Publicado 03/11/2024 13:28
Rio - A expectativa e o nervosismo típicos de um dia de prova do Enem foram potencializados neste domingo (3), em um dos locais mais movimentados da cidade, o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet), na Zona Norte. O motivo foi o jogo de ida da final da Copa do Brasil entre Flamengo e Atlético-MG, realizado no Maracanã. O impacto do evento foi um dos principais motivos de reclamação de estudantes e pais na entrada do local de prova.
PublicidadeEm um dia que deveria ser de total concentração para milhares de candidatos, a prova acabou sendo acompanhada por uma inesperada trilha sonora de comemoração entre torcedores. A estudante Lana Muniz, de 19 anos, vai fazer a prova pela segunda vez. Flamenguista, ela expressou a dificuldade de manter o foco.
"É muito difícil estar aqui num dia de final, mas a gente se esforça para não pensar nisso. Venho me preparando há dois anos. Para nós, que estamos fazendo a prova, num momento tão importante, é ruim ter um jogo acontecendo na mesma hora, é fogos, barulho, mais coisa para desconcentrar. A minha expectativa era que adiassem o jogo", desabafou ao DIA.
No local de prova, a agitação é intensa: torcedores passando em frente, fogos estourando ao fundo, carros de som e música alta, tornando o ambiente ainda mais caótico. Lúcia Ferreira, de 69 anos, que acompanhava o neto Felipe Caciano, de 18, comentou sobre o impacto dessa situação nos candidatos.
"Uma loucura colocar um jogo de final no dia de prova do Enem. Um absurdo isso! Com esse barulho, o máximo que dá pra fazer é pegar papel e colocar no ouvido, porque tampão e fone não pode", criticou.
A mãe de Felipe, Erika Ferreira, de 44 anos, compartilhou a indignação: "Eu sou flamenguista e tenho que dizer que é uma vergonha. Eles estão cansados de saber como a Tijuca fica em dia de jogo e permitirem um jogo de acontecer junto com uma prova tão importante. É um ano inteiro sacrificado para isso e eles vão ter que fazer assim".
No meio de toda essa tensão, Adriana Freitas buscou uma solução diferente: levou Monalisa, a cadela da família, para ajudar a acalmar a filha Raquel, que estava ansiosa. "Veio para dar essa força, tirar esse estresse da prova, cumpriu o papel dela de acalmar a Raquel. Ela estava muito ansiosa, mas se preparou muito para a redação, que é a que dá mais pontos", disse.
Insegurança
No local, familiares reclamam da insegurança. Segundo os relatos, há forte presença de torcidas organizadas, querendo arrumar confusão com torcedores adversários. Além disso, o trânsito é intenso na região, devido as interdições para o jogo.
Um aluno, que teve os pertences roubados no entorno do Maracanã, foi impedido de entrar no local de prova. Thierry Muniz Soares, de 17 anos, contou que usava uma bolsa do Fluminense e que torcedores de uma organizada do Flamengo tomaram o pertence. O RG, documento necessário para acessar o local de prova, estava dentro da bolsa. O adolescente estava acompanhado de três amigos, que não tiveram seus pertences roubados.
"Um ano se preparando para essa prova e acontece isso. Roubaram a mochila com tudo, documentos. Eu vim correndo de casa, trouxe a identidade autenticada de casa, a gente mora em Vila Isabel, levaram todos os documentos", desabafou Luiz Pierre Soarez, 49, pai de Thierry, que fez a prova ano passado, para treinar, e faria para valer dessa vez.
O rapaz ainda tentou entrar na unidade, mas um funcionário no local fechou os portões na mão dele.
Procurada, a Polícia Militar informou que, de acordo com o comando do Batalhão Especializado em Policiamento em Estádios (Bepe), o local é um conhecido ponto de encontro de torcedores em dia de jogos do Clube de Regatas do Flamengo e está com o policiamento reforçado. A corporação reforçou que, até o momento, não há informação de confusão no referido ponto.
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