Advogado e administrador Élcio de PauloReprodução/TV Globo
Publicado 04/11/2024 15:25
Rio - O administrador e advogado Élcio de Paulo, parte do corpo de jurados que optou pela condenação de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, afirmou que - mesmo tendo participado de outros julgamentos - o caso Marielle foi diferente do que já presenciou. As declarações foram dadas com exclusividade à TV Globo.
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Élcio participou do julgamento que condenou Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz por duplo homicídio triplamente qualificado - motivo torpe, emboscada, sem dar chance de defesa às vítimas. Além disso, também constaram os crimes de receptação e tentativa de homicídio.
Durante a conversa, ele assumiu que, inicialmente, preferia não ser sorteado para atuar no caso.
"Eu estava até torcendo pra não ser sorteado, né? Porque eu sei que era muita responsabilidade. Mas, no fundo, no fundo, eu queria participar. Ia ser um julgamento que tá todo mundo no Brasil todo falando, aí fora falando", disse.
Entre os 21 jurados do caso, 7 foram escolhidos para integrar o júri popular. Após a escolha, os sorteados passaram a ficar incomunicáveis, sem acesso à telefone, televisão ou computador. Além disso, todos dormiram no tribunal e também não podiam se comunicar entre si.
Questionado sobre o momento de maior dificuldade durante o julgamento, Élcio assume ter sido tocado pelos depoimentos de Marinete da Silva, mãe de Marielle, e de Mônica Benício, a viúva.
"O que mais pesou para mim foi o depoimento da mãe dela e da esposa dela também. Foram dois momentos que mexeram muito comigo.
Os jurados deixaram o julgamento por volta das cinco da tarde e foram levados para a sala secreta, onde iam respondendo às perguntas feitas pela juíza sobre cada uma das acusações. Depois das respostas, que só podiam ser sim ou não, o voto era dobrado e colocado em uma urna.
Com quatro votos iguais e maioria absoluta, o veredito foi dado às 18h, com pena determinada pela juíza de acordo com a legislação. Lessa recebeu a pena de 78 anos de prisão e nove meses, e Élcio a de 59 anos e oito meses.
Além da pena, os dois terão que pagar uma pensão ao filho de Anderson até que ele complete 24 anos, e R$ 706 mil de danos morais para cada uma das vítimas (Agatha Arnaus e o filho, Luyara Franco, Mônica Benicio e Marinete Silva). A prisão preventiva foi mantida, sem o direito de recorrer em liberdade.
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