Publicado 09/05/2024 21:59
Rio - O árbitro Feliphe da Cunha Oliveira Cabral da Silva, de 28 anos, morreu na manhã desta quinta-feira (9) ao passar mal durante um teste físico da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), realizado no sábado (4).
PublicidadeAo DIA, um amigo que participou do mesmo exame e que viu o momento em que Feliphe passou mal, disse o que aconteceu no dia.
"Aquecemos juntos, ele estava bem. Começamos a correr e faltando cinco tiros de corrida para acabar o vi caído. Ele ficou ali e não podíamos parar. Veio a ambulância, mas ele só foi retirado após o fim do teste, cerca de quatro minutos depois de cair. Ninguém chegou nele com o teste rolando. Depois que finalizou, o colocaram em uma cadeira de rodas e foi o momento que ele desmaiou e foi retirado da pista", disse.
O homem explicou ainda que todos sabiam que Feliphe estava mal dentro da ambulância. No entanto, ela não foi conduzida ao hospital.
"Somente vinte minutos depois que o diretor de arbitragem apareceu, nervoso. Sem a ambulância, o teste teria que ser paralisado. Acredito que eles queriam que a situação do Feliphe fosse resolvida ali para que continuasse [o teste]. Mas as funcionárias da Vila Olímpica [onde foi realizado o exame] chegaram gritando com ele, dizendo "ele tem que sair daqui". Foi a hora que ele se tocou", relatou.
Ainda segundo o amigo de Feliphe, o diretor nem sequer sabia quem havia passado mal.
"Imagina um diretor não saber quem está dentro da ambulância. Quando ele soube quem era, que tem oito anos de casa, ele começou a perguntar se ele estava com alguém. Como não estava, o diretor entrou na ambulância e então saíram". Feliphe foi levado ao hospital quase 30 minutos depois de começar a passar mal.
Ele disse ainda que em fevereiro ambos já tinham feito o exame, mas foram reprovados, já que não conseguiram completar as provas por causa do calor. "São 40 tiros de corrida de 75 metros em 15 segundos. Temos um descanso de 20 segundos entre cada tiro, ou seja, 23 minutos no total", explicou sobre a dinâmica do teste.
Procurado pelo DIA, o Departamento de Arbitragem do Futebol do Rio de Janeiro (Deaf-RJ), que é parte da Ferj, emitiu uma nota oficial (leia abaixo) informou não saber a respeito da demora da saída da ambulância. Questionado sobre uma mudança de horário de treinamento por causa do calor, uma vez que o aquecimento começa às 8h, o Deaf não se posicionou.
Feliphe era formado em Educação Física e foi nadador profissional. Ele nadou pelo Vasco e pelo Botafogo, além de integrar a seleção carioca. Ingressou no curso da Eaferj em 2014 e fazia parte do quadro da Ferj desde 2015. Foi promovido aos profissionais em janeiro de 2018 e participou de diversos jogos, semifinais e finais tanto nas categorias de base, quanto nos profissionais.
Procurada pelo DIA, a família de Feliphe não teve condições emocionais para falar sobre o caso. O árbitro será velado e enterrado nesta sexta-feira (10), no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, na Zona Portuária. O velório acontece às 13h e o sepultamento, às 16h.
Confira na íntegra a nota do Departamento de Arbitragem do Futebol do Rio de Janeiro (Deaf-RJ):
"O Departamento de Arbitragem do Futebol do Rio de Janeiro (Deaf-RJ) lamenta profundamente o falecimento do árbitro Feliphe da Cunha da Silva, após cinco dias de internação em uma unidade hospitalar Estadual, motivada por um mal súbito durante a realização dos testes físicos de rotina, ao que estava acostumado e dos quais participaram outros 44 árbitros e assistentes, todos devidamente liberados por autorização e atestado médico para a prática de atividades físicas.
Prontamente atendido por UTI móvel, presente no local dos testes, foi imediatamente levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais próxima, onde foi imediatamente recebido, medicado e transferido na noite do mesmo dia (sábado, 4 de maio) para o Hospital Estadual Dr. Ricardo Cruz, em Nova Iguaçu, seguindo os protocolos médicos e administrativos regulamentares, em condição clínica estável e lúcido (sic), acompanhado de perto por membro do DEAF-RJ durante todo o tempo.
O Departamento de Arbitragem está consternado com o falecimento de um dos seus membros, que, apesar dos seus poucos 30 anos, dos quais praticamente 9 dedicados a arbitragem, sempre demonstrou princípios éticos elevados, postura exemplar, dedicação profissional e os cuidados de saúde exigidos ao desempenho da função.
A Federação de Futebol do Rio de Janeiro decretou luto oficial e se solidariza, nesse momento de profunda dor, com familiares e amigos diante de tamanha e irreparável perda."
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