Bairro está há mais de um mês sem abastecimento de águaGoogle Street View
Publicado 10/06/2024 17:16
Rio - Há mais de um mês sem água, moradores da Rua Eliseu Visconti, em Santa Teresa, na Região Central do Rio, continuam sofrendo com a falta de abastecimento. Nesta segunda-feira (10), o problema no fornecimento, que começou no dia 5 de maio, completa 36 dias.
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A falta d'água na região começou devido a reparos realizados em uma adutora do Sistema Ribeirão das Lajes, na comunidade do Muquiço, em Guadalupe, na Zona Norte, que rompeu no dia 2 de maio. Por conta disso, a distribuição de água ficou afetada nas regiões do Centro e pontos da Zona Norte.
Morador do bairro há 44 anos, o tradutor e artista plástico Reinaldo Guarany, 78 anos, relatou que já há alguns anos a pressão da água vem caindo e, desde o início de maio, não tem uma gota d'água em sua casa. Em entrevista a O DIA, ele contou que vai até a casa de um amigo para poder tomar banho. 
"É uma situação angustiante. Para abastecer a minha caixa d'água eu vou até a comunidade do Fallet, que fica próximo da minha casa, e encho umas 40 garrafas em uma bica que tem lá. Estou usando essa água para lavar rosto e escovar os dentes. Às vezes eu tomo um banho de cuia com ela também. Para evitar desperdício, eu uso uma garrafa pet com um furo na tampa para escovar os dentes", desabafou Reinaldo.
Segundo o idoso, as residências do lado ímpar da Rua Eliseu Visconti estão com o fornecimento normal, porém, as residências do lado par ainda estão sem água. No dia 20 de maio, agentes da Águas do Rio foram ao local para tratar do problema. Entretanto, a questão ainda não foi solucionada.
"Pra mim, eles não sabem qual é o problema e estão batendo cabeça. Eles já mexeram nos registros, ficaram uns 2 ou 3 dias trabalhando e nada foi resolvido. Depois falaram para a gente que o problema era em um cano maior no reservatório, que tinha que ser feito um reparo. Ficaram 2 ou 3 dias trabalhando, falaram pra gente a água iria voltar em 48h e nada", completou.
O caseiro Raimundo Nonato Pereira, 45, reclamou da situação vivida por ele e pelos moradores da região. Ele diz que na casa onde ele trabalha, ele e os moradores contam com a ajuda de uma vizinha, que recebe água, para que consigam tomar banho.
"A pressão dessa água aqui na Rua Eliseu Visconti, mais especificamente do número 366 até o 413 sempre foi péssima. Mas agora piorou muito, ao ponto de estarmos 36 dias sem entrar uma gota d'água no hidrômetro", disse.
A engenheira civil Sandra Fonseca, 70, também lamentou a situação. No dia 27 de maio, a Águas do Rio mandou um caminhão pipa para encher a caixa d'água de Sandra, após ela ter feito uma reclamação junto a concessionária. Desde então, a engenheira precisa racionar água.  
"Nem regar minhas plantas eu posso, elas estão morrendo, mas eu não posso gastar água. Todo domingo eu gosto de reunir a família na minha casa e tem um mês que eu não faço isso, que não vejo meus filhos. No sábado eu vou fazer aniversário e adoraria receber minha família para comemorar, mas pelo andar da carruagem, não será possível", lamentou.
O desenvolvedor de sistemas Felipe Cascardo, de 54 anos, é síndico de um prédio na rua e contou que vem percebendo o enfraquecimento da pressão da água nos últimos anos. Ele, assim como os vizinhos, tem recorrido a caminhões-pipa para o abastecimento.
"Estávamos usando água da cisterna, praticamente todo dia ligávamos a bomba e botávamos água nas duas caixas d'água do prédio. Só que isso alimenta as colunas internas do prédio, como banheiro e cozinha. Eu, por exemplo, compartilho uma lavanderia com uma vizinha na parte de fora do prédio. No momento que não entra água, não tem essa lavanderia. Por conta do consumo das cinco famílias, nós tivemos que comprar pipas. Cada pipa de 10 mil litros custou R$ 700, então gastamos R$ 2.100 por 30 mil litros. Já a nossa conta de água para usar 75 mil litros custa R$ 815", explicou.
Felipe acredita que o problema pode ter se intensificado por conta do crescimento de comunidades que também passaram a usar a água do reservatório do Largo do França. Outra hipótese estabelecida por ele é que os tubos responsáveis pelo abastecimento tem sofrido com deterioração e entupimento. Ainda de acordo com o síndico, funcionários da Águas do Rio contaram a ele que estão realizando a troca de um dos canos para tentar resolver a questão.
Procurada, a Águas do Rio informou que uma equipe foi enviada a Rua Eliseu Visconti e que iniciaram os reparos na rede de água que abastece as residências. Segundo a concessionária, o fornecimento de será normalizado gradativamente após a conclusão do serviço, que é complexo.
*Reportagem do estagiário João Pedro Bellizzi, sob supervisão de Larissa Amaral
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