Um dos principais pontos de divergência entre os depoimentos foi a arma utilizada no crimeReprodução
Publicado 30/08/2024 21:04
Rio - Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, réus confessos no assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, apresentaram versões conflitantes em seus depoimentos no Supremo Tribunal Federal (STF). Élcio foi ouvido pela primeira vez nesta sexta-feira (30).
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Um dos principais pontos de divergência entre os depoimentos foi a arma utilizada no crime, uma submetralhadora MP-5 de calibre nove milímetros. Lessa afirmou que recebeu a arma de Edmílson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, e que ela foi adquirida através de Robson Calixto da Fonseca, o Peixe, assessor de Domingos Brazão. Élcio, por outro lado, declarou que a MP5 pertencia a Lessa e foi comprada meses antes do crime.
"Ele falou sobre uma MP-5 que já tinha há algum tempo [...] ele já usou essa arma no Bope. Ele tinha adquirido de uma pessoa, que teve um incêndio no Batalhão de Operações Especiais. Então, como ele trabalhou muito tempo com essa arma, ele sabia pela numérica que já tinha utilizado no Batalhão. Então, ele tinha muito carinho por essa arma", comentou Élcio.
As versões sobre o descarte da arma também são diferentes. Lessa afirmou que viu Macalé entregando a submetralhadora ao miliciano Marcus Vinícius Reis dos Santos, o Fininho, na comunidade de Rio das Pedras. Já Élcio, motorista do Cobalt prata, contou que Lessa teria serrado a arma e jogado os pedaços no mar da Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
Motivação do crime
Outro ponto de discordância surgiu sobre a motivação do crime. Élcio afirmou ter ouvido de Lessa que o assassinato tinha um caráter "pessoal", mas não soube especificar qual seria essa motivação. Por outro lado, Lessa afirmou que estava perseguindo Marielle há meses e que os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão teriam infiltrado um informante no PSOL para obter detalhes sobre a vereadora.

Élcio ainda relatou que notou um aumento no patrimônio de Lessa após o crime, mencionando a compra de uma lancha, um carro novo e uma blindagem adicional, além de uma viagem aos Estados Unidos. Ele disse ter confrontado Lessa sobre as despesas, expressando desconfiança em relação à origem dos recursos. Lessa, em sua delação, mencionou que receberia como recompensa dois terrenos no bairro do Tanque, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio.
Lessa enfrenta um processo na Justiça Federal relacionado ao comércio de armas. Após sua prisão, a Polícia Civil apreendeu 117 fuzis M-16 incompletos na casa de um amigo do ex-policial. Apesar de falsificados, as armas poderiam ser usadas se montadas.
Élcio deve retornar para mais depoimentos na próxima segunda-feira (2). A partir de 9 de setembro, começarão os depoimentos das testemunhas indicadas pelas defesas e aprovadas pelo ministro relator, Alexandre de Moraes.
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