Washington Olivetto Reprodução / Instagram
Publicado 13/10/2024 18:32 | Atualizado 14/10/2024 13:37
Rio - Morreu, na tarde deste domingo (13), o publicitário Washington Olivetto, aos 73 anos. Criador do Garoto Bombril, ele estava internado cerca de quatro meses no Hospital Copa Star, em Copacabana, na Zona Sul, para tratar complicações pulmonares. A assessoria do profissional informou, ao "Fantástico", que ele faleceu de devido a pneumonia e choque séptico, que provocou a falência múltipla dos órgãos. 
Publicidade
Olivetto é um dos publicitários mais premiados do mundo. Ele conquistou mais de 50 Leões no Festival de Publicidade de Cannes, apenas na categoria filmes, e é o único latino-americano a ganhar um Clio em 2001, com um comercial para a revista Época. 
Além disso, foi nomeado um dos 25 publicitários-chave do mundo pela revista britânica Media International e eleito duas vezes o publicitário do século pela Associação de Agências Latino Americana (ALAP) e pelo site de notícias Monitor Mercantil. 
Também foi nomeado vencedor do “2014 Clio Lifetime Achievement Award” e em 2015 foi escolhido como o primeiro não anglo-saxão da história a entrar para o “Creative Hall of Fame, do The One Club”.
O reconhecimento público de seu trabalho inspirou duas canções de Jorge Ben Jor – “Alô, Alô, W / Brasil” e “Engenho de Dentro”. Seu nome também virou nome de pratos em restaurantes sofisticados.
Carreira
Descendente de italianos, Washington nasceu em 29 de setembro de 1951 no bairro da Lapa, em São Paulo. Em 1968, cursou Publicidade na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), na mesma cidade. No ano seguinte, aos 18 anos, Olivetto iniciou sua carreira profissional como redator em uma agência publicitária e ganhou o prêmio Leão de Bronze no Festival de Publicidade de Cannes.
Em 1974, ganhou o primeiro prêmio Leão de Ouro da publicidade brasileira no mesmo festival de Cannes com o filme "Homem com mais de quarenta anos". 
Várias campanhas marcantes foram criadas pelo publicitário. Uma delas é o Garoto Bombril, de 1978, que foi representado na TV brasileira pelo ator Carlos Moreno. O comercial apresentava um protagonista, sendo um cientista do setor de desenvolvimento de produtos da empresa Bombril, explicando de forma engraçada como funcionava a mercadoria. A campanha entrou para o Guinesse Book, o Livro dos Recordes, como a que ficou mais tempo no ar na história: 34 anos e mais de 340 filmes.
Em 1987, criou as peças publicitárias "O Primeiro Sutiã" e "Hitler", que são os únicos comerciais brasileiros a constarem na lista dos "100 maiores comerciais de todos os tempos", do livro escrito por Bernice Kanner.
Em 2003, recebeu o título de "Doutor Honoris Causa" pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Em 2009, entrou para o Hall da Fama do Festival Ibero-Americano de Publicidade (Fiap). Em 2011, foi premiado com o título de Comandante da República Italiana e homenageado com o título de Cidadão Honorário do Rio de Janeiro.
Ligação com o Corinthians
Olivetto foi vice-presidente de Marketing do Corinthians, em 1981, e um dos criadores do movimento que ficou conhecido como "Democracia Corintiana". Ele também foi autor dos livros "Corinthians. É Preto no Branco", em 2005, e "Corinthians x Os Outros", em 2009. 
Em 2013, o publicitário foi homenageado pela escola de samba Gaviões da Fiel, fundada por uma torcida organizada do time paulista, em seu desfile de Carnaval, que teve como tema a história da publicidade brasileira. Nas redes sociais, o clube lamentou a morte.
"Um dos ícones da publicidade, herdou a paixão pelo Corinthians de seu tio Armando. O Corinthians se solidariza com a família nesse momento de dor", diz a postagem.
Sequestro e mais de 50 dias preso
Washington foi sequestrado por criminosos chilenos e argentinos na noite de 11 de dezembro de 2001. No dia, o carro que levava o publicitário para casa, no bairro de Higienópolis, em São Paulo, passou por uma falsa blitz da Polícia Federal. Disfarçados de policiais, os bandidos pararam o veículo, agrediram o motorista, tiraram Olivetto e o colocaram em outro carro. 
A vítima ficou 53 dias presa em um cativeiro. Ele foi mantido em um quarto sem janelas e entrada de luz, tendo que fazer suas necessidades em uma lata de lixo. O publicitário relatou na época que foi agredido pelos criminosos. Os sequestradores pediram R$ 10 milhões pelo resgate, o que não foi pago.
Em fevereiro de 2002, o dono de uma chácara em Serra Negra, no interior de São Paulo, desconfiou de seus inquilinos e chamou a polícia. Seis pessoas foram presas no local, mas Olivetto não foi encontrado. Um dos detidos entrou em contato com o restante do grupo, que mantinha o publicitário sequestrado, e contou que havia sido preso.
Com a notícia, os criminosos fugiram. Washington, que ficou sozinho, começou a gritar por socorro e foi atendido por vizinhas, que chamara a polícia e ele foi libertado.
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