Publicado 27/05/2024 00:00
Com a proximidade das festas juninas, aumenta a quantidade de balões nos céus da cidade. O artefato que sobe gigante no ar pode parecer bonito à primeira vista, mas representa uma ameaça real de incêndios, mortes e riscos ao tráfego aéreo e terrestre. Após a soltura, não há controle algum do objeto.
PublicidadeO Comando de Polícia Ambiental tem observado um novo modus operandi no crime de soltura de balões. Segundo dados do Serviço de Inteligência, grupos de pessoas baloeiras passaram a utilizar comunidades em áreas difíceis para a atuação policial para lançar o balão ao céu. Segundo a tenente da CPAM Lívia Cordeiro, eles encontram segurança nas milícias.
A estrutura do balão é feita com material leve, como papel ou nylon. Para que suba e voe, é preciso utilizar fogo. Quando a estrutura do balão queima, ele desce pegando fogo, sem distinguir floresta, mata, casa, indústria, aeroporto... Por isso, os balões são proibidos. A Lei de Crimes Ambientais 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, descreve como crime as condutas de fabricar, vender, transportar ou soltar balões de qualquer tamanho que possam causar incêndios. O objetivo é proteger as florestas e vegetações, e evitar riscos para a vida humana, dos animais e plantas. A pena prevista é de 1 a 3 anos de detenção e multa.
Para coibir a prática, a Polícia Militar do Estado do Rio (Pmerj) atua com o Comando de Polícia Ambiental (CPAM), que realiza operações semanais em todo o estado, por meio das oito Unidades de Polícia Ambiental (Upam). Só em 2024, 23 balões foram apreendidos em condições de soltura (poderiam ser colocados no ar novamente), e 17 pessoas conduzidas para a delegacia.
"Uma realidade que nos deparamos com frequência é que balão é uma expressão cultural, uma arte que não traz perigos, o que não é verdade", diz a tenente Lívia Cordeiro.
As operações contam com equipes em terra, apoio aéreo do Grupamento Aeromóvel da Polícia Militar (GAM), e apoio marítimo por meio de embarcação da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seas), além de adesão do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
Funcionam assim: com bases em informações do Linha Verde (canal exclusivo do Disque Denúncia para delatar crimes ambientais) e do serviço de inteligência do Comando de Polícia Ambiental, as operações são montadas e as equipes direcionadas para locais específicos. As que estão em terra vão para pontos exclusivos, incluindo local de soltura e fabricação, e atuam no acompanhamento do balão depois de solto, para impedir que seja recuperado por grupos criminosos, que podem colocá-lo de novo no ar ou mesmo revendê-lo. Os helicópteros auxiliam na verificação de locais de soltura e apoiam as equipes em terra quanto à localização dos balões no ar.
A embarcação fica a postos na Baía de Guanabara, local de grande incidência de balões vindos de municípios que a margeiam, como São Gonçalo e Magé, na Região Metropolitana, e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Os balões são conduzidos pela corrente de ar para a baía, onde são capturados. A situação representa perigo até mesmo para o Aeroporto Santos Dumont, que fica na região, promovendo risco ao tráfego aéreo e à integridade das pessoas. Quando um balão cai em uma pista de voo, as operações de pouso e de decolagem são imediatamente suspensas. Em todos os casos, os envolvidos são conduzidos em flagrante para a delegacia.
Denúncias previnem acidentes
Pelo número 0300.253 1177, do canal Linha Verde, do Disque Denúncia, toda a população do estado do Rio pode denunciar crimes ambientais, incluindo locais de confecção, soltura e comercialização de balões, grupos de baloeiros e locais de armazenamento de produtos para fabricação dos balões. Todas as denúncias têm o anonimato garantido.
Em abril, o programa lançou a 26ª edição da campanha sazonal 'Disque Balão', que acontece anualmente de abril a setembro, com o intuito de conscientizar a população sobre esses perigos da atividade baloeira e incentivá-las a denunciar.
No ano de 2023, o Linha Verde cadastrou 116 denúncias envolvendo baloeiros, locais de comercialização, fabricação ou soltura de balões, 68% a mais do que no ano de 2022. Com auxílio dessas denúncias, o Comando de Polícia Ambiental e a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente apreenderam 315 balões, além de buchas, lanternas, bocas de balão e fogos de artifício.
A denúncia é importante para permitir que a polícia identifique mais rapidamente os locais de armazenamento, fabricação e soltura de balões.
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