Usuários promoviam sessões de tortura contra animais em transmissão pela internetReprodução/Redes sociais
Publicado 18/06/2025 18:54 | Atualizado 18/06/2025 19:41
Rio - A Justiça do Rio converteu a prisão temporária em preventiva e aceitou a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ) contra Bruce Vaz de Oliveira, que se apresentava como Jihad, Caio Nicholas Augusto Coelho, o 'Sync' e Kayke Sant’Anna Franco, o 'Fearless' ou 'Eterno pastor Michael', por tortura e morte de animais com requintes de crueldade e incitação a crimes de ódio. Segundo as investigações, o trio é responsável por planejar ataque a homem em situação de rua no domingo de Páscoa deste ano.
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A denúncia aponta que os três criaram uma comunidade chamada "Servidor 466" na plataforma Discord. O espaço era usado para transmitir ao vivo sessões de tortura de animais até a morte, com requintes de crueldade, além de incentivar automutilação entre jovens e até compartilhar pornografia infantil.

Uma dessas transmissões, segundo o processo, aconteceu no dia 25 de março e mostrou a tortura que levou à morte de um gato. A gravação foi exibida ao vivo para membros do grupo.

Na decisão que manteve os acusados presos, o juiz Cariel Bezerra Patriota, da 39ª Vara Criminal, destacou a gravidade dos atos. "As circunstâncias revelam a extrema violência dos crimes e o perigo que os envolvidos representam. Escondidos pelo anonimato da internet, eles propagam o ódio e cometem atos brutais. A prisão é necessária para proteger a sociedade e garantir que as investigações continuem de forma justa", afirmou o magistrado.

Os três já estavam presos desde abril, inicialmente por decisão temporária. Agora, com a conversão da prisão para preventiva, a Justiça também detalhou o papel de cada um no grupo, com base na acusação do Ministério Público.

Bruce seria o dono do servidor e o responsável direto por cometer os atos de tortura contra os animais. Caio e Kayke atuavam como líderes e incentivadores do grupo, estimulando os crimes cometidos. Ainda segundo a decisão, Kayke também teria acessado ilegalmente sistemas do governo para obter informações sigilosas sobre a investigação e alertado os outros membros do grupo, sugerindo que apagassem provas.

"O comportamento revela uma ousadia incomum e a clara intenção de atrapalhar as investigações. Em liberdade, os acusados poderiam agir novamente para esconder provas e dificultar a descoberta da verdade", completou o juiz.
O que diz o Discord
Por meio de nota, a plataforma informou tem políticas rigorosas contra atividades que promovam discurso de ódio, incitação à violência e compartilhamento de conteúdo prejudicial.
"Assim que tomamos conhecimento de conteúdos desse tipo por meio de nossas ferramentas de segurança ou por denúncias de usuários, tomamos as medidas apropriadas, incluindo a remoção de conteúdo, banimento de usuários e o desligamento de servidores. Também treinamos as forças policiais brasileiras e cooperamos plenamente com suas investigações, o que resultou em prisões bem-sucedidas em uma série de operações ao longo do último ano. A segurança é uma prioridade para o Discord e estamos comprometidos em proporcionar um ambiente positivo e seguro para nossos usuários no Brasil", disse.
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