996 e 2002.
Arlindo Cruz é dono de clássicos como "Meu Lugar"; "O Bem"; "Isso é Felicidade"; "Será que é Amor"; "Sambista Perfeito"; "A Pureza da Flor"; "Ainda é Tempo pra Ser Feliz"; e "Fim da Tristeza". O músico ainda venceu onze disputas de samba-enredo pelo Império Serrano.
Em 2017, o sambista sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico grave. Teve alta após um ano internado, e, desde então, vive sob supervisão médica, totalmente afastado dos palcos.
*Reportagem do estagiário Gabriel Rechenioti, sob supervisão de Raphael Perucci
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