Rosângela Nascimento morreu em março de 2023 dentro de um apartamento no CachambiArquivo Pessoal
Publicado 09/09/2024 18:05
Rio - A Polícia Civil realiza buscas por um homem de 32 anos acusado de matar a namorada dentro de um apartamento no Cachambi, na Zona Norte, em março de 2023. Elton Hilton Herculano de Lima é considerado foragido há uma semana pela morte da médica do Exército Rosângela da Silva Santos do Nascimento, de 42. O laudo de necropsia apontou que a causa do óbito foi asfixia e intoxicação exógena.
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O caso aconteceu em um imóvel na Rua Ferreira de Andrade, no dia 9 de março do ano passado. Durante as investigações, realizadas pela 23ª DP (Méier), os agentes identificaram elementos que apontam que o homem asfixiou a vítima e montou um cenário indicando que ela teria se matado.
Em depoimentos, familiares e vizinhos de Rosângela destacaram que a mulher tinha um relacionamento conflituoso com o acusado, marcado por brigas, ofensas e ameaças. A médica teria manifestado a vontade de terminar a relação, mas tinha medo por ser ameaçada pelo companheiro.
Além da morte, a família da médica registrou outras queixas contra o homem pelos crimes de estelionato, pois Elton teria usado o endereço da namorada como se fosse dele; por furto mediante fraude, porque ele teria acessado a conta de Rosângela e transferido todo o dinheiro para a sua; por falsidade ideológica, já que o acusado assinou o registro de moradores do condomínio sem ter direito, sendo que o documento só poderia ser assinado pela proprietária do imóvel; e por apropriação indébita, informando que o homem se apossou do carro da companheira.
O laudo de necropsia apontou que Rosângela morreu por asfixia e intoxicação exógena. De acordo com o documento, o exame toxicológico encontrou duas substâncias no corpo da vítima que levam a depressão respiratória central, o que explica a intoxicação exógena. Além disso, o cadáver tinha sinais de asfixia na região cervical, podendo corresponder a constrição externa no pescoço.
 
Um dos médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que encontrou a vítima já sem vida no apartamento, disse aos investigadores que não havia qualquer seringa, jelco ou scalpe ao lado do corpo da mulher, o que deu indícios de que um cenário pode ter sido montado para simular que ela havia se matado.
Diante dos fatos, a 23ª DP indiciou Elton pelo crime de feminicídio em agosto deste ano e pediu a prisão preventiva dele. O Ministério Público do Rio (MPRJ) denunciou o homem e a Justiça do Rio aceitou, expedindo seu mandado de prisão na última terça-feira (3).
Família acredita em motivação financeira
As investigações comprovaram que Elton se apossou dos bens de Rosângela, tais como celular, carro e dinheiro. Ele ainda tentou obter uma pensão do Exército antes mesmo dele abrir um inventário para tentar reconhecer uma união estável com a vítima.
Ao DIA, Roberta Ferreira, cunhada de Rosângela, contou que o crime teria motivações financeiras, pois o homem estaria endividado. Ele também teria uma amante e queria o dinheiro para conseguir bancar a relação extraconjugal.
"Ele estava envolvido em um relacionamento extraconjugal com uma colega e a pressão financeira de manter duas vidas o estava levando ao limite. Elton estava afundado em dívidas e via nela [Rosângela] uma saída para seus problemas financeiros. Ele sabia que, após a sua morte, poderia se apossar de seus bens e dinheiro, e talvez, com isso, pudesse satisfazer sua amante e resolver suas pendências financeiras. Para ele, Rosângela era apenas um obstáculo no caminho para a vida que ele desejava. Ele furtou o carro dela, retirou todo o dinheiro da conta bancária, pegou joias e pertences pessoais, incluindo o celular. Após a morte, ele fez algo que ninguém esperava: decidiu se fingir de inocente e dizer que Rosângela cometeu suicídio", comentou.
A familiar destacou que o homem sedou a vítima e depois a asfixiou. Após o crime, o acusado chegou a ir no enterro da namorada e abraçou parentes da mulher.
Rosângela trabalhava no Hospital Central do Exército (HCE), em Benfica, na Zona Norte. Ela era capitã médica e fazia pós-graduação para oficiais médicos em Anestesiologia. Segundo Roberta, a cunhada era respeitada por todos. 
"Ela havia dedicado sua vida a salvar outras. Sua disciplina, coragem e compaixão faziam dela uma verdadeira heroína. Mas, infelizmente, mesmo aqueles que parecem inabaláveis podem ser vítimas da violência mais covarde. Rosângela, que acreditava ter encontrado o amor em Elton, não fazia ideia das intenções dele. Ela era uma mulher independente e bem-sucedida, com uma carreira estável e economias consideráveis", destacou.
A reportagem ainda não localizou a defesa do acusado. O espaço está aberto para manifestação.
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