Publicado 05/11/2024 11:42
Rio - O velório do renomado fotojornalista Evandro Teixeira, que faleceu aos 88 anos, foi marcado por emoção e saudade. Amigos, familiares e admiradores se reuniram, nesta terça-feira (4), para a última despedida na Câmara dos Vereadores, no Centro do Rio. Teixeira foi cremado em cerimônia restrita a amigos e familiares, no Cemitério e Crematório da Penitência, no Caju, Zona Portuária do Rio, no fim da tarde. As cinzas serão enviadas à Canudos, na Bahia.
PublicidadeConsiderado um dos grandes nomes do fotojornalismo brasileiro, Evandro estava internado desde o dia 8 de outubro na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio, lutando contra complicações decorrentes de uma pneumonia. A cerimônia foi um momento de homenagem ao profissional que registrou, com suas lentes, momentos históricos do Brasil, e deixou um legado para a fotografia e o jornalismo.
Em um momento especial, a família de Evandro fez questão de reunir os colegas na escadaria da câmara para um último registro com o fotógrafo. Todos eles já haviam trabalhado com ele em diferentes momentos, e muitas histórias marcantes de suas carreiras estavam entrelaçadas com a trajetória de Evandro. No final, uma calorosa salva de palmas, em homenagem ao legado deixado por ele.
A fotojornalista e filha mais nova de Evandro, Adriana Almeida, de 56 anos, falou com orgulho sobre a trajetória do pai.
"Eu acredito que o papel do meu pai, o maior legado dele, não é nem o acervo. É justamente essa força dele pela vida, de levar a vida na rédea das suas mãos. Ele saiu novo de uma cidadezinha, de um município pequeno na Bahia, atrás do sonho de ser um fotógrafo profissional. Foi aí que ele veio para o Rio e desde então nenhum dia a mais deixou de ser fotografado por ele. Ele não só realizou o sonho, como virou um dos fotojornalistas mais consagrados do Brasil e com reconhecimento no mundo. E uma inspiração para os que seguem sua carreira ou que buscam nela a fotografia como um documento da história brasileira e da história pessoal", disse, sob forte emoção.
A também jornalista e neta de Evandro, Manoela Caldas, expôs os ensinamentos que adquiriu no tempo em que viveu ao lado do avô. Segundo ela, antes mesmo de se dar conta do tamanho da figura do fotojornalista, ele já era seu ídolo.
"Nós que conhecemos ele no detalhe, na mesa, nas manias, nos passarinhos, nas gírias, nós somos as maiores devotas dele. Antes mesmo de entender quem meu avô era para o mundo, eu já entendia o que ele era para mim e ele sempre foi meu ídolo máximo. Ele é exemplo de alegria, de generosidade. Uma pessoa que me ensinou a compartilhar a mesa sempre e chamar todo mundo para perto. Ele gostaria disso que está acontecendo, da festa, das memórias, de cada um ter uma história", contou.
O fotógrafo Tássio Marcelo Moreira Leal relembrou com carinho do tempo em que trabalhou com Teixeira e garantiu que, para ele, o fotojornalismo tem duas eras: antes e após Evandro.
"Profissionalmente, eu não preciso nem falar o que ele foi, está aí nas páginas, nas fotografias que ele fez. Ele sempre foi um ícone para a gente, com toda a referência, sagacidade de trabalho. Ele era uma pessoa maravilhosa, sempre alegre, disposto, brincando com todo mundo, podia ser a pior pauta que fosse, ele chegava nos lugares brincando, mexendo com todo mundo. Para mim, ele dividiu a fotografia em duas eras, uma antes do Evandro e outra após o Evandro. Para nascer o outro igual a ele vai demorar muito tempo", disse.
Já Ronaldo Lapa, jornalista e amigo, destacou as peculiaridades do fotojornalista nos momentos das pautas. Ao relembrar coberturas que fizeram, destacou que foi Evandro o precursor de fotos tiradas de cima, como em drones.
“Eu trabalhei com ele por oito anos. Ele foi o primeiro fotógrafo a introduzir o drone no jornalismo fotográfico. Naquela época não tinha drone, ele tinha uma escadinha, subia na escada e fotografava de cima. Se você reparar, a maior parte das fotos dele parece que foi feita de cima mesmo, além de tudo que ele fez, essa é mais uma. Ele era o homem da escadinha. O Evandro era fantástico, nunca vi de mau humor, estava sempre bem humorado, seja lá onde fosse”.
"Nós que conhecemos ele no detalhe, na mesa, nas manias, nos passarinhos, nas gírias, nós somos as maiores devotas dele. Antes mesmo de entender quem meu avô era para o mundo, eu já entendia o que ele era para mim e ele sempre foi meu ídolo máximo. Ele é exemplo de alegria, de generosidade. Uma pessoa que me ensinou a compartilhar a mesa sempre e chamar todo mundo para perto. Ele gostaria disso que está acontecendo, da festa, das memórias, de cada um ter uma história", contou.
O fotógrafo Tássio Marcelo Moreira Leal relembrou com carinho do tempo em que trabalhou com Teixeira e garantiu que, para ele, o fotojornalismo tem duas eras: antes e após Evandro.
"Profissionalmente, eu não preciso nem falar o que ele foi, está aí nas páginas, nas fotografias que ele fez. Ele sempre foi um ícone para a gente, com toda a referência, sagacidade de trabalho. Ele era uma pessoa maravilhosa, sempre alegre, disposto, brincando com todo mundo, podia ser a pior pauta que fosse, ele chegava nos lugares brincando, mexendo com todo mundo. Para mim, ele dividiu a fotografia em duas eras, uma antes do Evandro e outra após o Evandro. Para nascer o outro igual a ele vai demorar muito tempo", disse.
Já Ronaldo Lapa, jornalista e amigo, destacou as peculiaridades do fotojornalista nos momentos das pautas. Ao relembrar coberturas que fizeram, destacou que foi Evandro o precursor de fotos tiradas de cima, como em drones.
“Eu trabalhei com ele por oito anos. Ele foi o primeiro fotógrafo a introduzir o drone no jornalismo fotográfico. Naquela época não tinha drone, ele tinha uma escadinha, subia na escada e fotografava de cima. Se você reparar, a maior parte das fotos dele parece que foi feita de cima mesmo, além de tudo que ele fez, essa é mais uma. Ele era o homem da escadinha. O Evandro era fantástico, nunca vi de mau humor, estava sempre bem humorado, seja lá onde fosse”.
O velório de Evandro Teixeira reuniu grandes nomes da fotografia brasileira, que se despediram do mestre e amigo com profundo respeito e admiração. Entre os presentes estavam Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial do presidente Lula; Severino Silva, veterano da fotografia jornalística; e Sérgio Moraes, da agência Reuters.
O jornalista Octavio Guedes também esteve na despedida e afirmou que Teixeira será eternizado como "o fotógrafo dos grandes momentos históricos", mas sua genialidade ia muito além disso. "Quem conviveu com ele percebia que o Evandro só conseguia fazer esses momentos porque ele tinha um olhar especial para os momentos nada históricos. Por exemplo, se falassem para fazer uma reportagem sobre um buraco na rua, ele era o primeiro a se apresentar e voltava com uma foto diferente e mostrava que a história está na nossa esquina", disse. Para o jornalista, essa habilidade de transformar o comum em algo especial era a verdadeira magia de Evandro.
Ancelmo Gois, colunista do Jornal O Globo, também esteve presente no velório, onde lembrou com carinho a amizade e a parceria que mantiveram no Jornal do Brasil. Segundo Gois, além de um grande fotógrafo, Evandro foi um verdadeiro historiador. "Tudo que aconteceu de relevante na segunda metade do século XX, ele registrou. Portanto, a história do Brasil, da ditadura militar, das Diretas Já, tudo isso foi registrado pelo Evandro. Eu perco um amigo e o Brasil perde um bom fotógrafo", ressaltou.
O fotojornalista Daniel Ramalho se emocionou ao relembrar que decidiu sua profissão ao se deparar com as obras de Evandro, de quem virou amigo de longa data.
"Evandro foi meu ídolo, que acabou virando meu amigo. Nós trabalhamos juntos no Jornal do Brasil, foi ele quem me levou para lá, minha gratidão é imensa. Eu quis ser fotojornalista porque um dia esbarrei no livro dele, chamado Fotojornalismo. Eu vou sentir falta dele como meu amigo. Evandro era uma pessoa muito carinhosa, daquelas últimas que telefonava para saber, para contar história. A quantidade de pessoas aqui hoje, de fotógrafos, mostra o tamanho da importância dele para a fotografia, do legado dele na fotografia brasileira", assumiu.
"Evandro foi meu ídolo, que acabou virando meu amigo. Nós trabalhamos juntos no Jornal do Brasil, foi ele quem me levou para lá, minha gratidão é imensa. Eu quis ser fotojornalista porque um dia esbarrei no livro dele, chamado Fotojornalismo. Eu vou sentir falta dele como meu amigo. Evandro era uma pessoa muito carinhosa, daquelas últimas que telefonava para saber, para contar história. A quantidade de pessoas aqui hoje, de fotógrafos, mostra o tamanho da importância dele para a fotografia, do legado dele na fotografia brasileira", assumiu.
Reginaldo Pimenta, integrante da equipe de fotografia de O DIA, afirma que um de seus maiores incentivos para seguir a carreira de fotógrafo foi acompanhar a trajetória de Evandro Teixeira. Para Pimenta, o trabalho do fotojornalista sempre foi uma inspiração. "Conheci o Evandro no Jornal do Brasil, na época eu não era fotógrafo, eu fazia os retoques e cortes nas imagens. Ali, eu comecei a conhecer o fotojornalismo e passei a admirar e trabalhar diretamente com fotografia. O Evandro sempre foi inspiração, apesar de nunca ter trabalhado diretamente com ele, eu passei a ter o trabalho dele como referência. Eu observava muito o trabalho dele e isso me agregou muito. Me serviu como incentivo e como referência para vários fotojornalistas", explicou.
História
Nascido em 25 de dezembro de 1935, em Irajuba, na Bahia, Evandro começou sua carreira em 1958, aos 23 anos. Em 1963, entrou no "Jornal do Brasil", onde trabalhou por 47 anos. Foi neste veículo que ele capturou registros que se tornaram imortais na história da comunicação brasileira.
Durante a ditadura militar, entre 1964 e 1985, ele tirou fotos como a "Caça ao Estudante na 'Sexta-Feira Sangrenta’”, de um aluno caindo ao ser perseguido por dois policiais durante um movimento marcado pela repressão das autoridades, em junho de 1968. Dias depois, fotografou a famosa "Passeata dos Cem Mil".
Registrou, ainda, as visitas da Rainha Elizabeth II, em 1968, e do Papa João Paulo, em 1980, além de figuras icônicas do esporte brasileiro, como Pelé e Ayrton Senna.
Ao longo de seus quase 70 anos de carreira, documentou, através de suas lentes, imagens sobre música, moda e comportamento, além do Carnaval e outras festas populares.
As fotografias de Evandro estão espalhadas por inúmeros museus em todo o mundo. Seus cliques integram acervos de museus como o de Belas Artes de Zurique, na Suíça; o do Museu de Arte Moderna La Tertulia, na Colômbia; o do Masp, em São Paulo; e os do MAM e do MAR, ambos no Rio de Janeiro. Evandro recebeu muitos prêmios de fotografia, como o da Unesco, da Nikon e da Sociedade Interamericana de Imprensa.
História
Nascido em 25 de dezembro de 1935, em Irajuba, na Bahia, Evandro começou sua carreira em 1958, aos 23 anos. Em 1963, entrou no "Jornal do Brasil", onde trabalhou por 47 anos. Foi neste veículo que ele capturou registros que se tornaram imortais na história da comunicação brasileira.
Durante a ditadura militar, entre 1964 e 1985, ele tirou fotos como a "Caça ao Estudante na 'Sexta-Feira Sangrenta’”, de um aluno caindo ao ser perseguido por dois policiais durante um movimento marcado pela repressão das autoridades, em junho de 1968. Dias depois, fotografou a famosa "Passeata dos Cem Mil".
Registrou, ainda, as visitas da Rainha Elizabeth II, em 1968, e do Papa João Paulo, em 1980, além de figuras icônicas do esporte brasileiro, como Pelé e Ayrton Senna.
Ao longo de seus quase 70 anos de carreira, documentou, através de suas lentes, imagens sobre música, moda e comportamento, além do Carnaval e outras festas populares.
As fotografias de Evandro estão espalhadas por inúmeros museus em todo o mundo. Seus cliques integram acervos de museus como o de Belas Artes de Zurique, na Suíça; o do Museu de Arte Moderna La Tertulia, na Colômbia; o do Masp, em São Paulo; e os do MAM e do MAR, ambos no Rio de Janeiro. Evandro recebeu muitos prêmios de fotografia, como o da Unesco, da Nikon e da Sociedade Interamericana de Imprensa.
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