Templo da Humanidade, sede da Igreja Positivista do Brasil, fica na Glória, Região CentralReprodução / Google Maps
Publicado 20/12/2024 18:02
Rio - O Templo da Humanidade, da Igreja Positivista do Brasil, localizado na Glória, Região Central do Rio, foi fechado para visitação pública, após fiscalização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A informação foi divulgada nas redes sociais da entidade.

Além disso, atividades nas áreas externas e internas do prédio histórico e pesquisas no acervo também foram proibidas pelo ofício do Iphan, enviado aos responsáveis na última terça-feira (17).

Localizado na Rua Benjamin Constant, 74, o Templo da Humanidade é um importante marco da história republicana do Brasil, protegido por tombamento em âmbito federal, estadual e municipal. Apesar de estar interditado pela Defesa Civil desde 2009, após o desabamento de parte do telhado devido a danos causados por cupins, o local continuou recebendo algumas atividades, como pesquisas no acervo e visitas, até o Iphan determinar a suspensão. No entanto, o órgão não divulgou mais detalhes sobre o motivo. 
Publicidade
Construído entre 1891 e 1896, o edifício destaca-se como um dos principais legados da Religião da Humanidade, idealizada pelo filósofo francês Auguste Comte, criador do movimento positivista. Inspirado no Iluminismo, o pensador criou a religião com foco na racionalidade e no altruísmo, com rituais e iconografias que se inspiraram no catolicismo.

O prédio histórico tornou-se sede da Igreja Positivista do Brasil, fundada por seguidores de Comte, em 1897, após a instituição funcionar por 16 anos no Centro da cidade. O local abriga um rico acervo histórico e cultural, com cerca de 1.500 obras de diversos artistas renomados, como Décio Villares e Eduardo de Sá, e milhares de folhetos de propaganda que integram o Programa Memória do Mundo da Unesco.

Entre os materiais, estavam uma cama que pertenceu a Tiradentes e o primeiro exemplar da atual bandeira nacional republicana, que foi furtado.

Em 1903, foi celebrado no templo o casamento do então major Cândido Rondon (1865 - 1958), futuro marechal do Exército Brasileiro.

O lema "Ordem e Progresso", escrito na bandeira do país, é positivista. Na fachada do prédio histórico, estão os dizeres "O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim".

Em 2014, um projeto de revitalização começou a ser conduzido no local, que tinha como objetivo reverter o processo de degradação e organizar obras de restauração. Em 2018, o telhado foi reconstruído, mas o templo não reabriu oficialmente. 
*Reportagem do estagiário Gabriel Rechenioti, sob supervisão de Raphael Perucci
Leia mais