Ocupação na reitoria da Uerj, após o anúncio de corte de benefíciosReginaldo Pimenta/Agência O DIA
Publicado 29/07/2024 12:59 | Atualizado 29/07/2024 15:49
Rio - Alunos que ocupam a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) desde a sexta-feira passada (26) não pretendem deixar o local até que as reivindicações sejam atendidas. O grupo protesta contra as mudanças para a obtenção de bolsas e auxílios da assistência estudantil. Na manhã desta segunda-feira (29), equipe de reportagem de O DIA esteve no campus do Maracanã, na Zona Norte, onde a reitoria permanece isolada.
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No domingo (28), a previsão era que a ocupação terminasse na noite desta segunda após um protesto marcado para às 18h. No entanto, as estudantes de história e biologia Carol Santos e Ana Carolina, respectivamente, reforçaram que sem negociação, não haverá desocupação.

"Nossa reivindicação é revogação imediata da Aeda (Ato Executivo de Decisão Administrativa), que vai prejudicar principalmente os alunos negros e pobres da nossa universidade. Não tivemos nenhum diálogo com nossa comunidade estudantil, recebemos essa notícia nas nossas férias e desde que começamos a ocupação estamos buscando uma negociação com a reitoria", disse Carol.

A revogação em que a estudante se refere é da medida anunciada por Gulnar Azevedo, reitora da Uerj, de mudar os critérios para elegibilidade de bolsas e auxílios de assistência estudantil. Em que a revisão da renda mínima necessária para que estudantes de ampla concorrência possam acessar a Bolsa Auxílio Vulnerabilidade Social (Bavs), com pagamento de R$ 706 por mês, tendo duração de dois anos. Antes, para obter o benefício, era necessária a declaração de um salário mínimo e meio, agora, é só meio salário.

Além disso, o grupo exige que nenhum estudante que esteja lutando seja penalizado. "Não tivemos nenhuma resposta. O que tivemos é que no sábado ninguém podia entrar aqui e a reitoria não estava liberando, mas conseguimos uma negociação e o que foi garantido para nós foi a livre circulação dos estudantes no espaço da ocupação para que entre alimento, mas as mais principais pautas seguimos sem resposta", explicou Carol.

O DIA flagrou pichações nas paredes com frases como: "Retroceder nunca" e "Devolve meu auxílio". Além de adesivos colados pelas portas em forma de protesto.

"Foi divulgado que haveria uma mesa de negociação, mas até agora nada foi confirmado. A nossa condição para existir uma negociação é a não criminalização, e a gente entende a não criminalização de quem está na ocupação, quem tá indo e vindo. A ocupação só vai deixar de existir a partir da revogação da Aeda. Ninguém tem objetivo de ficar aqui morando, se for revogada a gente sai. Todo mundo quer se formar, quer ter aula, mas não tem como a gente vir se não tiver uma condição básica de permanência", relatou Ana Carolina.

Os alunos pretendem lutar ainda por mais orçamento. "Estamos sobrevivendo há um ano com menos da metade do orçamento necessário, e aí o primeiro a ser cortado foi dos estudantes e toda política de desenvolvimento que temos aqui foi conquistada pelos estudantes. Nosso objetivo é se formar, mas a gente precisa de condições para isso, a gente é trabalhador, a gente é pai, mãe, filho, ninguém quer ser criminalizado. Não dá pra todo mês a gente ficar suplicando por orçamento", complementou a aluna.

Segundo os manifestantes, a nova medida apresentada pela reitoria, prevê ainda cortes no auxílio alimentação e passagem, R$ 300 cada, e redução pela metade no auxílio para material didático, que costumava cobrir o valor de R$ 1,2. Eles pedem recomposição orçamentária no valor de R$ 100 milhões para garantir os pagamentos das bolsas e auxílios no segundo semestre.

Em nota, a gestão da Uerj informou que segue procurando o diálogo com os estudantes no sentido de desocupar a Reitoria imediatamente de modo a não prejudicar o pleno funcionamento da universidade.

"A presença deles em área restrita impõe riscos à segurança dos dados da Uerj, pode comprometer a atividade administrativa e prejudicar a preparação para a volta às aulas. Apesar de a ocupação ter acontecido sem qualquer pedido de reunião, a Reitoria ratifica que tem garantido os direitos básicos, a exemplo do acesso a luz, alimentação e remédios", finalizou em comunicado.
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