Publicado 20/07/2024 11:48
Rio - Com o objetivo de promover atendimento odontológico gratuito para a população transgênero, que inclui pessoas trans, travestis e não-binárias, o Instituto de Saúde de Nova Friburgo da Universidade Federal Fluminense (ISNF-UFF), em parceria com o Centro de Cidadania LGBT Hanna Suzart, vem realizando o projeto de extensão "Rede Visibiliza UFF: Produzindo vínculo, visibilidade e acesso à saúde bucal a pessoas trans".
PublicidadeDe acordo com informações do site da instituição, o projeto partiu de uma pesquisa sobre as experiências da população trans em relação ao acesso e ao cuidado no Sistema Único de Saúde. "Percebemos que esse grupo passa por todo tipo de vulnerabilidade, com a falta de acesso à saúde bucal, baixa expectativa de vida, sujeito a todo tipo de violência e submetido a políticas públicas insuficientes e muitas vezes ineficazes", conta a professora do curso de Odontologia e coordenadora do projeto, Flávia Maia Silveira.
No primeiro momento, os pacientes são atendidos pelo Centro de Cidadania e depois encaminhados para o ISNF, mas muitos buscam o projeto espontaneamente, pelas redes sociais ou por indicação de conhecidos.
Flávia Maia Silveira explica que um desafio diário enfrentado pelo Hanna Suzart é dar assistência, acolhimento e orientação para a população LGBTQIAPN+ de modo geral que busca acesso às políticas públicas existentes para a comunidade. “É um trabalho muito importante, que aproveitamos a parceria também para fazer oficinas de sensibilização na universidade”.
Assim, além dos atendimentos, que acontecem na Clínica Odontológica do ISNF, o projeto também atua com medidas educativas e rodas de conversa para o público da universidade, com o intuito de sensibilizar e mobilizar a comunidade acadêmica. “
Assim, além dos atendimentos, que acontecem na Clínica Odontológica do ISNF, o projeto também atua com medidas educativas e rodas de conversa para o público da universidade, com o intuito de sensibilizar e mobilizar a comunidade acadêmica. “
O estudo, conduzido por alunos da graduação, foi contemplado pelo edital de Iniciação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).
Estudante do ensino médio, Artha Santos Blaudt Martins, que se identifica como pessoa não-binária, comenta que constantemente enfrenta dificuldades para encontrar um espaço que ofereça o tratamento que busca. Elu conta que começou sua busca no começo de 2023 e passou por experiências desagradáveis ao longo do caminho.
Estudante do ensino médio, Artha Santos Blaudt Martins, que se identifica como pessoa não-binária, comenta que constantemente enfrenta dificuldades para encontrar um espaço que ofereça o tratamento que busca. Elu conta que começou sua busca no começo de 2023 e passou por experiências desagradáveis ao longo do caminho.
"Passei por um clínico geral, muito atencioso, mesmo não entendendo meu caso, e que me encaminhou para uma endocrinologista. Ela até tentou me ajudar, mas não seguiu com o tratamento hormonal porque não entendia do assunto. Fui encaminhade para outra endocrinologista, muito antipática. Mesmo não entendendo sobre pessoas trans, ela não soube fazer o mínimo, que é ter empatia com alguém em busca de ajuda”, revela.
De acordo com os responsáveis pelo projeto, a maioria dos pacientes registra a falta de experiências positivas com profissionais de saúde, inclusive com casos de discriminação que começam na recepção ou na entrega de documentos.
De acordo com os responsáveis pelo projeto, a maioria dos pacientes registra a falta de experiências positivas com profissionais de saúde, inclusive com casos de discriminação que começam na recepção ou na entrega de documentos.
Assim como Artha, Gabriela Fernanda Dias Gomes, paciente trans atendida pela Rede Visibiliza, compartilha que em diversas vezes foi chamada pelo nome “morto” por não ter os documentos alterados. “Evitei bastante buscar os serviços de saúde porque são situações de constrangimento muito difíceis, mas o atendimento na Rede Visibiliza UFF foi ótimo, fui tratada muito bem e com muito respeito”, comenta.
Ela reforça que o atendimento oferecido pelo projeto é essencial para a comunidade transgênero: “Muitas pessoas não têm acesso à rede de saúde e a uma clínica odontológica por falta de condições financeiras, e lá (na Clínica Odontológica do ISNF) somos respeitadas e entendidas como merecemos”.
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