Sara Regina Cardoso Coelho recebeu alta hospitalar nesta terça-feira (26)Arquivo Pessoal
Publicado 27/11/2024 20:35
Rio - A lembrança mais vívida de Sara Regina Cardoso Coelho, de 28 anos, sobre o dia 21 de novembro, data em que foi baleada na barriga, no Méier, é o medo da morte.  Segundo a dona de casa, em entrevista ao O DIA, a situação traumatizante a fez pensar em tudo que poderia perder. "No momento em que aconteceu, senti muito medo. Eu achei que morreria e que nunca mais ia poder ver meus filhos, minha família. Foi um momento de bastante desespero", relembrou Sara.

Ainda em recuperação, a mãe de quatro filhos, que antes de ser baleada acompanhava a própria filha internada no Hospital Federal da Lagoa, na Zona Sul, diz que ainda sente dores. Ela ficou seis dias internada, sendo parte deles no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, onde passou por cirurgia e o restante no hospital particular Memorial Tijuca.

"Agora é só esperar a recuperação mesmo. O pior já passou. Sinto muitas dores, então ainda preciso de ajuda para andar e ir ao banheiro. Mas graças a Deus, eu estou viva. Poderia ter sido pior, eu poderia estar vegetando em uma cama ou minha família estar chorando a minha morte", detalhou.

Apesar do relato da família e da própria vítima quanto à autoria dos disparos, que teriam partido de PMs, Sara continua determinada a ser policial militar. A mulher definiu o caso como uma "imprudência": "Não vou desistir do meu sonho baseada nessa imprudência, nessa tragédia".
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Segundo relato do marido de Sara, que dirigia o carro onde ela estava, o veículo não foi abordado pelos policiais militares e nem houve qualquer ordem de parada. As vítimas apenas ouviram os disparos quando passavam pela Rua Silva Rabelo. Ela chegou a se abaixar quando ouviu os disparos, mas um dos tiros que atingiu a traseira do veículo acertou seu tórax.
Recepção calorosa
Nesta terça-feira (26), parentes de Sara a receberam em casa com uma comemoração, com direito a balões, cartazes e culto em agradecimento pela sua recuperação. Segundo o irmão da jovem, Daniel Domingos, um dos responsáveis pela comemoração, a irmã é um milagre. 
"É com muita alegria e felicidade que venho agradecer a vida da minha irmã e por esse milagre que ela é. (...) A nossa família só falta soltar fogos pela recuperação dela", disse Daniel. 
O que diz a PM?
Na ocasião, a PM informou que equipes do 3º BPM (Méier) realizaram uma abordagem a um veículo do tipo sedan de cor branca, na Rua Silva Rabelo, quando os ocupantes reagiram e houve confronto. "No local, a passageira de um veículo próximo foi atingida e socorrida ao Hospital Salgado Filho", ressaltou a corporação.
O caso está sendo investigado pela 26ª DP (Todos os Santos). De acordo com a Polícia Civil, agentes realizam diligências "para esclarecer a dinâmica e a circunstância dos fatos."
Por meio de nota, a Polícia Militar informou que "a corporação colabora integralmente com as investigações da Polícia Civil". Ainda de acordo com a PM, a Corregedoria da Corporação acompanha o caso e apura o motivo pelo qual os agentes não utilizavam as câmeras no momento da ação.
Segundo o advogado à frente do caso de Sara, Jairo Magalhães, a defesa acompanha o trabalho de investigação realizado pela polícia civil e acredita que a autoria dos disparos possa ser confirmada ainda nesta semana. 
"Estamos acompanhando junto à 26ª delegacia de polícia toda essa investigação e aguardando o retorno do ICCE do confronto de balística dos fragmentos que foram retirados do corpo da Sara. Além disso, estamos aguardando a vinda da outra câmera que é do estado. Uma câmera acima e que pega exatamente toda a Rua. Aguardamos e esperamos que todas as respostas ainda venham esta semana", esclareceu.
 
 
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