Publicado 29/10/2024 16:56 | Atualizado 29/10/2024 19:48
Rio - Os governos federal e estadual anunciaram, nesta terça-feira (29), a criação de um novo grupo de trabalho integrado para tratar da violência no estado do Rio de Janeiro. Em coletiva de imprensa, realizada no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubo, e secretário estadual de Segurança Pública, Victor Santos, disseram que 'sufocar' o poder financeiro do crime organizado está entre as principais estratégias.
PublicidadeSegundo Victor Santos, a integração vai contar com uma equipe técnica e aprofundada no assunto. "Um dos principais objetivos será investigar o fluxo financeiro de grupos criminosos e descobrir a origem do dinheiro movimentado. Este grupo é composto por profissionais que têm conhecimento sobre o assunto. São soluções que não são imediatas, mas que podem dar resultado a médio e longo prazo. Tirando a capacidade financeira, tiramos a capacidade de compra de armamento", disse.
Para o secretário Mário Luiz Sarrubo, os governos estão em plena convergência para iniciar as ações em conjunto. "Por determinação do ministro Ricardo Lewandowski, viemos aqui para fomentar ações integradas que possam, efetivamente, trazer resultados para o Rio de Janeiro. A ideia é que nós vamos ter um grupo de trabalho aqui, já em poucos dias, unindo todas as forças de segurança, com a participação da Secretaria Nacional de Segurança Pública, para que se faça um diagnóstico mais específico [...] Não se trata de operações policiais, mas sim uma estrutura que possa analisar a economia do crime. Antes se pensava somente em operações policiais, mas precisamos muito mais que isso", analisou.
Também foi anunciado que o Rio de Janeiro terá apoio tecnológico e de inteligência do governo federal para combater a entrada de armas ilegais e recuperar territórios dominados por facções criminosas. "É com bons olhos que a gente vê o governo federal vindo aqui, buscando, junto conosco, focar na solução. Os problemas do Rio de Janeiro também são de todas as outras federações. São organizações criminosas tomando territórios, subjugando pessoas, comprando armamentos de guerra, e de grande poderio financeiro", completou Victor Santos.
O encontro entre os secretários aconteceu após uma série de episódios violentos na cidade do Rio de Janeiro. Há menos de uma semana, três inocentes foram mortos na Avenida Brasil, na Zona Norte do Rio, durante uma operação da Polícia Militar no Complexo de Israel. Na ocasião, a corporação afirmou que não tinha dados de inteligência suficientes para avançar com as tropas na comunidade.
A operação em questão também foi comentada pelo secretário de Segurança Pública do Rio durante a coletiva. Segundo Victor Santos, a ação policial da PM não tinha como objetivo prender a liderança, mas remover barricadas e chegar até a torre de telefonia que estava sendo impossibilitada de oferecer o serviço à população. "Não estava previsível que os criminosos atacariam pessoas inocentes, um cidadão que estava a 1 quilômetro de distância da operação. Hoje sabe-se que é possível. Fica como lição aprendida e nas próximas operações isso será levado em conta", disse.
Operação de Garantia da Lei e da Ordem durante reunião da cúpula do G20
Durante a coletiva, o secretário de Segurança Pública do Rio afirmou que em breve um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) deverá ser publicado pelo governo federal para a passagem da cúpula do G20 no Rio. Entre os dias 21 e 24 de outubro, representantes das principais economias do mundo se reunirão para discutir temas cruciais para a economia global. De acordo com o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubo, a decisão final sobre a implementação da GLO é do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
O que é GLO?
A operação de Garantia da Lei e da Ordem é realizada exclusivamente por determinação do presidente da República, em área estabelecida e por tempo determinado. É prevista no artigo 142 da Constituição Federal, em casos quando há o esgotamento das forças tradicionais de segurança pública, como as estaduais Polícia Militar e Polícia Civil, em graves situações de perturbação da ordem. Normalmente, é decretada quando os governos estaduais pedem ajuda federal.
A GLO concede aos militares das Forças Armadas a atribuição de poder de polícia até o restabelecimento da normalidade, buscando preservar a ordem pública, a integridade da população e o funcionamento regular das instituições.
A GLO concede aos militares das Forças Armadas a atribuição de poder de polícia até o restabelecimento da normalidade, buscando preservar a ordem pública, a integridade da população e o funcionamento regular das instituições.
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