Publicado 19/06/2024 18:48 | Atualizado 19/06/2024 19:54
Rio - Equipes do Ministério Público Federal (MPF) realizaram, na última segunda-feira (17), uma visita técnica ao prédio da antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), no Centro do Rio. A análise do imóvel faz parte de um inquérito que avalia a criação de centro de memória e de direitos humanos no espaço.
PublicidadeSegundo o órgão, essa foi a primeira avaliação presencial feita após a abertura de processo em março deste ano pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) do MPF no Rio de Janeiro. Os visitantes percorreram todos os andares do prédio histórico, que foi construído em 1910. No local, foram observadas as condições estruturais e a possibilidade de uma restauração.
Um dos integrantes do grupo que esteve no local, o procurador da República responsável pelo inquérito, Julio José Araujo Junior, disse que a visita fortaleceu a discussão sobre a destinação do prédio. "A participação dos representantes da Polícia Civil e dos grupos que representam vítimas de violações cometidas pelo Estado brasileiro enriquece a discussão e nos oferece caminhos para a valorização de memórias neste espaço", afirmou.
De acordo com o MPF, o local ainda mantém elementos de memória preservados como as carceragens masculina e feminina, armários, escaninhos, documentos da época, além de uma sala com revestimento acústico, onde podem ter ocorrido torturas. Todos esses locais foram visitados.
Em avaliação, fiscais do órgão federal constataram a situação do prédio que vem sendo impactado pela ação do tempo. Os agentes identificaram também que uma obra em prédio vizinho agravou a condição estrutural do imóvel e que há reparos pendentes estabelecidos em processo judicial.
Participaram da visita técnica representantes do Coletivo RJ Memória Verdade Justiça e Reparação, que solicitou a criação do espaço, da Secretaria de Estado de Polícia Civil, Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). Membros de ONGs como o Grupo Tortura Nunca Mais RJ, Comunidade de Terreiro Casa do Perdão e Comunidade Kubata Makua Ixi também estiveram no local.
Sede da Polícia Central
O prédio que abrigava a sede do órgão de repressão política fica na esquina da Rua da Relação com a Rua dos Inválidos. Construído em 1910 e assinado pelo arquiteto Heitor de Mello, o edifício abrigou inicialmente a sede da Polícia Central do Rio de Janeiro.
Em 1987, a construção foi declarado patrimônio cultural pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), mas desde então sofre com o abandono. Já em 2013, a fachada do edifício chegou a passar por uma reforma. Desde então, parte da estrutura do prédio abriga a sede do Museu da Polícia Civil.
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