Biblioteca Maria Firmina dos Reis fica no prédio da prefeitura, na Cidade NovaDivulgação / Prefeitura do Rio
Publicado 29/06/2024 08:42 | Atualizado 29/06/2024 08:49
Rio - Considerada a primeira mulher romancista brasileira, a maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917) dá nome à nova biblioteca inaugurada nesta sexta-feira (28), na sede da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova. No local estão reunidos cerca de 2,5 mil títulos literários, disponíveis para empréstimo. O mais novo equipamento oferece ainda internet e programação cultural.
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"A crueldade do racismo que existe nesse país é um projeto que infelizmente deu certo. Maria Firmina sofreu esse processo de apagamento de modo que nós não temos nem uma foto dela. Muitas pessoas não sabem que Maria Firmina era uma mulher negra, filha de uma mãe branca de um pai negro. Então, dentro desse contexto também que o prefeito Eduardo Paes sempre fala, me permito aqui como homem branco militar na luta antirracista. Nós precisamos ficar atentos a isso. Por isso nós fizemos questão de colocar a imagem da Maria Filina aqui para que todos possam ver", comentou o secretário municipal de Cultura, Marcelo Calero.
A biblioteca, que funcionará de segunda a sexta, das 9h às 17h, fica na Rua Afonso Cavalcanti 455, térreo, na sede da prefeitura.
Trajetória
Pioneira na crítica antiescravista da literatura nacional, Maria Firmina dos Reis lançou "Úrsula" em 1859, com um feito impensável: um instrumento de crítica à escravidão por meio da humanização de personagens escravizados. A homenageada também foi a primeira mulher aprovada em um concurso público no Maranhão para ser professora de escola pública.
O contato de Firmina com a literatura começou em 1830, quando mudou-se para a casa de uma tia rica, na vila de São José de Guimarães. Aos poucos, a jovem travou contato com referências culturais e com outros parentes ligados ao meio, como Sotero dos Reis, um popular gramático da época. Foi daí, e do autodidatismo, que veio o gosto pelas letras.

Esquecida por décadas, sua obra só foi recuperada em 1962 pelo historiador paraibano Horácio de Almeida em um sebo no Rio. Ainda hoje, seu rosto continua desconhecido. Se naquela época era praticamente impossível para uma mulher expor sua opinião contra a escravidão, imagine para uma mulher negra.

Foi a estabilidade e o respeito alcançados como professora que abriram espaço para o lançamento de "Úrsula", no qual enfim publicaria seu ponto de vista sobre o tema. O primeiro livro brasileiro a se posicionar contra a escravidão e a partir do ponto de vista dos escravizados – antes mesmo de "Navio negreiro", de Castro Alves (1880), e “A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães (1875).


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