Cristo Redentor foi iluminado de laranja para simbolizar o alerta das famílias de desaparecidosPedro Teixeira / Agência O Dia
Publicado 02/09/2024 21:15 | Atualizado 02/09/2024 21:34
Rio - O sistema de reconhecimento facial usado para encontrar foragidos da Justiça será utilizado também para a busca de desaparecidos. A assinatura do acordo entre as Secretarias de Estado de Polícia Militar e de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos aconteceu na noite desta segunda-feira (2), no Cristo Redentor, na Zona Norte. O monumento foi iluminado de laranja, cor que simboliza o alerta de mães de desaparecidos.
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O projeto começará buscando crianças e adolescentes, mas a ideia é estender, futuramente, para todos os casos em geral. A previsão é que o sistema comece a reconhecer os desaparecidos na segunda quinzena deste mês.
Policiais militares passarão por uma capacitação para saber como reconhecer e abordar essas pessoas. Não será necessário novo investimento, já que a tecnologia é a mesma utilizada no reconhecimento de criminosos com mandado de prisão em aberto.
A ativista e Jovita Belfort comemorou o início do projeto. Emocionada, ela, que ocupa o cargo de Superintendente de Prevenção e Enfrentamento ao Desaparecimento de Pessoas e Acesso à Documentação Básica, disse que a iniciativa dá esperança para as famílias. Ela é mãe do lutador Vitor Belfort e de Priscila Belfort, que desapareceu há 20 anos após sair do trabalho para almoçar.
"Eu tenho uma filha desaparecida e sei da importância das primeiras 24 horas após o desaparecimento. Esse projeto pra mim é um sonho. Vai trazer muita alegria. Costumo dizer que, no desaparecimento, são duas as vítimas: o desaparecido e a família, que não sabe onde a pessoa está, se está comendo, se está dormindo, se está sendo violentada. Esse projeto abre uma porta de esperança", pontuou.
Quem tem algum familiar desaparecido, deve comparecer à uma delegacia para registrar e levar uma foto da pessoa para inclusão no banco de dados do sistema de reconhecimento facial. Para o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, o trabalho dos policiais não é só combater o crime.
"Devolver a família um ente querido que se perdeu é o maior dos acalentos. A família não sabe se essa pessoa foi vítima de violência, se está morto, se vão poder enterrá-lo. O nosso objetivo com esse projeto é localizar e devolver essa pessoa ao seio dessa família. É de uma grande importância", comentou.
De janeiro a julho deste ano, foram registrados 3.486 desaparecimentos no Estado do Rio. O secretário de Estado de Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, destacou que a expectativa do projeto é tornar as buscas pelos desaparecidos mais eficaz usando o sistema de reconhecimento facial da corporação, que foi usado, de fevereiro a agosto deste ano, para prender 330 foragidos.
"Com essa ação conjunta, será maior a possibilidade de termos mais exatidão as buscas por desaparecidos", disse a secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Rosângela Gomes.
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