Publicado 10/07/2024 18:52
Rio - A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou que está acompanhando "de perto" as investigações sobre a abordagem dos policiais militares a cinco adolescentes, filhos de diplomatas do Gabão e de Burkina Faso, em Ipanema, na Zona Sul do Rio. Em publicação feita nesta quarta-feira (10), ela qualificou a ação dos agentes como desproporcional.
Publicidade"O vídeo é explícito ao mostrar que os jovens foram obrigados a encostar na parede, submetidos a uma revista, antes de terem sido solicitados a qualquer identificação ou questionamento. Essa abordagem desproporcional não pode ser defendida, naturalizada ou associada à palavra segurança. Esperamos que as investigações nos tragam respostas sobre as motivações, protocolos aplicados e a responsabilização pela operação", escreveu a ministra.
Nas imagens registradas por câmeras de segurança no último dia 3 de julho, é possível ver os PMs descendo da viatura com armas em punho apontadas para os jovens na Rua Prudente de Morais. Em seguida, eles iniciam a abordagem e mandam os adolescentes encostarem as mãos na parede. Os filhos dos diplomatas, que são negros, só foram liberados após um deles, que é brasileiro, dizer que os demais eram estrangeiros e estavam no Rio a turismo.
"Não há dúvida: a abordagem foi racial e criminosa. Há anos frequentamos o Rio e nunca presenciei nada parecido no quadradinho privilegiado de Ipanema com meus filhos. É um lugar aparentemente seguro. Depende pra quem! Antes da viagem, fiz inúmeras recomendações, alertas e conselhos de mãe preocupada: 'Não ande com o celular na mão, cuidado com a mochila, não fiquem de bobeira sozinhos'. Pensei em diversas situações, mas jamais que a polícia seria a maior das ameaças", escreveu a mãe do rapaz brasileiro, Rhaiana Rondon, ao denunciar o caso nas redes sociais.
Veja o vídeo
Na sexta-feira passada (5), os embaixadores dos países africanos foram chamados ao Itamaraty, em Brasília, e receberam um pedido formal de desculpas do governo. Os diplomatas, que são pais de dois dos adolescentes envolvidos, também foram informados de que o caso passará por uma apuração rigorosa e responsabilização adequada dos policiais.
Os dois policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Vidigal responsáveis pela abordagem prestaram depoimento à Corregedoria-Geral da corporação nesta segunda-feira (8). De acordo com comunicado da PM, a investigação sobre a conduta dos agentes está em andamento e os dois são alvos de uma apuração interna. O caso também está sendo apurado pela Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat).
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