Myguel Xavier, de 13 anos, foi atendido no CER Barra da Tijuca e liberado, mesmo com fortes doresArquivo pessoal
Publicado 09/02/2025 21:59 | Atualizado 09/02/2025 22:53
Rio - A família de Myguel Xavier, de 13 anos, denuncia a Coordenação de Emergência Regional (CER) Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, de negligência médica e responsabilidade pela morte do adolescente. O caso aconteceu na última sexta-feira (7) e está sendo investigado pela Polícia Civil como morte sem assistência médica.
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Myguel foi levado à unidade de saúde com suspeita de dengue na quinta-feira (6), onde foi atendido, medicado e liberado com recomendações médicas. Segundo Karine Oliveira, mãe do adolescente, o filho recebeu alta mesmo apresentando um quadro grave, com extrema debilidade e quase inconsciente.

"Ele estava com muitas manchas, dor no corpo todo e queimando em febre. Mesmo assim, o enfermeiro só deu um medicamento e liberou, apesar dele ainda apresentar muita febre e dores, principalmente nas pernas", contou Karine ao DIA.

De volta para casa, o estado de saúde do adolescente piorou. Ele foi levado às pressas para a UPA da Cidade de Deus em estado grave, hipoglicêmico e com alteração das funções renais. Myguel morreu na sexta-feira (7) na unidade de saúde.

Deboche e dor
Karine relatou uma situação dolorosa ao buscar os exames do filho no CER Barra. "A médica que me entregou os resultados dos exames disse que ele estava melhor que ela, em tom de deboche. E voltamos para casa", revelou a mãe, profundamente abalada.

A família responsabiliza os profissionais da unidade pela morte. "Eles mataram o meu filho. Nós queremos justiça. Eu estou sem chão", desabafou Karine. O corpo do adolescente foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), onde passou por perícia. A causa da morte ainda não foi confirmada, já que o laudo ficará pronto em 30 dias. No entanto, a mãe diz que o médico legista disse informalmente no IML que o número de plaquetas do menino correspondia ao diagnóstico de dengue, mas que somente o laudo poderia confirmar.

Amigos e a direção da escola onde ele estudava manifestaram indignação nas redes sociais, exigindo uma investigação rigorosa. O diretor da Escola Professor Darcy Ribeiro destacou que a instituição acompanhará o caso de perto. "Ao que tudo indica, a situação do Myguel foi resultado de negligência médica. A equipe do Darcy está muito atenta a essa situação. Estamos em contato com a família, que não está nada bem. Vamos buscar justiça. Ele deveria estar aqui feliz, pois as aulas voltariam nesta segunda. Era um menino novo", disse o diretor em um vídeo nas redes sociais.
Myguel era o mais de velho de uma família com quatro filhos. O sepultamento dele aconteceu neste domingo (9), no Cemitério Municipal de Nilópolis. A 32ª DP (Taquara) está responsável pelas investigações.

O que diz a Secretaria Municipal de Saúde
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS-Rio) informou que Myguel foi atendido pelo SAMU e pelo CER Barra na quinta-feira (6). Após exames de hemograma e PCR sem alterações e resultado negativo para dengue, ele foi liberado com a recomendação de retornar caso o quadro se agravasse.

Posteriormente, o adolescente deu entrada na UPA da Cidade de Deus em estado grave, com hipoglicemia e disfunção renal. "Infelizmente, apesar dos esforços e do pronto atendimento, ele não resistiu. O teste rápido para dengue na UPA também foi negativo. O corpo foi encaminhado ao IML para investigação da causa da morte", informou a pasta em nota.

As direções das unidades lamentaram o ocorrido e disseram estar à disposição da família para os esclarecimentos necessários.
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