Publicado 25/09/2024 14:19
Rio - Cariocas dão início às comemorações de São Cosme e São Damião, nesta quinta-feira (26), com missas ao longo de todo o dia nas igrejas católicas da cidade. As homenagens aos gêmeos padroeiros dos médicos e farmacêuticos continuam nesta sexta-feira (27), quando as religiões de matriz africana também celebram o orixá Ibeji, protetor das crianças. Todos os anos, a data mistura a fé e a tradição, com cultos religiosos e a distribuição de doces, principalmente nas ruas do subúrbio do Rio.
PublicidadeA Paróquia de São Cosme e São Damião, na Rua Leopoldo, no Andaraí, na Zona Norte, realiza missas a cada duas horas, a partir das 7h até 19h desta quinta-feira, para que todos os fiéis tenham oportunidade de fazer suas preces e agradecimentos. Já na sexta-feira, as celebrações acontecem de hora em hora, das 6h às 20h e haverá ainda uma procissão, às 16h. No sábado (28), o cardeal-arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, vai celebrar a Santa Missa no local, às 9h.
"Todos são convidados a participar. É um momento de fé, de pedir e agradecer, e um momento de celebração, de viver essa nossa diversidade enquanto pessoas, estarmos todos unidos em uma só fé, louvando e agradecendo a Deus por meio de São Cosme e São Damião", convidou o padre Walter Neto, da igreja do Andaraí.
Na Igreja São Jorge e São Cosme e Damião, na Rua Leopoldo Rego, em Olaria, na Zona Norte, também ocorrerão missas às 8h, 10h e 16h, no dia 26, e às 7h, 9h, 11h, 14h e 18h na sexta-feira. O padre Walter explica que a Igreja Católica costumava celebrar os santos gêmeos em 27 de setembro, mas para evitar conflitos com o dia de São Vicente de Paulo, na mesma data, houve uma mudança.
"A Igreja Católica celebra o santo no dia do seu nascimento para a vida eterna, ou seja, no dia da sua morte para a Terra, representa o nascimento para o céu. Na reforma do calendário litúrgico, São Vicente de Paulo, a igreja sabe com exatidão o dia que ele morreu, que foi 27 de setembro, já São Cosme e São Damião, a data é presumida. Então, preferirem tirar São Cosme e São Damião do dia 27 e passar para o dia 26", esclareceu o pároco.
Na tradição católica, Cosme e Damião eram irmãos gêmeos e médicos, que exerciam a profissão sem cobrarem nada para a população. Missionários, eles foram perseguidos pelo imperador romano Diocleciano e acusados de serem inimigos dos deuses romanos e de usarem artifícios para disfarçar as curas. Por volta de 300 d.C, acabaram decapitados. Para o pároco, os santos viveram uma comunhão com Deus que se traduziu através da medicina que praticavam e são exemplo de generosidade para os católicos.
"Como médicos, eles não visavam o dinheiro, a fortuna ou status, eles tinham o desejo de salvar vidas, de cuidar dos doentes e faziam gratuitamente. Eles eram muito generosos e nesses atendimentos, eles só falavam da 'boa nova' de Jesus (...) São Cosme e São Damião são heróis da fé pelo fato de que viveram sua fé numa intensidade tamanha, que eles foram capazes de suportar várias tribulações, várias torturas, frutos da perseguição que sofriam por serem cristãos em uma época em que era proibido", declarou o padre.
"Como médicos, eles não visavam o dinheiro, a fortuna ou status, eles tinham o desejo de salvar vidas, de cuidar dos doentes e faziam gratuitamente. Eles eram muito generosos e nesses atendimentos, eles só falavam da 'boa nova' de Jesus (...) São Cosme e São Damião são heróis da fé pelo fato de que viveram sua fé numa intensidade tamanha, que eles foram capazes de suportar várias tribulações, várias torturas, frutos da perseguição que sofriam por serem cristãos em uma época em que era proibido", declarou o padre.
Sincretismo religioso
Associar os orixás aos santos da Igreja Católica foi a forma como os escravizados encontraram de continuar professando a própria fé, que era proibida pelos senhores de engenho à época. No sincretismo religioso, eles buscavam por santidades cristãs que tivessem características parecidas às divindades que acreditavam, entre eles São Cosme e São Damião, que representam os orixás Ibeji, também gêmeos e protetores das crianças. Para Pai Celinho de Omolu, do Centro Ilé À balúwáiyé Jagun, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, eles simbolizam, entre tantas outras coisas, a sabedoria, alegria e paz.
"O orixá Ibeji é um orixá infantil, são orixás gêmeos infantis. Eles representam para a gente o crescimento, a sabedoria, eles trabalham com a educação das crianças, a formação até a adolescência. Eles têm um papel muito importante na vida das crianças (...) Eles mudam toda a energia, trazendo alegria, otimismo, a perseverança, o amor entre as pessoas. O orixá Ibeji representa a união entre povos, tudo que diz respeito à união, harmonia, alegria. Eles têm o poder de transmutar a nossa energia e trazem a paz, o equilíbrio".
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