Publicado 12/10/2025 00:00
Eles deveriam dar o exemplo, mas são os primeiros a fazer vergonha quando assistem a seus filhos, netos ou sobrinhos jogando futebol. O mau comportamento dos pais e responsáveis foi tanto que na semana passada a Federação Paulista de Futebol 'proibiu' os familiares de participarem de dois jogos. Foi com portões fechados nas categorias sub-11 e sub-12. O xingamento era tanto que um post veiculado no Instagram viralizou e as crianças falam da indignação de serem agredidas verbalmente pelos pais de colegas dos outros times. fotogaleria
O mau comportamento não acontece apenas em São Paulo. O servidor público Francisco Junior, de 44 anos, é pai do João, de 11 anos que joga no time Serrano, na Barra de Tijuca, no Rio de Janeiro, e acha certo o posicionamento da Federação Paulista. Ele alega que já viu várias coisas nesse sentido.
"Algo precisa ser feito para frear essa violência. São xingamentos entre pais, de pais para crianças, de pais para a arbitragem e até árbitros revidando. Há inúmeros casos de agressão entre pais. E não é exclusividade dos homens. Tem muita briga entre mães. Muitas mulheres começam as confusões. Minha esposa e eu já ouvimos algumas vezes: 'Dá porrada nele!'. 'Seu viadinho'.'Não joga nada. Seu lixo'.
Publicidade"Algo precisa ser feito para frear essa violência. São xingamentos entre pais, de pais para crianças, de pais para a arbitragem e até árbitros revidando. Há inúmeros casos de agressão entre pais. E não é exclusividade dos homens. Tem muita briga entre mães. Muitas mulheres começam as confusões. Minha esposa e eu já ouvimos algumas vezes: 'Dá porrada nele!'. 'Seu viadinho'.'Não joga nada. Seu lixo'.
Para Francisco, o comportamento violento nas arquibancadas acaba gerando um clima de brigas e discussões entre os atletas dentro das quatro linhas. Isso acaba afetando o lado psicológico de quem ainda está em formação. "Essa disputa por espaço na base do futebol carioca está muito obscura, cada dia mais suja... São favorecimentos financeiros e até sexuais para que o filho esteja no grupo, para ser relacionado para o jogo ou até para ser titular", diz o servidor.
Sem esperança de uma melhora
Coordenador de um time de base do Rio de Janeiro que pediu para não ser identificado, ele diz que o assunto é muito complicado. "A gente acompanha os pais nas arquibancadas desde sempre. O consenso é de que a coisa só vem degringolando cada vez pior. Com as punições em São Paulo e a divulgação parece que deu força para a coisa piorar aqui no Rio".
Coordenador de um time de base do Rio de Janeiro que pediu para não ser identificado, ele diz que o assunto é muito complicado. "A gente acompanha os pais nas arquibancadas desde sempre. O consenso é de que a coisa só vem degringolando cada vez pior. Com as punições em São Paulo e a divulgação parece que deu força para a coisa piorar aqui no Rio".
Segundo ele, os problemas são enormes pois afetam diretamente as crianças. "Os pais pressionam, comportam-se mal, falam do treinador, xingam o juiz, provocam outras crianças. Não vejo solução em relação à conscientização. Na semana passada, pais se uniram para xingar um garoto em específico falando que ele era ruim. E aí eu vi o treinador virando para os pais e falando assim - olha, boa, boa, boa, fazendo joinha com a mão. Estão atrapalhando ele, estão tirando ele do jogo. Muitos acham que pelo jogo, pela vitória, vale tudo como se a gente estivesse lidando com adultos no Maracanã", indigna-se.
O coordenador não tem esperança que a situação melhore. "O meu sentimento hoje é de que não tem solução. Tem que ser tolerância zero, ou seja, qualquer palavrão emitido na arquibancada de um jogo o pai será tirado. Só irá resolver quando o filho começar a sentir o peso das escolhas dos familiares. Já tivemos pais suspensos. E quando o jogo foi com os portões fechados o time se saiu melhor. Acho que no futuro, em vez de punir o clube, deveria ‘punir’ o CPF do infrator, do pai que se exalta, que quer brigar, que fala palavrão", sugere.
Espaço de respeito
De acordo com a Federação Paulista de Futebol, a decisão surgiu da necessidade de proteger o ambiente do futebol de base e garantir que ele continue sendo um espaço de aprendizado, respeito e alegria para as crianças. "O primeiro passo da campanha começou no ano passado, quando a FPF já notava um aumento destas ocorrências. Mesmo assim, os casos não cessaram. A FPF recebeu inúmeros relatos e registros de comportamentos inadequados de adultos nas arquibancadas, como ofensas, discussões e até crimes de injúria racial e homofobia contra as crianças, atitudes que iam na contramão dos valores que o esporte deve transmitir. Por isso, a medida foi adotada não como punição, mas como um ato educativo, um convite à reflexão. É uma forma simbólica de mostrar que os adultos também precisam aprender com o exemplo que desejam dar aos filhos. A FPF tem como propósito transformar a sociedade pela paixão ao futebol. Temos a oportunidade de reforçar a educação para as famílias e para o próprio ambiente esportivo".
De acordo com a Federação Paulista de Futebol, a decisão surgiu da necessidade de proteger o ambiente do futebol de base e garantir que ele continue sendo um espaço de aprendizado, respeito e alegria para as crianças. "O primeiro passo da campanha começou no ano passado, quando a FPF já notava um aumento destas ocorrências. Mesmo assim, os casos não cessaram. A FPF recebeu inúmeros relatos e registros de comportamentos inadequados de adultos nas arquibancadas, como ofensas, discussões e até crimes de injúria racial e homofobia contra as crianças, atitudes que iam na contramão dos valores que o esporte deve transmitir. Por isso, a medida foi adotada não como punição, mas como um ato educativo, um convite à reflexão. É uma forma simbólica de mostrar que os adultos também precisam aprender com o exemplo que desejam dar aos filhos. A FPF tem como propósito transformar a sociedade pela paixão ao futebol. Temos a oportunidade de reforçar a educação para as famílias e para o próprio ambiente esportivo".
A Federação explicou que a suspensão foi temporária e aplicada por duas rodadas do Paulista Sub-11 e Sub-12 já que o objetivo não foi afastar permanentemente os familiares e torcedores, mas sim oferecer um período de reflexão. De acordo com a entidade, a medida provocou debates, gerou reflexão e despertou a atenção das famílias, das escolas e dos clubes. "Em muitos casos, pais e responsáveis reconheceram a importância da iniciativa e entenderam que o exemplo dentro das arquibancadas é tão importante quanto o treino no campo."
A FPF observou que nos jogos seguintes havia um ambiente mais calmo, com mais respeito às equipes de arbitragem e aos adversários. "Nossa prioridade é garantir que os torneios da FPF sejam espaços de aprendizado, segurança e motivação".
Federação do Rio cria protocolo de ação contra a violência verbal
A Federação de Futebol do Rio de Janeiro afirma que o ambiente esportivo de formação deve priorizar a integridade física e emocional dos atletas, garantindo que o futebol de base cumpra seu papel educativo, social e esportivo. No entanto, episódios recorrentes de mau comportamento por parte de familiares e torcedores nas arquibancadas têm gerado um cenário preocupante que afeta o desenvolvimento dos jovens, ameaça a segurança dos envolvidos e compromete a imagem das competições chanceladas pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro. Por isso, a FERJ continuará implementando o
'PROTOCOLO DE AÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA VERBAL'
A Federação de Futebol do Rio de Janeiro afirma que o ambiente esportivo de formação deve priorizar a integridade física e emocional dos atletas, garantindo que o futebol de base cumpra seu papel educativo, social e esportivo. No entanto, episódios recorrentes de mau comportamento por parte de familiares e torcedores nas arquibancadas têm gerado um cenário preocupante que afeta o desenvolvimento dos jovens, ameaça a segurança dos envolvidos e compromete a imagem das competições chanceladas pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro. Por isso, a FERJ continuará implementando o
'PROTOCOLO DE AÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA VERBAL'
1)PARALISAÇÃO DA PARTIDA:
-O árbitro paralisará a partida e comunicará ao delegado acerca da existência de violência verbal continuada. O delegado comunicará os integrantes da comissão técnica dos clubes que deverão advertir pessoalmente o infrator para cessarem as ofensas.
-O árbitro paralisará a partida e comunicará ao delegado acerca da existência de violência verbal continuada. O delegado comunicará os integrantes da comissão técnica dos clubes que deverão advertir pessoalmente o infrator para cessarem as ofensas.
2)SUSPENSÃO TEMPORÁRIA DA PARTIDA:
-Persistindo a violência verbal, após a advertência anterior, o árbitro suspenderá temporariamente a partida, convidando as equipes a deixarem o campo de jogo e se reunirem junto aos bancos de suplentes;
-O limite para cessarem os atos de falta de educação será de 10 (dez) minutos.
3)SUSPENSÃO DEFINITIVA DA PARTIDA:
-Se os autores dos atos de violência verbal não puderem ser retirados ou identificados ou ainda forem reproduzidos novos atos por outros torcedores e, se as medidas já tiverem sido aplicadas, o árbitro suspenderá definitivamente a partida;
-A situação será relatada em súmula e analisada pela Comissão Disciplinar da Competição.
4)CAMPANHAS DE CONSCIENTIZAÇÃO;
5) PALESTRAS EDUCATIVAS;
6) CRIAÇÃO DO “PAI CAPITÃO”;
7) ORIENTAÇÃO E CAPACITAÇÃO DE ÁRBITROS E DELEGADOS PARA COLABORAR NA FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO DE ATLETAS E CONDUÇÃO DE FORMA APAZIGUADORA NOS JOGOS.
'Todo mundo tem muito direito, pouco dever'
Profissional de Educação Física, Leonardo Ribeiro emite sua opinião sobre a polêmica. "Infelizmente isso é muito comum. O ser humano é complexo. O pai que vai assistir ao jogo do filho lida com umas frustrações. Eu entendo a Federação Paulista quando proíbe a torcida, porque já percebeu que as medidas administrativas não estavam surtindo efeito, mas talvez judicializar gere muito mais problema do que solução. A sociedade está muito diferente. As pessoas estão sem limites. Todo mundo tem muito direito, pouco dever".
-Persistindo a violência verbal, após a advertência anterior, o árbitro suspenderá temporariamente a partida, convidando as equipes a deixarem o campo de jogo e se reunirem junto aos bancos de suplentes;
-O limite para cessarem os atos de falta de educação será de 10 (dez) minutos.
3)SUSPENSÃO DEFINITIVA DA PARTIDA:
-Se os autores dos atos de violência verbal não puderem ser retirados ou identificados ou ainda forem reproduzidos novos atos por outros torcedores e, se as medidas já tiverem sido aplicadas, o árbitro suspenderá definitivamente a partida;
-A situação será relatada em súmula e analisada pela Comissão Disciplinar da Competição.
4)CAMPANHAS DE CONSCIENTIZAÇÃO;
5) PALESTRAS EDUCATIVAS;
6) CRIAÇÃO DO “PAI CAPITÃO”;
7) ORIENTAÇÃO E CAPACITAÇÃO DE ÁRBITROS E DELEGADOS PARA COLABORAR NA FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO DE ATLETAS E CONDUÇÃO DE FORMA APAZIGUADORA NOS JOGOS.
'Todo mundo tem muito direito, pouco dever'
Profissional de Educação Física, Leonardo Ribeiro emite sua opinião sobre a polêmica. "Infelizmente isso é muito comum. O ser humano é complexo. O pai que vai assistir ao jogo do filho lida com umas frustrações. Eu entendo a Federação Paulista quando proíbe a torcida, porque já percebeu que as medidas administrativas não estavam surtindo efeito, mas talvez judicializar gere muito mais problema do que solução. A sociedade está muito diferente. As pessoas estão sem limites. Todo mundo tem muito direito, pouco dever".
De acordo com Ribeiro, muitas vezes as pessoas não qurem cumprir regras. "Quando nós falamos do âmbito desportivo, o esporte tem regras e as competições regulamentos próprios. O Código de Justiça Desportiva prevê uma série de sanções contra aqueles que cometem deslizes no âmbito desportivo. As sanções por vezes são multas aplicadas, e tem suspensão de jogos", explica.
O profissional fala do seu posicionamento a respeito. "Não é uma posição do esporte, e eu entendo, é que por vezes um membro de comissão técnica, um árbitro, um jogador, ou a família do jogador, em caso de menor, que foi ofendido, injuriado, se ele começar a ir para justiça comum contra crime de injúria, contra crime de calúnia, contra lesão corporal, crime de ameaça alguma coisa começa a acontecer só que a gente não tem tempo judicializar isso. Têm todas as implicações da judicialização de ocorrências dentro do âmbito esportivo".
Leonardo cita o filósofo Thomas Hobbes. "Ele acreditava que o Estado, com a sua força e lei, conseguiria controlar esse ser humano que é perverso. Então ele entendia que o homem era cruel e perverso em essência e com o poder coercitivo e punitivo, controlaria o homem, o ser humano. Porque sem o Estado, todos viveriam em guerra, guerra de todos contra todos. O que a gente está percebendo dentro do campo desportivo é o que o Thomas Hobbes já previa. Você não tem como controlar o ser humano, ele está em constante constante guerra, porque faz parte da essência do ser humano ser perverso".
Segundo o profissional, Hobbes falava sobre o contrato social – o ser humano abre mão de parte da liberdade em troca de proteção do estado. "Talvez seja esse contrato social falte a esse grupo. E de acordo com o Hobbes é o caráter punitivo que pode dar jeito e é isso que Federação Paulista fez ao 'punir' os pais. Pode ser que daqui algum tempo a medida retroceda. Acho que a decisão que eles tomaram foi a melhor para esse momento", finaliza o profissional, que, além de professor, é pós-graduado em Treinamento de Força, tem mestrado em Ciência da Motricidade Humana e é Doutor em Infectologia.
Experiência pode gerar emoções negativas
Experiência pode gerar emoções negativas
Psicóloga especialista em terapia cognitivo comportamento e em transtornos de ansiedade, Alice Araujo fala sobre o assunto.
O DIA: O que leva alguns pais a perderem o controle emocional e xingarem crianças durante jogos de futebol dos filhos?
O DIA: O que leva alguns pais a perderem o controle emocional e xingarem crianças durante jogos de futebol dos filhos?
Alice Araujo: Alguns comportamentos agressivos dos pais podem estar relacionados a pensamentos distorcidos e dificuldade de autorregulação emocional. Em situações competitivas, é comum que pais interpretem o desempenho dos filhos como um reflexo de si mesmos ('se ele errar, vão pensar que eu sou um mau pai'), ativando crenças relacionadas a competência, sucesso ou reconhecimento social. Esses pensamentos podem gerar emoções intensas — como raiva, vergonha ou frustração — que, somadas a uma baixa tolerância à frustração e ausência de estratégias de enfrentamento, aumentam a probabilidade de reações impulsivas, como gritar ou xingar.
O DIA: Quais são os impactos desse tipo de atitude — como gritos e ofensas — no desenvolvimento emocional das crianças envolvidas, tanto as que os pais xingam quanto as que são xingadas?
O DIA: Quais são os impactos desse tipo de atitude — como gritos e ofensas — no desenvolvimento emocional das crianças envolvidas, tanto as que os pais xingam quanto as que são xingadas?
Alice Araujo: A experiência tende a gerar emoções negativas intensas (tristeza, medo, vergonha) e o desenvolvimento de crenças disfuncionais, como 'eu só sou amado se for perfeito' ou 'errar é inaceitável'. Isso pode aumentar a autocrítica, a ansiedade de desempenho e dificultar a construção de uma autoestima saudável. Para as crianças que veem os pais xingando os outros, há risco de modelagem comportamental inadequada. Alguns comportamentos são aprendidos por observação. Assim, ao presenciarem atitudes agressivas sendo normalizadas por figuras de autoridade, podem internalizar que essa é uma forma legítima de lidar com frustrações, reproduzindo esses padrões em interações futuras.
O DIA: Como os filhos tendem a interpretar o comportamento agressivo dos pais nesse contexto esportivo? Isso influencia a forma como eles lidam com frustrações e derrotas?
O DIA: Como os filhos tendem a interpretar o comportamento agressivo dos pais nesse contexto esportivo? Isso influencia a forma como eles lidam com frustrações e derrotas?
Alice Araujo: As crianças frequentemente personalizam o comportamento dos pais, interpretando os gritos como um sinal de desapontamento ou rejeição ('meu pai ficou bravo porque eu não sou bom o suficiente'). Essa interpretação pode gerar esquemas cognitivos rígidos, como 'eu preciso vencer para ser aceito' ou 'errar é perigoso', que influenciam diretamente a forma como lidam com fracassos. Com o tempo, isso pode levar a dois caminhos comuns:
Evitação: a criança passa a evitar situações competitivas para não lidar com possíveis falhas.
Hipervigilância e perfeccionismo: busca constante de aprovação, acompanhada de medo intenso de errar.
Ambos dificultam o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento saudáveis, como tolerar frustrações, aprender com erros e manter a motivação intrínseca.
O DIA: Que estratégias os pais podem adotar para controlar suas emoções e transformar o momento do jogo em uma experiência positiva e educativa?
Alice Araujo: A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) oferece ferramentas práticas, como:
•Substituir pensamentos distorcidos por avaliações mais realistas (ex: 'meu papel é apoiar, não controlar o resultado').
•Técnicas de autorregulação, como respiração diafragmática e pausas conscientes.
•Foco no processo e não apenas no resultado, valorizando esforço, trabalho em equipe e aprendizado.
•Refletir previamente sobre os valores que desejam transmitir aos filhos.
É essencial utilizar reforço positivo como principal forma de comunicação: elogiar o esforço, a dedicação e os acertos com comentários específicos ('você correu até o fim da jogada', 'ficou muito atento na defesa').
Na TCC, entende-se que comportamentos reforçados tendem a se repetir. Assim, destacar aspectos positivos fortalece a motivação e associa o esporte a apoio, não cobrança.
Por fim, a correção técnica cabe ao treinador. Quando os pais assumem esse papel, podem gerar tensão e afastar a criança do esporte. Ao se manterem como incentivadores, ajudam a criança a desenvolver uma relação saudável com desafios e frustrações.
O DIA: Como os clubes, escolas e técnicos podem agir para orientar e coibir esse tipo de comportamento nas arquibancadas?
Alice Araujo: - Oferecer orientações psicoeducativas aos pais, abordando o impacto de suas atitudes no desenvolvimento emocional das crianças.
- Estabelecer códigos de conduta claros, com regras sobre comportamentos aceitáveis e consequências para infrações.
- Criar campanhas e momentos de reflexão, reforçando valores como respeito, espírito esportivo e apoio emocional.
- Treinar técnicos e monitores para identificar sinais de escalada emocional entre pais e intervir de forma preventiva.
- Promover espaços de diálogo, nos quais os pais possam expressar ansiedades e aprender estratégias para lidar com frustrações.
Essas ações funcionam como intervenções de modificação de ambiente — uma das estratégias da TCC — que ajudam a reduzir estímulos que desencadeiam comportamentos disfuncionais.
Evitação: a criança passa a evitar situações competitivas para não lidar com possíveis falhas.
Hipervigilância e perfeccionismo: busca constante de aprovação, acompanhada de medo intenso de errar.
Ambos dificultam o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento saudáveis, como tolerar frustrações, aprender com erros e manter a motivação intrínseca.
O DIA: Que estratégias os pais podem adotar para controlar suas emoções e transformar o momento do jogo em uma experiência positiva e educativa?
Alice Araujo: A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) oferece ferramentas práticas, como:
•Substituir pensamentos distorcidos por avaliações mais realistas (ex: 'meu papel é apoiar, não controlar o resultado').
•Técnicas de autorregulação, como respiração diafragmática e pausas conscientes.
•Foco no processo e não apenas no resultado, valorizando esforço, trabalho em equipe e aprendizado.
•Refletir previamente sobre os valores que desejam transmitir aos filhos.
É essencial utilizar reforço positivo como principal forma de comunicação: elogiar o esforço, a dedicação e os acertos com comentários específicos ('você correu até o fim da jogada', 'ficou muito atento na defesa').
Na TCC, entende-se que comportamentos reforçados tendem a se repetir. Assim, destacar aspectos positivos fortalece a motivação e associa o esporte a apoio, não cobrança.
Por fim, a correção técnica cabe ao treinador. Quando os pais assumem esse papel, podem gerar tensão e afastar a criança do esporte. Ao se manterem como incentivadores, ajudam a criança a desenvolver uma relação saudável com desafios e frustrações.
O DIA: Como os clubes, escolas e técnicos podem agir para orientar e coibir esse tipo de comportamento nas arquibancadas?
Alice Araujo: - Oferecer orientações psicoeducativas aos pais, abordando o impacto de suas atitudes no desenvolvimento emocional das crianças.
- Estabelecer códigos de conduta claros, com regras sobre comportamentos aceitáveis e consequências para infrações.
- Criar campanhas e momentos de reflexão, reforçando valores como respeito, espírito esportivo e apoio emocional.
- Treinar técnicos e monitores para identificar sinais de escalada emocional entre pais e intervir de forma preventiva.
- Promover espaços de diálogo, nos quais os pais possam expressar ansiedades e aprender estratégias para lidar com frustrações.
Essas ações funcionam como intervenções de modificação de ambiente — uma das estratégias da TCC — que ajudam a reduzir estímulos que desencadeiam comportamentos disfuncionais.
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