Publicado 23/12/2024 00:00
Interromper o uso de medicamentos psiquiátricos sem acompanhamento médico pode ser fatal. "A descontinuação abrupta pode levar a crises severas, como ideias suicidas ou episódios graves de desorientação, colocando a vida do paciente em risco. O cérebro precisa de tempo para se ajustar sem a medicação, e isso só pode ser feito com supervisão profissional", alerta o médico psiquiatra Pedro Nishikawa.
Essa prática, infelizmente, é mais comum do que se imagina. Muitas pessoas, ao experimentarem uma melhora inicial com os remédios, acreditam que já podem suspendê-los. "Esse é um grande equívoco. Os medicamentos psiquiátricos têm uma função crucial na estabilização emocional, e o abandono precoce pode resultar em recaídas ainda mais graves", reforça o médico.
Papel dos medicamentos
Os medicamentos controlados são recomendados para tratar condições em que o sofrimento mental compromete a funcionalidade e a qualidade de vida. "Ansiedade severa, depressão, transtornos de humor e crises de pânico são exemplos de situações que frequentemente demandam o uso de remédios, ao menos por um período, para estabilizar o paciente", explica Nishikawa.
Geralmente, os medicamentos começam a surtir efeito a partir da segunda semana. Após a estabilização, é essencial manter a dose terapêutica por pelo menos 9 meses. "O tratamento medicamentoso não age sozinho. Ele deve ser combinado com psicoterapia, boa higiene do sono, prática regular de exercícios físicos e uma alimentação saudável para promover mudanças duradouras na saúde mental", detalha o psiquiatra.
Os riscos da síndrome de descontinuação
Parar abruptamente o uso de medicamentos pode desencadear a síndrome de descontinuação, um conjunto de sintomas intensos e debilitantes. "Os principais sinais incluem irritabilidade, tontura, insônia, inquietação, apatia e até mesmo pensamentos suicidas. Em alguns casos, o paciente pode sentir-se desconectado da realidade, em um fenômeno chamado de despersonalização", explica o psiquiatra.
Essa síndrome não apenas causa sofrimento intenso, mas também pode levar a uma nova crise emocional, frequentemente mais severa do que a inicial.
Gatilhos e recaídas
Traumas, ofensas e situações de estresse são os gatilhos mais comuns para recaídas, especialmente em pessoas que interrompem o tratamento psiquiátrico sem orientação. "Quando o cérebro está vulnerável, mesmo eventos cotidianos podem desencadear crises graves de ansiedade, depressão ou pânico. É como se o terreno já fosse frágil, e a interrupção abrupta do remédio apenas agravasse a instabilidade", explica o médico.
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