Marcelly Neves de Lima é apontada como líder de um esquema de venda de medicamentos para emagrecerReprodução / Redes Sociais
Publicado 27/11/2024 11:37
Rio - Marcelly Neves de Lima, presa nesta quarta-feira (27), apontada como líder de um esquema de vendas de medicamentos falsos para emagrecer, conta com mais de 100 mil seguidores nas redes sociais. Elda Maria das Neves, mãe de Marcelly, e Diana Ramos Soares também foram detidas.
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A influenciadora ostentava uma vida de luxo, exibindo fotos em viagens, restaurantes sofisticados e festas glamourosas, além de mostrar cuidados com unhas e cabelos. Ela também divulgava uma casa de praia para aluguel.
A quadrilha conta com um grupo no WhatsApp de mais de 900 clientes, onde o produto "Seca Máximo" é comercializado. Marcelly participava ativamente, esclarecendo dúvidas e divulgando vídeos explicativos sobre o uso das cápsulas, horários e dosagens, além de lançar promoções para atrair mais compradores. O frasco era vendido por, em média, R$ 130. 
Em um vídeo publicado no grupo de clientes, Marcelly reforçou sua postura firme sobre o preço do produto e revelou ter mais de mil clientes. No vídeo, ela deixa claro que não cederia a pressões por descontos: "Gente, o valor não vai ser menos do que R$ 130. Eu ainda ajudo algumas pessoas, dou o desconto, tiro a minha porcentagem. Aí tem gente que fala: 'Ah, não posso comprar porque tá caro hoje'. Não compra, entendeu? É isso, eu não vou ficar tirando meu lucro por conta de pessoas que não querem comprar. Eu tenho pra mais de mil clientes, entendeu? Até o dia 20 vai manter esse valor, quem quiser comprar, compra. Quem não quiser comprar, não compra. E é isso", declarou.
Em outro momento no grupo, uma cliente relatou ter desistido de comprar o produto após ouvir o relato alarmante de outra consumidora: "Estava na dúvida de comprar, mas depois do relato de uma menina que falou que quase morreu, estou fora".
A consumidora que enfrentou os efeitos adversos descreveu ter passado muito mal e precisou procurar ajuda médica: "Não emagreci nada, tomei um mês, me arrastando. Passei muito mal, com muito efeito colateral e parei no hospital. Minha pressão foi a 80/50." Segundo ela, Marcelly chegou a prometer devolver o dinheiro, mas, em vez disso, a bloqueou e não deu mais satisfação.
O grupo criminoso prometia perda de 10 kg em menos de 15 dias. As investigações começaram após diversas vítimas relatarem graves efeitos colaterais, como tonturas, vômitos, tremores e sudorese. O medicamento foi enviado para análise pericial, que revelou a presença de Sibutramina, um inibidor de apetite que age no sistema nervoso central, e Bisacodil, um laxante, ambos proibidos para venda sem prescrição e fiscalização da ANVISA.

Durante a operação, diversos frascos do medicamento foram apreendidos, todos sem registro na ANVISA, lote, validade ou bula. No grupo, a quadrilha minimizava os efeitos adversos, alegando que os sintomas eram "normais" e desapareceriam com o uso contínuo.
A operação da Polícia Civil, batizada de "Seca Máximo", cumpriu 12 mandados de busca e apreensão na capital, Baixada Fluminense e Região dos Lagos, resultando na prisão de Marcelly, Elda e Diana. As três responderão pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, venda de produto farmacêutico corrompido, associação criminosa, exposição a perigo à vida alheia e crimes contra o consumidor.
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