Bichinhos de pelúcia apreendidos durante operação foram encaminhados à Cidade da PolíciaRenan Areias/Agência O DIA
Publicado 28/08/2024 07:30
Rio - A Polícia Civil realiza, nesta quarta-feira (28), a segunda fase da Operação Mãos Leves contra a exploração de máquinas de bichinhos de pelúcia. Segundo investigações, o sistema eletrônico dos aparelhos permite uma programação para que o jogador obtenha o prêmio somente após um determinado número de tentativas. Na ação, 19 mandados de busca e apreensão são cumpridos em endereços do Rio e de Santa Catarina.
Publicidade



De acordo com a Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), um dos alvos já foi investigado, dentre outros crimes, pela prática de jogo de azar vinculado a máquinas caça-níqueis, levantando suspeitas da participação do jogo do bicho na atividade.
Até o momento, foram apreendidos, além das máquinas e de pelúcias falsificadas, celulares, computadores, notebooks, tablets e documentos, que serão examinados para a fim de desvendar a estrutura do grupo criminoso, bem como identificar a participação de outros integrantes e de organizações criminosas envolvidas. A ação contou com apoio da Polícia Civil de Santa Catarina.
Segundo o delegado responsável pela investigação, Pedro Brasil, ao todo, cinco galpões foram verificados e uma arma foi encontrada. "Algumas pessoas foram conduzidas na condição de testemunha, funcionários e técnicos que operavam as máquinas, para gente tentar entender melhor como isso funciona. Nós também encontramos uma pistola dentro de um dos galpões, de uma gaveta, e estamos fazendo as devidas consultas para saber se é uma arma registrada, com numeração adulterada, ou se é produto de crime", explicou.
Entenda o esquema da "garra fraca"
As investigações tiveram início após informações de que empresas localizadas em diversos shoppings da Região Metropolitana do Rio utilizavam bonecos de pelúcia falsificados de personagens de marcas registradas. A primeira fase da operação ocorreu em maio deste ano, onde máquinas e grande quantidade de pelúcias foram apreendidas.

No decorrer do inquérito, após exames realizados por peritos do ICCE, os agentes constataram que o sistema eletrônico das máquinas dispõe de um contador de jogadas e, conforme programação feita pelo operador, libera uma corrente elétrica que permite gerar potência para a "garra" pegar o brinquedo somente após um determinado número de tentativas registradas.
Em contrapartida, caso esse número programado de créditos não tenha sido atingido, a corrente elétrica enviada gera uma potência insuficiente para a captura da pelúcia, deixando a "garra" fraca. 
"Um contador era zerado toda vez que uma pelúcia era pega. Então isso é programável, o operador pode dizer que a partir de 30, 50 ou 10 jogadas que haverá uma corrente elétrica que vai ser suficiente para que o objeto seja pego", ressaltou o delegado.
Dessa forma, a Polícia Civil identificou se tratar de um processo fraudulento para enganar os consumidores, que acreditam que a obtenção do ganho depende da sua habilidade ao operar a máquina, mas, segundo a perícia, depende exclusiva ou principalmente da sorte.
Ainda de acordo com o delegado, os principais alvos da operação são duas grandes empresas que dominam mais de 90% do mercado dessa atividade no Rio. "A ação de hoje buscou aprender celulares, laptops e computadores para que a gente consiga entender o mecanismo de funcionamento e se há alguma organização criminosa por trás disso. Esse material vai embasar nossa investigação, vai trazer mais elementos para que a gente possa chegar a essa conclusão, se há ou não envolvimento de organizações criminosas mais estruturadas por trás", esclareceu.
O inquérito apontou também que através das máquinas são cometidos crimes contra a economia popular, o consumidor, a propriedade imaterial, além de associação criminosa e possível contravenção de jogo de azar.
As investigações prosseguirão para apurar também eventual prática de lavagem de dinheiro e demais crimes financeiros que possam ter sido praticados.
Leia mais