Lula recebeu o documento final da Cúpula do G20 Social neste sábado (16)Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Publicado 16/11/2024 14:00
Rio – O documento final da Cúpula do G20 Social foi entregue na tarde deste sábado (16) nas mãos do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no Armazém 3, Zona Portuária do Rio. O texto, elaborado por organizações sociais, propõe o combate à pobreza, a taxação das fortunas dos super-ricos e uma reforma da governança global.
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Durante a cerimônia, Lula destacou a importância histórica do momento, tanto para ele quanto para o próprio grupo. "Aqui, toma forma a expressão e a vontade coletiva, motivada pela busca de um mundo mais democrático, mais justo e mais diverso. De forma inédita, os grupos de engajamento puderam interagir com chanceleres e com os ministros das finanças e presidentes de bancos centrais das maiores economias do planeta. Nos últimos dias, pela primeira vez na trajetória do G20, a sociedade civil de várias partes do mundo, em suas mais diversas formas de organização, se reuniu para formular e apresentar suas demandas à cúpula de líderes", afirmou.
O presidente reforçou a responsabilidade dos países-membros do G20 em transformar as demandas da sociedade civil em ações concretas que beneficiem milhões de pessoas. "Os membros do G20 têm o poder e a responsabilidade de fazer a diferença para muita gente. Nada disso teria sido possível sem a contribuição de todos vocês que estão aqui hoje", disse.

Lula reconheceu o papel essencial das organizações e movimentos na formulação de políticas, destacando que a mobilização dessas entidades será fundamental para impulsionar iniciativas como a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a tributação dos super-ricos. Ele garantiu que levará as recomendações contidas na declaração final aos líderes do G20.

Por fim, o presidente expressou seu desejo de que o pilar social consolidado durante a presidência brasileira continue nos próximos anos, ampliando o diálogo entre governos e cidadãos. "Espero que este pilar social do G20 continue nos próximos anos, abrindo cada vez mais nossas discussões para o engajamento da cidadania. Esta cerimônia de encerramento marca o começo de uma nova etapa", afirmou.
No evento, discursaram as representantes das sociedades civis do Brasil, Ceres Hadich, e internacional, Tawakkol Karman; o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo; e o ministro das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, Ronald Lamola. Também esteve presente o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Propostas
O documento entregue a Lula reflete as principais propostas pensadas por grupos sociais ao longo dos trabalhos realizados durante o ano, organizadas em torno dos três eixos centrais da presidência brasileira do G20.

Entre elas, estão o combate à fome, à pobreza e à desigualdade, com enfoque na garantia de segurança alimentar e inclusão social; ações voltadas para a sustentabilidade, mudanças do clima e transição justa, incluindo a promoção de energias renováveis e proteção de ecossistemas; e a defesa da reforma da governança global, buscando maior representatividade e equidade nas instituições internacionais. Mais de 40 mil pessoas participaram de mais de 200 ações promovidas no G20 Social.
Ganhadora do Prêmio Nobel pede paz
Tawakkol Karman, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 2011 e reconhecida defensora dos direitos humanos, fez um apelo durante a entrega do documento do G20 Social com propostas da sociedade civil. Sua fala destacou os desafios globais mais urgentes e o papel crucial dos líderes mundiais para promover uma paz sustentável.
Karman apontou que as principais razões para a ausência de paz global são as mudanças climáticas, os conflitos internacionais, a desigualdade econômica e a crescente pobreza, além da falta de uma governança global eficiente. Segundo ela, enfrentar esses desafios é indispensável. "Nós devemos proteger a democracia e dar suporte às mulheres e aos jovens. Isso cabe aos tomadores de decisão, temos que proteger os povos indígenas dando a eles todos os seus direitos. Assim, podemos construir a paz global."
Além disso, Tawakkol reforçou a urgência de reduzir o abismo entre ricos e pobres, chamando a atenção para o fato de que a desigualdade está se aprofundando. "Os países pobres estão cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos. Os líderes que estão se encontrando amanhã precisam aceitar as responsabilidades de distribuir a riqueza para os países mais pobres, criando desenvolvimento em todos os lugares desse planeta. É assim que podemos criar uma paz sustentável", afirmou.
Para Karman, os líderes globais que se reunirão na Cúpula do G20 devem agir com urgência para reverter essa situação. Ela convocou os chefes de estado a usarem seu poder não para dividir, mas para curar e unir o mundo. Concluindo seu discurso, Karman afirmou que a igualdade na humanidade é a chave para a paz global. "Aqui, nós, o povo, convocamos os líderes que vão se reunir amanhã, precisam se sentir responsáveis pelos problemas que criaram. Eles têm o poder e precisam reagir. Precisam usar o poder para curar e não causar mais dano. Os senhores precisam usar o poder para unir e não dividir", finalizou.
Ministro exalta documento
Márcio Macêdo, ministro de Estado da Secretaria-Geral da Presidência da República, destacou a importância da participação social na formulação de políticas públicas. Durante o encerramento do G20 Social, Macêdo ressaltou a relevância do texto elaborado.
"Esse documento é a participação social na defesa das políticas públicas que serão construídas pelo chefe de estados. Esse G20 Social faz um furo no presente e entra no G20 dos chefes de estados para que o passado possa construir um futuro melhor para a humanidade. Agora, o troféu vai ser passado para o governo da África do Sul. E o nosso desejo, a nossa vontade, a nossa necessidade, é que o próximo G20 Social feito pela África do Sul seja maior e melhor do que foi o G20 Social brasileiro", disse.
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