Publicado 25/11/2024 06:00 | Atualizado 25/11/2024 08:32
Ele fez centenas de reportagens nos mais variados lugares, sobre diversos assuntos e era referência para os jornalistas mais novos que o admiravam e queriam imitá-lo no seu jeito de transmitir aos telespectadores a reportagem. Ficou muito conhecido com o quadro 'Me Leva', exibido pelo Fantástico durante 16 anos.
Por aqueles reveses que a vida dá e não se tem explicações, uma doença séria fez com que Maurício Kubrusly mudasse de vida e de local de moradia. Saiu de São Paulo e, atualmente, o jornalista mora em Serra Grande, no Sul da Bahia, com sua mulher, a arquiteta Beatriz Goulart, e o cachorro Shiva, para que tenha uma vida mais tranquila, junto à natureza.
Há cerca de um ano e meio, a demência frontotemporal, doença degenerativa sem cura, afetou Maurício e, ultimamente, ele não tem memória ou muito pouco de tudo que contribuiu para o jornalismo brasileiro.
Para que outras pessoas conheçam um pouco mais de sua trajetória será lançado pelo jornalismo da Globo o documentário 'Kubrusly: Mistério Sempre Há de Pintar por Aí', de Evelyn Kuriki e Caio Cavechini. O longa será exibido na 11ª Mostra de Cinema em São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte, em 22 de novembro, e a previsão é de que o documentário esteja no Globoplay em dezembro.
Em entrevista ao DIA, a neurologista Carolina Alvarez fala mais a respeito da doença que atingiu Maurício Kubrusly e o ator Bruce Williams, que teve o diagnóstico em 2022.
O DIA: Como acontece a demência frontotemporal?
Carolina Alvarez: A demência frontotemporal ainda não tem suas causas totalmente conhecidas e definidas. Sabe-se que se tem uma degeneração dos neurônios, principalmente nos lobos frontais e temporais, o que vai levar às características de sinais e sintomas desse tipo de demência.
Quais são as características da doença?
O paciente fica mais desinibido. São sintomas comportamentais por conta dessa atrofia da região frontal. Além disso, pode ter alterações de fala, não conseguir se expressar de maneira adequada, não conseguir fazer tarefas simples do dia a dia como fazia antes, além, obviamente, da questão do esquecimento e de agressividade.
Alguma coisa pode ser feita para que a doença não se desenvolva?
Não tem nada que a gente possa fazer para prevenir a demência frontemporal. Ela é uma doença que ainda não tem causa totalmente estabelecida. Então, não existe nenhuma prevenção. A gente vai fazer as prevenções que a gente faz para todos os quadros cognitivos. Então, prática de atividade física, manter uma mente bem ativa, alimentação saudável, controle de fatores de risco como hipertensão e diabetes, que é o que a gente recomenda para prevenção, para diminuir o risco de qualquer quadro demencial.
Há alguma forma de estagnar?
Para a gente tentar frear o aparecimento de sintomas, basicamente é manter o paciente sempre com a mente ativa, se exercitando, isso ajuda. Terapia ocupacional também vai ajudar a diminuir as perdas de fala, diminuir as perdas, de como fazer as tarefas simples do dia a dia, mas não existe nenhum tratamento específico que possa fazer a doença não progredir.
Reza o dito popular que quem faz palavras cruzadas, lê muito e está sempre fazendo atividades físicas e exercitando o cérebro não é atingido por esses males. Mas o repórter Mauricio Krubusly segue com a demência frontotemporal e a jornalista Albeniza Garcia (já falecida), assim como outras pessoas ativas, teve alzheimer. Qual a explicação? Teria a ver com hereditariedade?
Existe um fator hereditário para qualquer tipo de demência. A gente sabe que pacientes que têm uma história familiar positiva têm maior chance. E essas medidas de se manter ativo fisicamente e mentalmente são para a gente tentar diminuir as chances. A gente não vai isentar ninguém de ter nenhum tipo de demência apesar dessas práticas de se manter ativo tanto mentalmente quanto fisicamente.
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