Asfalto da Avenida General San Martín está passando por recapeamentoPedro Teixeira / Agência O Dia
Publicado 14/06/2024 12:51 | Atualizado 17/06/2024 09:47
Rio - Moradores da Zona Sul do Rio relatam que estão perdendo o sono com obras fora do horário permitido. As denúncias partem de localidades diferentes do Leblon, Copacabana, Ipanema, Botafogo e Humaitá, com relatos de uso de britadeiras, caminhões, máquinas de rolamento e gritos entre os funcionários. Algumas das obras estariam sendo feitas até mesmo durante a madrugada.
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A professora de educação física Ana Manhães, de 40 anos, relatou sobre uma obra no asfalto do Leblon, na Avenida General San Martín, 240, esquina com a Rua Almirante Guilhem. Segundo ela, os trabalhos teriam começado no início da madrugada desta quinta-feira (13), por volta de 1h.


"Começou um barulho de britadeira absurdo e, logo depois, chegaram vários caminhões e máquinas, atrapalhando o sono da minha avó, que é uma senhora, e o meu. Tinha uma reunião importante de trabalho, não dormi, porque a obra rolou até umas 3h, 4h. Um verdadeiro absurdo, o barulho ultrapassa qualquer limite", reclama Ana.

As imagens enviadas pela professora de educação física mostram os funcionários da obra posicionados na esquina das ruas, perfurando o asfalto com uma britadeira. O DIA esteve no local e encontrou uma sinalização do Asfalto Liso, da Secretaria Municipal de Conservação (Seconserva). No entanto, a pasta informou que os reparos do programa ainda não começaram.
As obras foram realizadas pela Light e, de acordo com a prefeitura, aconteceram das 21h às 6h para minimizar o impacto no trânsito. Em nota, a concessionária afirmou foi necessário realizar uma obra emergencial no local para não afetar o fornecimento de energia na região em função de um defeito em um cabo subterrâneo.
Uma intervenção no asfalto da Avenida Atlântica, em Copacabana, em frente ao posto 2 da praia, entre a Praça do Lido e a Rua Prado Júnior, também tem gerado queixas. A advogada Shaiane Umpierre, de 31 anos, que mora no local, contou que está tendo dificuldades para descansar.

"Por alguns dias, foi difícil dormir ou até mesmo ver televisão se não fosse com volume alto, por conta do barulho. Era som de britadeira, batidas, aquelas máquinas de rolamento, fora as gritarias entre os funcionários", detalha Shaiane. "Tenho uma bebê que acabou de fazer 2 anos, com sono leve. Além disso, trabalho home office, e preciso estar acordada e bem pela manhã para conseguir produzir."
Na plataforma do 1746, a central de atendimento da prefeitura do Rio, é constatado que não há lei municipal que determine horário de início ou término para a execução de obras, no entanto, o órgão informa que, "para uso de equipamentos pesados, como bate-estacas e britadeiras, o horário permitido é das 10h às 17h, em dias úteis."
Em nota, a subprefeitura da Zona Sul declarou que "algumas obras de melhorias nas vias públicas acontecem durante a noite para não impactar o trânsito. Ressaltamos que as empresas responsáveis pela execução dos serviços são orientadas pela prefeitura a fazer o mínimo barulho possível, para mitigar os impactos com a vizinhança. Para fazer qualquer reclamação ou solicitar serviços à prefeitura, o cidadão deve acionar a Central 1746 em todos os seus canais", finaliza.
Obras privadas
Em Ipanema, Carlos Jorge, engenheiro elétrico de 53 anos, denunciou uma obra em um restaurante na Rua Joana Angélica, 155. Ele mora em frente ao estabelecimento. "O restaurante ToTo inaugurou em dezembro de 2023, e, desde então, eles têm feito obras recorrentes na madrugada. A primeira vez foi no dia 28 do mesmo mês, quando ficaram quebrando a calçada com britadeira às 1h", relata.

O engenheiro conta que, neste dia, acionou a Polícia Militar, o que resolveu o problema por um tempo, até o dia 4 de junho. "Desta vez, às 00h30, eles ficaram lixando o deck de madeira com máquinas, um barulho insuportável, e chamamos a PM de novo", lembra. "Na quarta-feira (12) e na quinta (13), às 6h30, eles ficaram consertando as pedras da calçada, não tem respeito com a vizinhança. Tenho quatro filhos, sendo três crianças, e isso tem tirado o sono de todos", contesta.

Carlos publica a recorrência de obras fora do horário em uma de suas redes sociais, marcando os órgãos da prefeitura. A reportagem tenta contato com o ToTo para se pronunciar em relação às denúncias. O espaço segue aberto.

Já em Botafogo, moradores têm reclamado de uma obra na Rua Voluntários da Pátria, 207, esquina com a Rua Dona Mariana, onde é localizada uma agência do Itaú. "A obra com britadeira acontece até altas horas, de domingo a domingo. Meu filho, que é recém-nascido, não consegue dormir. Um absurdo", reclama Thiago Fernandes, de 45 anos.
Em nota, o Itaú pediu desculpas pelo transtorno e informou que "adotou medidas assim que teve conhecimento das preocupações dos moradores", e que as atividades passarão a ser suspensas às 20h durante o período da reforma.
Atividades fora do horário em um condomínio em construção, na Rua do Humaitá, 52, no Humaitá, também foram denunciadas.

A subprefeitura da Zona Sul informou que a prefeitura recebeu o chamado na central 1746 sobre a obra na Voluntários da Pátria, 207, em Botafogo, no entanto, declarou que "não foi possível atender porque o solicitante não forneceu todas as informações necessárias para a efetivação da fiscalização."
A lei municipal nº 6179/2017, que tem objetivo de combater a poluição sonora na cidade, prevê uma multa de R$ 500 a R$ 5000 às pessoas que infringirem as regras. O decreto destaca, ainda, que "bares, restaurantes e estabelecimentos privados poderão sofrer interdição parcial ou total, além de ter o alvará de funcionamento cassado."
*Reportagem do estagiário Gabriel Rechenioti, sob supervisão de Iuri Corsini.
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