Publicado 08/11/2024 13:41
Rio – O tradicional bloco Cacique de Ramos foi declarado, nesta quinta-feira (7), patrimônio histórico e cultural, de natureza imaterial, do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo da nomeação é preservar a herança e o legado da agremiação, além de incentivar as suas apresentações e atividades próprias.
PublicidadeA lei foi sancionada pelo governador Cláudio Castro e publicada no Diário Oficial. A proposta também enfatiza a proibição de qualquer manifestação de preconceito, de natureza social, racial, cultural, política ou administrativa, contra o bloco ou seus integrantes.
"Agradecemos a todos que contribuíram para essa conquista histórica. Com esta honra, renovamos nosso compromisso de seguir promovendo o samba como símbolo de pertencimento, união e valorização dos talentos que perpetuam o legado do Cacique de Ramos", informou a agremiação por meio de um comunicado.
Fundado em 20 de janeiro de 1961, o Cacique de Ramos surgiu a partir do encontro de carnavalescos do bairro de Ramos, Zona Norte do Rio, e logo se tornou referência nas celebrações de rua. Sua fantasia de indígena estilizado é marca registrada no Carnaval no Centro desde 1963.
O bloco revelou talentos da música como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Xande de Pilares e Bira Presidente, um dos fundadores do bloco e do grupo de samba Fundo de Quintal.
"Para nós, é uma satisfação muito grande receber essa homenagem", afirmou Sidney Machado, o Chopp, diretor de Harmonia membro do Cacique de Ramos desde a fundação, ao DIA. "O Cacique é o único que sobrevive até hoje. Na nossa bateria, tem 300 ritmistas. O bloco sai com quase 4 mil pessoas. Tivemos uma resistência 'braba' até agora, mas graças a Deus, está sendo reconhecido e estamos recebendo os méritos", concluiu.
O coordenador do Centro de Memória do Cacique de Ramos, Walter Pereira, destaca o valor afetivo e simbólico do bloco, que se tornou um verdadeiro marco na vida de muitos carioca.
"A gente pode dizer que o cacique é um símbolo de permanência e de reinvenção, porque ele alcança 63 anos em termos de uma instituição, que é bastante coisa. É uma instituição que está marcada na paisagem afetiva do subúrbio do Rio de Janeiro, que faz então com que o cacique seja um fenômeno bastante regional. Ele é abraçado e mantido por gerações e gerações de famílias, principalmente dos subúrbios, da Baixada Fluminense, que permanecem vinculados a essa agremiação. Então, ele é um símbolo de resistência cultural", diz Walter.
Ao refletir sobre a longa história do Cacique de Ramos, ele ressalta que o afeto foi o elemento central que manteve viva essa agremiação. "A gente constata que o que manteve o cacique vivo enquanto instituição é o afeto das pessoas, o afeto dos seus dirigentes que mantiveram a agremiação aberta, a agremiação funcionando, o afeto dos seus componentes que nunca deixaram de ir ao bloco e o afeto dos frequentadores e das pessoas que mantiveram as diferentes versões da roda de samba de pé. E é isso que a gente pensa quando se refere a patrimônio. Patrimônio é aquilo que a gente gostaria de transmitir às novas gerações", finaliza.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.