Publicado 01/10/2024 12:14
Rio - Quatro capivaras foram encontradas mortas nas últimas duas semanas, na área do Complexo Lagunar da Barra e Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Segundo as denúncias, os corpos dos animais foram achados com sinais de perfurações por armas de caça.
O biólogo e mestre em ecologia Mário Moscatelli diz que recebeu informações de que a carne das capivaras mortas está sendo comercializada em feiras na região. "Elas são vendidas, principalmente nos fins de semana, e compradas por pessoas que apreciam carnes de caça. Porém, nesse contexto, existem dois problemas: o fato da caça ser um crime ambiental e as contaminações que podem ser causadas pelo consumo dessa carne", disse.
PublicidadeO biólogo e mestre em ecologia Mário Moscatelli diz que recebeu informações de que a carne das capivaras mortas está sendo comercializada em feiras na região. "Elas são vendidas, principalmente nos fins de semana, e compradas por pessoas que apreciam carnes de caça. Porém, nesse contexto, existem dois problemas: o fato da caça ser um crime ambiental e as contaminações que podem ser causadas pelo consumo dessa carne", disse.
Conforme o Art. 29 da lei 9.605/1998, "matar, perseguir, caçar, apanhar e utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem autorização de órgãos competentes, é crime, com pena de até um ano de reclusão e multa, que varia de R$ 1 mil a R$ 10 mil". Dependendo da raridade do animal, a pena pode ir para um ano e meio.
De acordo com Moscatelli, a carne das capivaras carrega toxinas produzidas por cianobactérias, que são de alto risco para o organismo humano, podendo interromper as funções do fígado, ocasionar paralisias, irritar a pele e, em casos mais raros, gerar câncer. "Essas toxinas não saem da carne, independente da forma que ela for preparada, seja frita, cozida, assada… Então, as pessoas estão adquirindo e consumindo carne contaminada", alerta.
As imagens enviadas pelo especialista mostram os animais abatidos com as marcas de tiros. Em um mapa do complexo, composto pelas lagoas da Tijuca, Jacarepaguá e Marapendi, Moscatelli sinalizou as áreas distintas onde os corpos dos animais foram encontrados, e ainda há a possibilidade da morte de uma quinta capivara. No entanto, ela ainda não foi encontrada.
"É urgente que ocorra um trabalho de gestão e fiscalização permanente, até porque, esses animais, capivaras e jacarés, são ativos econômicos ambientais da cidade do Rio. Na medida que o sistema lagunar de Jacarepaguá for se recuperando ambientalmente, esses animais se tornam importantíssimos para a área, em razão do ecoturismo e outras atividades que serão desenvolvidas. Com certeza, capivaras e jacarés valem muito mais vivos do que mortos", ressalta o biólogo.
O assassinato das capivaras é investigado pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), sediada na Cidade da Polícia, no Jacaré, Zona Norte. Segundo a Polícia Civil, os agentes realizam diligências para identificar os envolvidos no crime.
Em nota, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Cidade (SMAC) afirmou que realiza a fiscalização da área com regularidade na região. "A secretaria não recebeu nenhuma denúncia de caça de capivaras no sistema lagunar de Jacarepaguá, mas irá intensificar a ronda da Patrulha Ambiental na região."
Obras de dragagem no Complexo Lagunar
Em abril, foram iniciadas as obras para dragagem e limpeza do Complexo Lagunar da Barra e Jacarepaguá, com objetivo de recuperar os canais de conexão das lagoas com o mar, que hoje estão impactados pela quantidade de lixo e esgoto irregulares. O investimento foi de R$ 250 milhões e os trabalhos devem durar 36 meses.
Em abril, foram iniciadas as obras para dragagem e limpeza do Complexo Lagunar da Barra e Jacarepaguá, com objetivo de recuperar os canais de conexão das lagoas com o mar, que hoje estão impactados pela quantidade de lixo e esgoto irregulares. O investimento foi de R$ 250 milhões e os trabalhos devem durar 36 meses.
*Reportagem do estagiário Gabriel Rechenioti, sob supervisão de Iuri Corsini
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