Pai e filha em sintonia total, inclusive no uniformeDivulgação
Publicado 10/08/2025 00:00
"Se as palavras ensinam, os exemplos arrastam", assim reza um antigo provérbio. E não é exagero dizer que os filhos e filhas seguem sempre o que os pais demonstram e muitos vão aé  além. Identificam-se tanto com o pai que resolvem seguir os caminhos  na vida profissional. Muitos filhos de professores acabam por querer lecionar, de engenheiros, fotógrafos, jornalistas, ou seja em várias  profissões. No Dia dos Pais, o jornal O DIA ouviu vários casos de filhos que quiseram trilhar os passos do pai. Alguns até bem pequeninos já sabem que, pelo menos, no momento, querem alçar a profissão de seus progenitores. Veja os casos.
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Marcos Paulo  e Paulo Vitor 

"Desde o primeiro contato com os outros profissionais, nunca escondi que era seu filho, e fico orgulhoso de ouvir as pessoas falando dele", resume Paulo Vitor Isidoro da Silva Manhães, de 23 anos, ao ser perguntado de como é trabalhar na mesma empresa que o pai, Marcos Paulo Ribeiro Manhães, de 52 anos. Hoje, ambos são eletricistas da Enel Rio, na parte de Emergência.
Há quatro anos, eles não imaginavam que, além dos altos bate-papos que sempre tiveram – 'somos muito amigos, diz o pai' –, também estariam falando sobre linhas de energia, transformadores e postes. Apesar de amar a profissão que escolheu, há 17 anos, Marcos nunca tentou influenciar os três filhos sobre qual caminho seguir, ainda que constantemente frisasse que eles deveriam estudar muito para serem os melhores em suas carreiras. E o caçula, que até os 19 anos pensava em prestar vestibular para a área de Saúde, resolveu sair do ninho. E pensou: "E se...?"
Paulo Vitor queria se casar, tinha pressa de ser financeiramente independente. E pela primeira vez cogitou que seu caminho poderia estar ligado à energia. "Eu propus a ele um emprego. A princípio, ele tinha outras metas, mas aceitou. Pensou, pensou e levou um tempo para tomar uma decisão", revela o pai. O rapaz acabou entrando num curso para se capacitar e logo se encantou pela profissão. "Se descobriu", completa.
Sobre a satisfação que a profissão proporciona, ambos comentam que se sentem gratificados por verem a alegria das pessoas quando o problema é resolvido e tudo volta às claras. Mais realizados ainda quando o conserto traz luz a hospitais e casas com eletrodependentes. "A gratidão das pessoas faz com que a gente se esforce, madrugada adentro, para que mais pessoas se sintam felizes", conta o pai.
Eles entraram no quadro próprio da Enel há um ano. Quando eram de outra empresa, uma vez Marcos teve que apoiar a equipe de Paulo em campo. "Foi a primeira vez que vi meu pai trabalhando, foi muito legal, nunca me esqueço", afirma. Seguindo a cartilha do pai, de trabalhar com dedicação para ter bons resultados, e com disciplina e atenção para não correr riscos, Paulo já está prestes a subir mais um degrau na carreira. Depois de passar por Manutenção e Emergência, o jovem em breve se especializará em Linha Viva, consertando o sistema em situações em que a energia não pode ser desligada.
Em família ou entre os amigos, a dupla está sempre junta, conversando sobre a profissão. E o que não falta é assunto, segundo eles. "Quando eu tiver o meu filho, se ele tiver pelo menos uma parte da visão que eu tenho do meu pai, será ótimo. As pessoas olham para ele com respeito, é uma pessoa de caráter, muito bom no que faz. E sempre me incentivando", elogia.
Hoje, Marcos Paulo trabalha em Campos dos Goytacazes e Paulo Vitor, em São João da Barra. Mas nem isso os afastou: geralmente, vão juntos até a base de Campos, onde ambos moram, e o jovem segue para a cidade vizinha. Eles trabalham a noite toda; de manhã cedo, fazem o caminho inverso. O caçula para na antiga casa para tomar café com os pais e os irmãos e volta para ver a esposa, feliz que tudo deu certo, porque não esqueceu os conselhos paternos. Em casa ou no alto da escada, de madrugada, trabalhando para diversas famílias voltarem a ter energia, o pensamento de Paulo Vitor é um só: "Meu pai é o melhor que tem".

Emanuel, Juan e Valentina

Estrategista de negócios, especialista em vendas, marketing digital e CEO da Agência Mais Resultado, Emanuel Ferreira, conta que o legado é mais do que o sangue."Quando se fala em filhos seguindo os passos dos pais, não se trata apenas de herança ou conveniência. Muitas vezes, é sobre inspiração diária, admiração silenciosa e a construção de um futuro compartilhado, onde o trabalho deixa de ser apenas uma obrigação e passa a ser uma extensão dos sonhos de uma família", diz ele, que vive essa história dentro de casa com os dois fihos – Juan, de 18 anos, e Valentina, de 9.
Filha de Emanuel, publicitário apaixonado por ideias, e Juliana, jornalista nata que transforma palavras em ponte entre marcas e pessoas, Valentina cresceu em meio a brainstorms, gravações, campanhas e conversas animadas sobre criatividade e propósito. Ainda bem pequena, ela preferia rabiscar personagens e criar histórias do que brincar com bonecas. Aos 9 anos, surpreendeu os pais ao dizer que queria estudar animação 2D e criação de personagens. Em vez de tablets com jogos, Valentina se encantava com softwares de desenho digital e vídeos de making of de animações.
"Ela não quer apenas trabalhar com os pais,  quer dar vida às ideias que um dia serão marcas, produtos, filmes ou campanhas. Com o brilho nos olhos herdado dos dois, já começa a desenhar seu lugar no mundo criativo", diz Emanuel.
Já o filho mais velho sempre observou de perto o mundo acelerado da publicidade. Em vez de se encantar pelas campanhas, Juan se interessava por resultados. "Enquanto eu analisava números de campanhas, KPIs e dados de tráfego, Juan começou a enxergar uma vocação. Entendeu que por trás de toda criação, há uma inteligência por decodificar. Optou por cursar Estatística com o claro objetivo de se tornar cientista de dados na Agência Mais Resultado, ajudando a transformar números em decisões ", diz o pai.

Para Emanuel, os filhos são exemplos vivos de que o trabalho dos pais pode ser mais que um modelo: pode ser um chamado. "Quando filhos trabalham com os pais, não é só sobre dar continuidade a um negócio. É sobre acreditar juntos em uma mesma visão de mundo. Na Mais Resultado, não formamos apenas uma equipe. Estamos formando uma geração", afirma.

Felipe e Manuela

E mesmo quando a criança é bem pequenina ela já sente orgulho da profissão do pai. Este é o caso de Manuela, de apenas 4 anos, filha do colaborador Felipe Moreira, agente de Atendimento e Segurança do VLT Carioca. Ela escolheu se fantasiar com o uniforme do pai para a festa da creche. O tema era representar a profissão de um dos pais, e ela fez questão de homenagear o trabalho do Felipe com muito carinho e criatividade. O uniforme foi cuidadosamente recriado pela mãe, Julia, que bordou à mão o nome da empresa e montou um look cheio de afeto. A pequena encantou a todos com sua doçura e, principalmente, com o orgulho que sente do pai.

Felipe, que está há oito anos na empresa, ficou profundamente emocionado com a homenagem. "Foi um gesto simples, surpreendente e inocente", disse o profissional. Segundo ele, foi uma das maiores alegrias que já viveu, e um gesto que reforça o impacto positivo do trabalho dos colaboradores do VLT — não só na operação, mas também dentro de casa, inspirando as futuras gerações. Neste Dia dos Pais, Felipe não tem nada programado."Devemos ficar em casa"’, conta ele, que já levou a pequena Manuela para andar de VLT e em outubro, próximo ao Dia das Crianças, o VLT faz ação para os pequeninos.

Simon e Elka

Nem sempre os filhos querem enveredar para a carreira dos pais, mas quando se tem sete é possível que, pelo menos, alguns sigam o exemplo. Esse é o caso do fonoaudiólogo Simon Wajntraub. Dos sete, três filhas seguiram, mas foram para outras áreas a profissão. Já Elka trabalha diretamente com o seu pai. Ele conta um pouco dessa experiência com ela e sobre como é orgulhoso dessa parceria.
"Tenho sete filhos do mesmo casamento. Estamos casados há 49 anos; no ano que vem, faremos bodas de ouro. Tenho três filhas mulheres e quatro homens, e as três seguiram praticamente a minha profissão. Já a terceira filha, a Elka, trabalha comigo. Ela é minha assistente há mais de 20 anos. Foi interessante, porque eu fiquei 40 anos sem tirar férias, pois não tinha ninguém para me suceder, né? Eu dizia para minha esposa — que é italiana: "Ah, temos que viajar, eu quero conhecer a Itália", diz. Mas também falava: "Vamos esperar nossas filhas crescerem e começarem a trabalhar comigo, porque aí eu vou poder viajar." E assim foi. Fiquei 40 anos sem tirar férias, até que elas se formaram, se prepararam... Foi uma realização pessoal, de arrepiar. Um pai ter três filhas na sua profissão... não é para qualquer um", diz Simon.
Ele acredita que muitos pais chegam em casa falando mal da própria profissão e por isso alguns filhos não querem seguir. "No meu caso, meu curso funcionava dentro da minha casa — isso começou na época do Plano Collor. Acabei montando tudo aqui: botei um palco na sala, criei um auditório... e elas foram pegando gosto desde pequenas. Eu sempre dizia que elas iriam trabalhar comigo. E hoje elas seguem na área, são muito bem-sucedidas. Isso é uma grande realização", avalia.
Elka afirma que sempre teve muita admiração pela profissão do pai e acabou indo pelo mesmo caminho "Desde muito nova, acompanhei o trabalho do meu pai como fonoaudiólogo — e testemunhei, com admiração, a forma como ele transformava vidas por meio da voz, da comunicação e, especialmente, da oratória. Muito antes de isso virar moda, ele já falava sobre a importância de se comunicar bem, de saber se expressar com clareza, firmeza e presença".
Para a profissional, hoje em dia, com a ascensão das redes sociais e a exposição cada vez maior de profissionais nos vídeos e no Instagram, todo mundo busca técnicas de oratória. "Mas meu pai já fazia isso há mais de 40 anos. Ele foi pioneiro e visionário, enxergou o poder da fala como uma ferramenta estratégica  e não apenas terapêutica. Ele sempre dizia que saber se comunicar é saber "vender seu peixe", conquistar espaço, inspirar confiança. Ajustar a voz, dominar a entonação, organizar o pensamento ao falar. Tudo isso ele já ensinava com maestria, muito antes da internet", finaliza.
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