Publicado 30/05/2025 14:03
Rio - O Hospital Federal do Andaraí, localizado na Zona Norte, recebeu, nesta sexta-feira (30), um acelerador linear, equipamento de alta tecnologia para o tratamento contra o câncer. A entrega ocorreu durante anúncio de um programa para reduzir a espera por médicos especialistas no Sistema Único de Saúde (SUS), uma iniciativa do Ministério da Saúde.
PublicidadeO presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou do lançamento do "Agora tem Especialistas" direto do Palácio do Planato, em Brasília. Em transmissão por vídeo, ele destacou a necessidade de levar equipamentos para a área da saúde que atendia à população mais pobre durante seu segundo mandato. Além disso, relembrou a criação do Programa Mais Médicos, em 2013, durante o Governo Dilma.
"Já há muito tempo, quando o [José Gomes] Temporão era meu ministro da Saúde, no meu segundo mandato, eu queria um estudo para saber se a gente poderia fazer com que a gente trouxesse especialistas para as pessoas que frequentavam a assistência do SUS. O Temporão tentou e eu quis que tivesse um plano de saúde público, mais barato, mas que o pobre tivesse direito de ter as máquinas que o povo rico tem. Não queria tirar nada de ninguém, só ajudar ao pobre a chegar naquela máquina", explicou.
"Em 2012, eu já não era mais presidente, eu estava na via Anhanguera junto com o doutor Padilha, a Dilma e Aloizio Mercadante discutindo o Mais Médicos. Eu dizia para o Padilha: 'Acho que estamos cometendo um equívoco, porque o problema do pobre não é a receita, é a segunda consulta.' Pela primeira vez, a gente conseguiu fazer com que os médicos chegassem a quase todos os municípios brasileiros. Eu lembro que, quando a Luiza Erundina era prefeita, ela tinha dificuldades de levar médicos nas regiões mais pobres de São Paulo por causa da violência e o medo que as pessoas tinham de trabalhar lá. Quando nos voltamos a presidir o país, o Mais Médicos estava só com 13 mil profissionais. Hoje, nós somos 28 mil profissionais", contou.
Quem o representou na cerimônia no Rio foi a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, irmã da vereadora Marielle Franco. "Essa região onde o hospital se encontra é uma região que atende muitas pessoas, principalmente as que mais precisam. É importante lembrar que o Hospital do Andaraí é cercado de favelas e periferias. A minha mãe, há pouco tempo, foi tratada e curada no SUS. É uma honra em participar de um momento como esse, que concretiza o cuidado que o senhor (Lula) sempre fala, desde a sua campanha, que chegaria nas famílias que mais precisam", destacou Anielle.
O acelerador linear, agora disponível no Andaraí, é uma máquina que usa alta tecnologia para gerar raio-X precisos em células cancerosas, que são mais vulneráveis a esse tipo de radiação. O equipamento pode girar ao redor do paciente permitindo que os raios atinjam o tumor de diferentes ângulos. As células normais, que são mais resistentes, conseguem se recuperar mais facilmente.
Em dezembro, a Prefeitura do Rio assumiu a gestão do Hospital do Federal do Andaraí e do Hospital Federal Cardoso Fontes, localizado em Jacarepaguá. As primeiras intervenções foram na limpeza, contratação e remanejamento de profissionais, ampliação de serviços e dar início às obras necessárias.
O Município também prevê reformas das enfermarias dos setores, aumento do número de funcionários, modernização do centro de imagens, do parque tecnológico e dos elevadores e construção da nova cozinha. O planejamento prevê a inauguração da nova emergência em janeiro de 2026 e a abertura de novos andares em outubro. A meta é que a unidade dobre a sua produção e chegue a 167 mil procedimentos por ano em 2026.
Segundo o Ministério da Saúde, o cenário atual no país exige medidas urgentes. Uma pesquisa do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) de 2023 mostra que acontecem 370 mil óbitos por ano na saúde pública e privada por doenças não transmissíveis relacionadas a atraso no diagnóstico.
Já um levantamento do Instituto Nacional de Câncer (Inca), do mesmo ano, destacou um aumento em 37% dos custos com a doença com agravamento dos casos por desassistência. O Ministério informou que o Brasil precisa ampliar em 67% o número de biopsias de câncer de mama.
Participaram do evento no Andaraí a secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, Fernanda De Negri, o diretor de Programa da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Rodrigo Oliveira, e o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
Medida provisória e abatimento de dívidas
Em Brasília, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que o presidente Lula irá assinar uma medida provisória com ações que buscam reduzir a fila de espera para que pessoas consigam se consultar com especialistas no SUS.
A medida provisória também contará com ações que terão o objetivo de mobilizar a estrutura de saúde pública e privada, entre elas a autorização do governo federal para prestar atendimento em Estados e municípios.
"Através dessa medida provisória, vamos autorizar o governo federal a poder contratar e prestar atendimento de média e alta complexidade em apoio aos municípios e aos Estados", disse Padilha.
Uma das medidas do programa "Agora tem Especialistas" será o abatimento de dívidas para hospitais filantrópicos e privados que realizarem exames e atendimentos especializados ao SUS. Tal providência terá a parceria do Ministério da Fazenda.
Os hospitais que não tiverem dívidas com a União conseguirão reverter os atendimentos prestados ao SUS com créditos que vão servir para o abatimento de impostos.
"Esses hospitais privados e filantrópicos, que possuem dívidas, se ofertar atendimento de cirurgia, exames e atendimentos especializados ao SUS, a gente vai dar um crédito para aqueles hospitais e esse crédito pode ser utilizado para abatimento de impostos ou de outros pagamentos que tem que fazer", explicou o ministro.
Os hospitais que não tiverem dívidas com a União conseguirão reverter os atendimentos prestados ao SUS com créditos que vão servir para o abatimento de impostos.
"Esses hospitais privados e filantrópicos, que possuem dívidas, se ofertar atendimento de cirurgia, exames e atendimentos especializados ao SUS, a gente vai dar um crédito para aqueles hospitais e esse crédito pode ser utilizado para abatimento de impostos ou de outros pagamentos que tem que fazer", explicou o ministro.
*Colaboração de Érica Martin
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