Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil Wellington DiasArmando Paiva / Agência O Dia
Publicado 15/11/2024 12:18
Rio - O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, afirmou que uma das principais preocupações dos países do G20 é retirar cerca de 600 milhões de pessoas ao redor do mundo do Mapa da Fome. O objetivo faz parte de uma das 17 metas estabelecidas pela Agenda 2030 da ONU, em 2015, a serem cumpridas até 2030. A declaração aconteceu durante a plenária Combate à fome, pobreza e desigualdades, no segundo dia do G20 Social, nesta sexta-feira (15).Em sua fala, o ministro destacou a importância do G20 Social por estimular o envolvimento da sociedade civil no debate de pautas que afetam diretamente a população e na apresentação de soluções que serão debatidas pelos líderes mundiais. Além do panorama global, Dias também disse que uma das metas do governo brasileiro é que país tenha saído do Mapa da Fome em 2026, do qual voltou a fazer parte em 2022. O Brasil havia saído em 2014.
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"Contem com o Brasil, vamos tirar o país do Mapa da Fome até 2026, vamos tirar (a população) da pobreza", declarou o ministro, afirmando que espera que a erradicação da fome e da pobreza seja uma realidade mundial. "O Brasil não quer ser campeão sozinho, queremos tirar o mundo do Mapa da Fome, queremos em 2030 ter um mundo melhor".

Segundo Dias, o Governo Federal já vem adotando medidas e, no ano passado, aproximadamente 24,4 milhões de brasileiros saíram da situação de insegurança alimentar. A expectativa é tirar mais 5 milhões. Ainda em seu discurso, o ministro apontou que a educação e o emprego são caminhos para o enfrentamento da pobreza, mas a fome deve ser prioridade para os Chefes de Estado.

"O problema da fome e da pobreza tem que resolver dando emprego, mas quem já viveu a fome sabe que não se aprende (com fome), não se tem resultado na educação, não da para buscar emprego. Primeiro tem que resolver a fome. Dar o peixe e o anzol, mas primeiro dar o peixe (...) a fome tem pressa e as crianças que tem fome mais ainda", disse o ministro.
A plenária teve também a participação de Nosipho Nausca-Jean Jezile, representante permanente da África do Sul na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, no inglês) e presidente do Comitê de Segurança Alimentar (CSA), do qual o Brasil é membro. Ela destacou que no mundo, 1 a cada 9 pessoas passam fome e destas, 4 estão no continente africano, o que descreveu como um fenômeno extremamente desafiador a ser combatido. Para Nosipho, é necessário implementar ações mais efetivas na erradicação da fome e da pobreza e garantias de que a sociedade civil tenha voz nas decisões. Segundo a presidente, as medidas acordadas no G20 podem não representar a solução total do problema, mas são um "ótimo começo".
Já Ibrahima Coulibaly, presidente da Organização Pan-Africana de Agricultores (PAFO), afirmou que a sociedade se acostumou a resultados cada vez piores com relação à fome e à pobreza e pontuou que não faltam técnicas, tecnologia ou recursos financeiros a serem usados, mas um consenso entre as lideranças globais, por conta de interesses divergentes. Ela ainda apontou que quando medidas são definidas, ainda sofrem dificuldade para implementação. "Sempre estamos frustrados, porque temos capacidade de alimentar". O presidente ainda reforçou que as nações têm a responsabilidade de alimentar seu povo e precisam ter atenção na produção alimentar, para que garantam qualidade de vida para a população. Ele disse também que os programas brasileiros de combate à fome e à pobreza são um exemplo a ser seguido pelos outros países.
Representando a sociedade civil, a presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), encerrou a plenária dizendo que a discussão do tema precisa considerar as falas da população na tomada de decisões. "É fundamental que essa mesa tenha cadeiras legitimas daqueles que sofrem com as decisões", declarou. Ela ainda defendeu que os países desenvolvidos ajudem a custear as ações dos que já são gravemente afetados pela fome e pobreza.

Depois da plenária, um grupo de trabalho vai discutir e apresentar soluções para o tema, que serão formalizados em um documento entregue ao presidente Lula, que é também presidente do G20. As propostas serão apresentadas aos Chefes de Estado nas reuniões de cúpula, que acontecem nas próximas segunda-feira e terça-feira, no Museu de Arte Moderna, no Aterro do Flamengo, Zona Sul.
Já a segunda plenária sobre sustentabilidade, mudança do clima e transição justa são debatedores Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Laurence Tubiana, da França, economista, diplomata e negociadora-chefe do Acordo de Paris, uma liderança indígena brasileira e Adriana Marcolino, representante da Sociedade Civil Brasileira e Diretora Técnica do Dieese.
A terceira plenária do dia vai discutir a reforma da governança global e terá nomes como Celso Amorim, assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República do Brasil, Yildiz Temürtürkan, da Turquia, coordenadora internacional da Marcha Mundial das Mulheres, o escritor coreano Ha Joon Chang, economista, professor e autor do best-seller internacional “Chutando a Escada” e Antonio Lisboa, representante da sociedade civil brasileira, da Confederação Sindical Internacional (CSI).
Aliança Global contra a pobreza
Na tarde desta sexta-feira (15) será realizado, no auditório do Espaço Kobra, na Praça Mauá, o Anúncios de Sprints 2030 da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Os anúncios concentram-se em ações com um histórico comprovado de entrega de resultados em larga escala como transferência de renda, merenda escolar, inclusão socioeconômica, apoio à saúde materna e primeira infância, agricultura familiar e de pequenos produtores, e soluções para o acesso à água. Esses esforços representam a iniciativa mais ambiciosa até hoje voltada para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 1 e 2.
Para o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, "enquanto houver famílias sem comida em suas mesas, crianças pedindo nas ruas e jovens sem esperança de um futuro melhor, não haverá paz. O mundo produz comida suficiente para todos, e sabemos pela experiência que uma série de políticas públicas bem desenhadas, como as transferências de renda, como o programa Bolsa Família, e as refeições escolares nutritivas para as crianças têm o potencial de acabar com a fome e restaurar a esperança e a dignidade das pessoas". 
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