Publicado 26/05/2024 00:00
Sequinha, crocante, macia e saborosa, a batata frita é um dos petiscos mais amados por pessoas de todas as idades. No dia 30 de maio, celebra-se o Dia Mundial da Batata Frita, e em Marechal Hermes, na Zona Norte do Rio, há um motivo especial para comemorar. Há mais de 30 anos, Ademar de Barros Moreira vende as famosas batatas em uma barraquinha perto da estação de trem do bairro. O local, conhecido como a Batata de Marechal, atrai diariamente centenas de pessoas.
PublicidadeMas o negócio de Ademar é muito mais do que um simples ponto de venda de batata frita. Em 2022, foi reconhecida como Patrimônio Cultural Material do Estado do Rio de Janeiro. Com porções generosas e opções variadas que incluem bacon, calabresa e frango à passarinho, a Batata tornou-se uma referência do subúrbio carioca e, assim, Ademar vende quase 1 tonelada de batatas diariamente para clientes fiéis.
O comerciante teve a ideia despretensiosamente ao preparar batatas fritas para seu próprio consumo, aproveitando o estoque de óleo utilizado na venda de pipoca, com que trabalhava anteriormente. O sucesso imediato entre os amigos o motivou a seguir no negócio, que foi crescendo ao longo dos anos.
Ele enfatiza que, para garantir a qualidade do produto, é preciso saber escolher a batata e também usar sempre óleo novo: "A batata tem que ser boa, não é qualquer batata que frita, né?". Ele conta que a clientela está disposta a esperar horas na fila, confiando na qualidade do que estão prestes a consumir: "As pessoas ficam na fila duas, três horas, mas não reclamam. Porque sabem que é coisa boa, né? Mesmo sabendo que demora a preparar e fritar", disse.
Ademar enfrentou diversos desafios, especialmente em tempos em que havia mais restrições para comerciantes de rua. No entanto, ele conseguiu uma licença, permitindo-lhe trabalhar com mais segurança e regularidade: "Naquela época não podia colocar muita barraca na rua. Mas agora não tem esse problema. Os anos foram passando, conseguimos a licença para trabalhar aqui”, explicou o comerciante.
Fabiana Dias trabalha há 12 anos na barraca. Todos os dias, ela chega às 15h para começar a preparar a batata, picar os frangos que acompanham o petisco, e trabalha madrugada adentro, mas com muita alegria e petiscando uma batata aqui e outra ali: "Além de trabalhar, eu como batata toda hora", brincou.
"Eu acho que as pessoas são atraídas por ele, todo mundo vem atrás dele, querem ser atendidas por ele. Ele conversa com todo mundo, o pessoal pede muitas coisas, ele tem paciência de responder, mesmo tendo outras pessoas atrás, ele tem a paciência de atender", explicou Fabiana.
"Eu acho que as pessoas são atraídas por ele, todo mundo vem atrás dele, querem ser atendidas por ele. Ele conversa com todo mundo, o pessoal pede muitas coisas, ele tem paciência de responder, mesmo tendo outras pessoas atrás, ele tem a paciência de atender", explicou Fabiana.
Ademar nunca esperou alcançar tanto sucesso, mas o reconhecimento cresceu com o tempo, atraindo clientes de várias partes do mundo: "Eu não esperava o sucesso todo, mas a gente nunca espera. Vai acontecendo e você vai aumentando, vai gostando. Tem gente que vem de muitos lugares, vem de longe. Na França, Inglaterra, Estados Unidos, China, Japão já conhecem a Batata de Marechal. Batata é quase igual comer arroz e feijão. Se você passar uma semana sem comer, você sente falta", enfatizou o comerciante.
A quantidade e a qualidade são os principais atrativos para seus clientes, que frequentemente pedem grandes porções, muitas vezes para compartilhar ou levar para casa: "O que faz mais sucesso é a quantidade e a qualidade, porque aquele cliente que pede uma batata de 40 reais ou 50 reais, sempre tem uma pessoa que quer levar para casa. Eu fui colocando mais e ditando o preço. E às vezes tem pessoas que pedem de 50, mas não conseguem comer tudo, mas sempre pedem", disse.
O casal Louise Madureira, 24 anos, e Jeferson Alexandre Alencar, 23, conheceram a batata através de um vídeo na internet e decidiram experimentar. Jeferson é de Fortaleza e foi até o local convidado pela noiva: "A batata é exagerada pra caraca, mas é gostosa. Está valendo a pena", disse o jovem.
"Pelo preço vale a pena. É muito gostosa. É muito diferente da batata de fast food, cara. A qualidade do fast food é melhor, porque é industrializado, né. Mas essa tem muita coisa, tem bacon, tem calabresa. Mas essa aqui agrega valor às coisas que vão junto na batata e à tradição daqui do lugar também. É diferente e isso também agrega valor à experiência de comer batata aqui", complementou Louise.
Já Clemência Maria da Silva estava comemorando o aniversário de 61 anos passeando junto com o marido Bebeto. Eles saíram de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, para experimentar a famosa batata.
"Eu já queria conhecer porque ouço muito falar da batata do Marechal. A gente ia sair para ir até o shopping e dar uma volta. Mas, já que saímos com esse intuito, aproveitamos para conhecer a batata. Achei maravilhosa, sequinha, bem temperada, vale a pena. Íamos pegar uma porção maior, mas vimos que vem bastante e é bem servida. Somos fãs de batata frita, gostamos de comer sempre", enfatizou a aniversariante.
"Eu já queria conhecer porque ouço muito falar da batata do Marechal. A gente ia sair para ir até o shopping e dar uma volta. Mas, já que saímos com esse intuito, aproveitamos para conhecer a batata. Achei maravilhosa, sequinha, bem temperada, vale a pena. Íamos pegar uma porção maior, mas vimos que vem bastante e é bem servida. Somos fãs de batata frita, gostamos de comer sempre", enfatizou a aniversariante.
Os amigos Israel Moura, de 18 anos, Gabriel Cabral, de 19, e João Vitor Freire, de 19, costumam sempre frequentar a barraca após o futebol: "A batata é boa! A gente vem sempre para cá. Achamos que vale a pena pela quantidade e o preço. Então, quando estamos pela área, sempre passamos aqui para comer", disse Gabriel.
Por conta da fritura, consumo deve ser moderado
A batata é um alimento amplamente consumido, por conta da sua facilidade de plantação e colheita, além de estar disponível ao longo do ano todo. Segundo a nutricionista Geisa Santos, a batata possui diversos nutrientes benéficos, como fósforo, ferro, potássio e cálcio, que contribuem para a força muscular e óssea. No entanto, esses benefícios são reduzidos quando o alimento é preparado na forma frita, pois "fritura em óleo tem zero valor nutricional, pois o óleo não é uma gordura saudável e você precisa de uma grande quantidade de gordura (imersão) para poder preparar", pontua.
"A popularidade da batata frita é explicada pela combinação de carboidratos e gorduras, que ativa no cérebro a sensação de prazer, por isso, as pessoas gostam bastante de consumir, principalmente em momentos de happy hour, reunião de família, confraternizações", explica Geisa.
Contudo, Geisa ressalta a importância da moderação. "O consumo exagerado pode ocasionar diversos problemas de saúde como: diabetes, pressão alta, obesidade, gerar transtornos de ansiedade e depressão, por conta da grande quantidade de gorduras, sódio e carboidratos presentes", alerta a nutricionista.
Para manter os benefícios nutricionais da batata, a nutricionista sugere alternativas mais saudáveis de preparo, como o uso da air fryer ou do forno, desde que sejam utilizadas batatas frescas e não as pré-fritas congeladas.
"Fazer em air fryer, muito presente nas casas e rotina, pode até ser bom, mas exige alguns cuidados, não adianta pegar a batata frita congelada e colocar lá pra fazer, pois essa batata já foi pré-frita. Agora, fazer no método tradicional, com a própria batata, descascar e fazer todo esse processo, aí sim, fica bom para consumo. E no forno é a mesma situação", finaliza Geisa.
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