Publicado 04/11/2025 07:45
Rio - A vereadora Gigi Castilho (Republicanos) foi um dos alvos da operação da Delegacia de Defraudações (DDEF), realizada nesta terça-feira (4), contra uma organização criminosa que cria empresas fantasmas para emissão de notas fiscais superfaturadas, onde os agentes foram às ruas para cumprir 29 mandados de busca e apreensão. De acordo com as investigações, iniciadas em janeiro, a parlamentar faz parte do esquema criado para justificar repasses de verbas públicas da Prefeitura do Rio a sete creches conveniadas, localizadas na Zona Oeste.
PublicidadeOs 29 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça, tinham o objetivo de coletar documentos, computadores, celulares, mídias eletrônicas e materiais contábeis para subsidiar a análise financeira do esquema.
Além de Gigi, também foram alvos da operação o marido dela, Luciano Castilho, a filha, Andreza dos Santos Adão, e sobrinhos de Luciano. A vereadora, o marido e a filha são administradores das creches investigadas. Andreza ainda aparece como dona de uma panificadora que recebia dinheiro para prestar serviço às unidades escolares.
Segundo as investigações, o grupo criava empresas de fachada, como panificadoras, confecções de uniformes escolares, dedetizadoras e mais, para emitir as notas superfaturadas, que eram apresentadas à secretaria municipal competente como comprovação de despesas, permitindo o recebimento e a manutenção de altos valores.
De acordo com a delegada Josy Lima, titular da DDEF, durante a operação desta terça-feira, foi constatado que nenhuma das empresas existiam nos endereços disponíveis. Gigi Castilho e Luciano não foram encontrados em casa e o imóvel estava com o portão aberto no momento da chegada dos policiais.
De acordo com o relatório de investigação financeira, uma das creches conveniadas recebeu aproximadamente R$ 9 milhões em apenas seis meses. Nesse período, foram registrados 816 saques em espécie, totalizando cerca de R$ 1,5 milhão. Para a polícia, a movimentação, caracterizada por retiradas frequentes e em dinheiro vivo, é totalmente incompatível com o perfil e a natureza de uma instituição educacional conveniada.
"Ela [Gigi Castilho] deveria zelar pelas crianças. Deveria colocar mais dinheiro e fazer um investimento maior dentro da creche e não estar envolvida num escândalo desse, de desvio de verba pública", afirma a delegada Josy Lima.
No total, sete creches são investigadas. Entre as unidades alvo da operação, estão a Creche Comunitária Deus é Fiel, em Sepetiba, Creche Comunitária Arte e Cultura, em Santa Cruz, e Creche Escola Machado, em Realengo.
As creches são investigadas são associações sem fim lucrativo. Ou seja, são unidades de ensino particular que captam verbas da prefeitura para ceder vagas a alunos da rede pública. "A prefeitura, quando não tem condições de fazer uma creche ali, utiliza aquele espaço para servir como uma creche comunitária, custeada, pela prefeitura. A gente não interditou nenhuma da creche para não prejudicar a população", explicou a delegada.
As investigações continuam a ser feitas para que todos os beneficiários e responsáveis pela movimentação irregular dos recursos, além de eventuais servidores públicos que possam ter colaborado para a execução das fraudes, sejam identificados.
Em nota, a Prefeitura do Rio informou que encaminhou aos órgãos de controle as prestações de contas e demais informações relativas à execução do convênio para a adoção das medidas cabíveis.
A reportagem de O DIA tenta contato com a defesa de Gigi Castilho, que não respondeu até a publicação deste texto. O espaço segue aberto para manifestações.
*Colaborou: Érica Martin
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