Publicado 01/07/2024 00:00
A Inteligência Artificial (IA) já é uma realidade que promove a eficiência dos serviços em diversas áreas do cotidiano, como na indicação da melhor rota de trânsito, escolha de pacotes de viagem mais baratos e atendimento ao cliente. Agora, essa tecnologia revolucionária está chegando com força à área da saúde. Com o potencial de transformar diagnósticos, tratamentos e gestão de cuidados, a IA, capaz de criar novos conteúdos a partir da análise de grandes volumes de dados, está sendo adotada em hospitais, clínicas e laboratórios prometendo avanços significativos para a ciência e a humanidade.
PublicidadeOs benefícios e vantagens do uso da IA na saúde incluem diagnósticos mais precisos, triagem eficiente de pacientes, personalização de tratamentos, otimização das operações hospitalares, redução de erros médicos e melhorias na pesquisa médica. O uso dessa tecnologia impacta diretamente os cuidados de saúde e qualidade no atendimento às pessoas.
Para a pesquisadora em saúde da UFRJ e especialista em gestão de saúde Chrystina Barros, a inteligência artificial é uma grande ferramenta para profissionais de saúde implantarem os planos de cuidados com base em conteúdos sólidos da história de saúde de uma pessoa, de uma comunidade, de uma família.
Segundo ela, a IA pode organizar o histórico de uma pessoa, identificar tendências que permitam a prevenção de doenças, promover diagnósticos precoces e ações mais efetivas, e personalizar tratamentos. “Quando a gente fala dessa inteligência artificial, a gente está falando, por exemplo, que se uma pessoa ao longo da vida tem exames laboratoriais, tem exames diagnósticos, tem todo o seu histórico de informações disponível para essa inteligência artificial, é possível que se organize ali, por exemplo, todo um histórico de tendências que apontem até para prevenção de doenças, diagnóstico precoce, ações que possam ser mais efetivas para aquela pessoa, personalização de tratamentos. Então, o grande papel hoje da inteligência artificial na saúde, do ponto de vista clínico, é melhorar a análise de dados, de volumes não só da pessoa, mas também da população, para que a gente possa trabalhar melhor a prevenção, o cuidado personalizado e para que os profissionais possam usar a sua inteligência, a sua empatia, a sua interação com a pessoa e fazer valer melhor aquele conteúdo científico, aquele conteúdo que sai de uma base de dados para uma base de cuidados”, explica.
Chrystina também ressalta os benefícios econômicos da IA, como a redução de custos e a melhoria dos resultados assistenciais, tanto individuais quanto populacionais. No entanto, ela adverte que, se a IA for vista apenas como uma ferramenta de produtividade e volume, pode haver um impacto negativo na saúde mental e emocional das pessoas.
“A inteligência artificial não contempla todas as dimensões da inteligência humana, afetiva, que só existe na interação entre pessoas. Então, há de se ter cuidado, e por isso, inclusive, que a própria Organização Mundial da Saúde tem grupos estudando as limitações éticas e o uso ético da inteligência artificial para o cuidado em saúde, não só do indivíduo, mas principalmente da população”, salienta.
O maior impacto da tecnologia, de acordo com a pesquisadora, é substituir atividades burocráticas, como assinatura digital, reconhecimento facial e ditado, que traz facilidade e agiliza o trabalho, mas também exige que a força de trabalho seja qualificada para usar essas tecnologias de forma a melhorar o cuidado. "Algumas posições de emprego podem até deixar de existir, se a gente pensar naquelas funções mais elementares, por exemplo, dentro do sistema de saúde, da parte burocrática, do controle de guias, faturas, isso acontece tanto no público quanto no privado. Mas se a gente pensa no cuidado essencialmente, sempre vai existir tecnologia que pode dar maior suporte, mas nada pode substituir o olho no olho, o contato manual, o calor humano, a empatia. E essas são dimensões da inteligência que só a humanidade tem”, salienta.
Ela ainda destaca que é crucial que os profissionais se apropriem das novas tecnologias e saibam usá-las corretamente para evitar maus usos, como a automedicação excessiva, e garantir que o cuidado com a saúde seja sempre humanizado.
Uso da inteligência artificial não deve substituir o fator humano
Segundo ela, a IA pode organizar o histórico de uma pessoa, identificar tendências que permitam a prevenção de doenças, promover diagnósticos precoces e ações mais efetivas, e personalizar tratamentos. “Quando a gente fala dessa inteligência artificial, a gente está falando, por exemplo, que se uma pessoa ao longo da vida tem exames laboratoriais, tem exames diagnósticos, tem todo o seu histórico de informações disponível para essa inteligência artificial, é possível que se organize ali, por exemplo, todo um histórico de tendências que apontem até para prevenção de doenças, diagnóstico precoce, ações que possam ser mais efetivas para aquela pessoa, personalização de tratamentos. Então, o grande papel hoje da inteligência artificial na saúde, do ponto de vista clínico, é melhorar a análise de dados, de volumes não só da pessoa, mas também da população, para que a gente possa trabalhar melhor a prevenção, o cuidado personalizado e para que os profissionais possam usar a sua inteligência, a sua empatia, a sua interação com a pessoa e fazer valer melhor aquele conteúdo científico, aquele conteúdo que sai de uma base de dados para uma base de cuidados”, explica.
Chrystina também ressalta os benefícios econômicos da IA, como a redução de custos e a melhoria dos resultados assistenciais, tanto individuais quanto populacionais. No entanto, ela adverte que, se a IA for vista apenas como uma ferramenta de produtividade e volume, pode haver um impacto negativo na saúde mental e emocional das pessoas.
“A inteligência artificial não contempla todas as dimensões da inteligência humana, afetiva, que só existe na interação entre pessoas. Então, há de se ter cuidado, e por isso, inclusive, que a própria Organização Mundial da Saúde tem grupos estudando as limitações éticas e o uso ético da inteligência artificial para o cuidado em saúde, não só do indivíduo, mas principalmente da população”, salienta.
O maior impacto da tecnologia, de acordo com a pesquisadora, é substituir atividades burocráticas, como assinatura digital, reconhecimento facial e ditado, que traz facilidade e agiliza o trabalho, mas também exige que a força de trabalho seja qualificada para usar essas tecnologias de forma a melhorar o cuidado. "Algumas posições de emprego podem até deixar de existir, se a gente pensar naquelas funções mais elementares, por exemplo, dentro do sistema de saúde, da parte burocrática, do controle de guias, faturas, isso acontece tanto no público quanto no privado. Mas se a gente pensa no cuidado essencialmente, sempre vai existir tecnologia que pode dar maior suporte, mas nada pode substituir o olho no olho, o contato manual, o calor humano, a empatia. E essas são dimensões da inteligência que só a humanidade tem”, salienta.
Ela ainda destaca que é crucial que os profissionais se apropriem das novas tecnologias e saibam usá-las corretamente para evitar maus usos, como a automedicação excessiva, e garantir que o cuidado com a saúde seja sempre humanizado.
Uso da inteligência artificial não deve substituir o fator humano
De acordo com o cirurgião plástico Leandro Ventura, a inteligência artificial não pode substituir completamente um cirurgião, seja em procedimentos técnicos de tratamento de doenças ou em cirurgias plásticas, que envolvem muita subjetividade estética. Ele explica que, embora existam diretrizes e critérios estabelecidos para o tratamento de determinadas patologias, como a remoção de um tumor, ainda há a necessidade de tomada de decisões durante a cirurgia devido a imprevistos que muitas vezes não são visíveis nos exames de imagem e só se revelam no momento da operação.
Ventura destaca que, nesses casos, a decisão humana é insubstituível. A inteligência artificial pode atuar como uma ferramenta auxiliar, ajudando a abrir um leque de opções de tratamento e triagem, mas a avaliação final da situação global deve ser feita por um ser humano. Ele menciona que "toda essa cirurgia robótica, isso tudo funciona muito bem como ferramenta, muitas vezes até para um cirurgião operar distante. Ou propiciar uma cirurgia que antes não poderia ser feita porque o acesso era muito difícil e aí é com a robótica você consegue chegar lá mas sempre a coisa capitaneada por um ser humano tomando decisões."
O médico enfatiza a importância da subjetividade e da interação humana no campo da medicina, argumentando que a inteligência artificial dificilmente substituirá o médico na totalidade: "Tem que ter um ‘Q’ de interação humana e de subjetividade muitas vezes até para entender na linguagem do paciente o que ele pode estar querendo dizer, e isso eu acho que é difícil ainda, pelo menos para mim, imaginar a inteligência artificial fazendo", afirma. Ele acredita que, embora os algoritmos possam se tornar mais eficientes, sempre haverá a necessidade de um médico para interpretar e tomar decisões baseadas em uma visão global e humana do paciente.
Em relação à cirurgia plástica, Ventura argumenta que a inteligência artificial é ainda menos aplicável. Para ele, a personalização é essencial na prática de rinoplastia e enfatiza a importância de adaptar cada cirurgia às necessidades e desejos individuais dos pacientes. "Eu particularmente opero muito nariz. Então para mim isso fica muito claro porque eu não conseguiria deixar meus pacientes satisfeitos se eu fizesse o mesmo tipo de nariz para todos eles e eu mostro muitos resultados de pacientes, gasto muito tempo conversando em uma consulta justamente para tentar buscar referências e entender o modelo de beleza de cada um. Porque tem narizes que eu sei que deixaram um outro paciente meu super satisfeito e que, se eu tivesse feito a mesmíssima coisa num terceiro paciente, aquilo não funcionaria", afirma.
O médico destaca a dificuldade de padronizar as cirurgias plásticas, usando como exemplo a IA, de forma que possam ser replicadas com precisão em todos os casos, evitando transformar a cirurgia em um "produto enlatado". Ventura acredita que simulações e algoritmos que utilizam filtros para melhorar a aparência nas fotos podem ter um efeito negativo. "Eu não vejo nem como algo tão positivo essas simulações, esses filtros, esses algoritmos que dão uma mapeada no rosto e meio que ‘melhoram” o rosto ali para uma foto pra isso e aquilo. Na minha prática, eu vejo que está gerando um dismorfismo, uma coisa nos pacientes que ninguém mais está satisfeito com a imagem sem alteração", explica o cirurgião.
Leandro aponta que muitas simulações criadas pela tecnologia não são viáveis na vida real, pois não consideram limitações anatômicas e funcionais. "Às vezes a simulação cria estreitamentos de nariz que a pessoa olha e acha bonito, e eu tenho certeza que se eu fizesse aquilo na vida real a pessoa não ia respirar bem, sabe?", diz.
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