Publicado 08/12/2024 16:37
Rio - Uma mulher foi autuada em flagrante por intolerância religiosa e racismo, na tarde deste sábado (7), após ofender participantes de um seminário que debatia a implementação do Observatório Mãe Beata de Iemanjá, em um hotel na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
PublicidadeO observatório, instituído por uma lei estadual em 2021, tem o objetivo de coletar, ordenar e analisar dados sobre violência contra grupos e terreiros de religiões de matriz africana no Estado do Rio, além de promover a integração entre os órgãos que investigam, julgam e os que registram os casos.
Neste sábado (7), durante o segundo dia de evento, policiais militares foram acionados para o hotel depois de uma hóspede ser acusada de racismo e de intolerância religiosa. Em um vídeo postado nas redes sociais pela vereadora de Niterói Benny Briolly (Psol), uma das vítimas relatou que a mulher a chamou de "gorda e macumbeira" após entrar no mesmo elevador que ela. A parlamentar se manifestou sobre o caso.
"Nós não aceitaremos tamanha violação de direito, principalmente em um evento que tem como perspectiva o combate ao fundamentalismo, intolerância e racismo religioso", escreveu.
As ofensas contra as pessoas vestidas com roupas de matriz africana teriam começado na sexta-feira (6). Gabriela Ramos, uma das anfitriões do evento, que também se hospedou no hotel para o seminário, disse que procurou os meios legais para fazer a mulher ser penalizada pelos crimes.
"Ela conseguiu propagar comentários racistas, intolerantes e gordofóbicos. Nós estamos mostrando pra ela onde é o lugar de um intolerante religioso, de um racista religioso, que é na cadeia e atrás das grades. Nós estamos mobilizados, fazendo tudo que precisa ser feito dentro da lei pra que ela pague por todos os atos e por todas as falas que ela teve", comentou.
A deputada estadual Renata Souza (Psol), autora da lei que instituiu o observatório, explicou que o evento buscava sugerir metodologias e traças estratégias para implementação do equipamento. De acordo com a parlamentar, a acusada disse que o hotel não estava prestando boa assistência aos hóspedes como ela em função da presença de "macumbeiros".
"É inaceitável que o povo de santo seja diuturnamente vilipendiado por situações de racismo religioso. Um caso como esse, em um momento em que justamente se debate um equipamento de combate a intolerância é bastante emblemático, pois diz muito sobre o racismo que vitima cotidianamente os povos tradicionais de matrizes africanas", postou a deputada.
A mulher foi levada pelos policiais militares para a 16ª DP (Barra da Tijuca). Segundo a Polícia Civil, ela foi autuada em flagrante pelos crimes de intolerância religiosa e de racismo. O caso foi encaminhado à Justiça.
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