Publicado 16/09/2024 18:22 | Atualizado 16/09/2024 19:05
Rio – Na grande onda de violência que assola o Rio de Janeiro, nem as estruturas destinadas ao descanso eterno estão a salvo. A professora de história da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Regina Bustamante, denunciou ao DIA que peças do Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul, têm sido furtadas.
PublicidadeA docente, que frequenta o local regularmente devido a aulas de campo que ministra, conta que nota desde 2017 o desaparecimento de itens, principalmente os de bronze, que compõem estátuas e lápides. Ela alega que o caso chama atenção não só pela ousadia dos criminosos, mas também pela robustez das peças, que pesam entre 70 kg e 150 kg, aproximadamente: "São grandes, me espanta como conseguem levá-las".
Regina teme ainda que o furto de peças de cemitério se torne uma espécie de "epidemia" na cidade como ocorre, por exemplo, com cabos de cobre, porém, com o agravante pelo valor histórico dos itens: "Estou muito preocupada. Já localizamos peças e pensamos em não publicar artigos sobre pelo valor histórico. Mas quando se trata de furto, temos que apontar, sim".
Dentre as peças que a professora constatou a ausência estão: o portão de ferro do túmulo do estadista Honório Hermeto Carneiro Leão, o Marquês do Paraná (1801-1856); uma estátua do túmulo do dramaturgo Cláudio de Sousa (1876-1954); e o busto do médico e professor Domingos José Gonçalves de Magalhães (1811-1882), que ela deu falta na última sexta-feira (13): "É um túmulo que se destaca pela bela escultura do anjo com a lira enlutada, de autoria de Rodolfo Bernardelli".
Entre um furto e outro, a docente já fez denúncias junto à ouvidoria da Rio Pax, concessionária que administra o cemitério. Ela também procurou nesta segunda (16) o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Procurados pela reportagem, o Iphan comunicou que não ainda na localizou "denúncia sobre furto de peças no Cemitério São João Batista". Já a Rio Pax informou que encaminhou a demanda para o setor responsável.
Com receio de novos furtos, Regina Bustamante ressalta que não constata agentes suficientes para reprimir tais atos no local: "Tem segurança na entrada. Mas o cemitério é grande, e nas minhas aulas na parte interna, não vejo. E à noite, quando é mais provável que aconteçam os furtos, o cemitério fica fechado para o público. Então, não sei como funciona o esquema de segurança".
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