Publicado 30/08/2024 19:59
Rio - Mãe e filha que "moram" no McDonald's do Leblon, na Zona Sul, desde fevereiro, foram conduzidas à 14ª DP (Leblon), na tarde desta sexta-feira (30), por suspeita de racismo. Susane Paula Muratori Geremia, de 64 anos, e Bruna Muratori Geremia, de 31 anos, teriam ofendido uma adolescente e sua mãe.
PublicidadeSegundo a Secretaria de Estado de Governo (Segov), policiais do Leblon Presente foram acionados para o estabelecimento, localizado na Rua Ataulfo de Paiva, para verificar um possível caso de racismo.
Testemunhas informaram aos agentes que a adolescente e a mãe entraram no local para comprar um lanche e teriam fotografado as duas mulheres.
Susane e Bruna teriam se irritado com a situação e feito ofensas de cunho racista. A equipe então conduziu todos os envolvidos para a 14ª DP (Leblon). As malas das "moradoras" do estabelecimento também foram levadas para a delegacia.
De acordo com a Polícia Civil, as mulheres prestam depoimento na 14ª DP.
Caso de agressão
Em julho, Bruna Geremia registrou uma queixa após alegar que foi agredida no estabelecimento. À coluna F5, do jornal Folha de São Paulo, Bruna disse que uma mulher se sentou para lanchar na mesa ao lado de onde ela e a mãe, Susane Geremia, de 64 anos, estavam. Logo depois, a suspeita teria a xingado, mas ela preferiu não reagir às provocações para não criar tumulto. A agressora teria continuado os ataques verbais na calçada e avançou contra a mulher.
"Foi horrível. Corri para a delegacia e registrei a queixa na hora. Agora os policiais pediram as câmeras de várias lojas da rua para as investigações. Não dá mais para ficar aqui. Infelizmente, estou vendo alguns apartamentos mais distantes dessa área que nós queríamos ficar. O que der para fechar, vou fechar. Precisamos sair daqui", disse.
O caso também foi registrado na 14ª DP.
Loja usada como moradia desde o Carnaval
Bruna e Susane estão "morando" no McDonald's desde, pelo menos, o mês de abril, quando o caso viralizou. No entanto, moradores destacaram que ambas são vistas no espaço desde fevereiro. Ela usam a loja para ficar com cinco malas e se alimentar. Entre o período sem funcionamento, as duas ficam do lado de fora aguardando a reabertura para voltar a ocupar as mesas do fast-food.
Mesmo que relutantes em falar sobre o caso, por não gostarem da exposição, elas concederam uma entrevista ao DIA em abril. Na época, Bruna disse não compreender a repercussão do caso.
"As pessoas criaram um problema para mim e para minha mãe. Estávamos resolvendo uma situação. Estamos procurando um lugar para ficar. É comum essa situação. Não tem apartamento. Ou colocam o preço lá em cima por causa do turismo, está difícil demais. As pessoas querem lucrar".
Bruna e Susane esperam conseguir um local para morar para que consigam retomar a vida normalmente. As duas afirmaram ainda que na Europa e Estados Unidos a situação é comum de acontecer. "Achei surreal essa história toda. Não permito invasão na minha vida, de ninguém. Sou furiosa com essas coisas", disse a filha.
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