Cadela é morta a tiros em Rocha Miranda e caso expõe rotina de brutalidade contra animais no Rio

Rio - A violência que assola o Rio de Janeiro tem atingido também quem não pode se defender. Na noite desta sexta-feira (28), a cadelinha Preta, conhecida na vizinhança como Pretinha, foi baleada nas costas em uma favela de Rocha Miranda, na Zona Norte. Ela chegou a ser operada no Hospital Municipal São Francisco de Assis, mas morreu na manhã deste sábado (29).

Moradores relataram que Pretinha estava na porta de casa quando traficantes davam um “corretivo” em um homem. Ao se aproximar do grupo, a cadela teria incomodado os criminosos, que deliberadamente atiraram nela, acertando-a nas costas.

"Ela já chegou muito mal ao hospital, inclusive com a patinha quebrada. Fizemos o possível para salvá-la. Infelizmente, é mais um número nessa cidade que se tornou refém da violência. Ninguém está livre: nem nós, nem os animais", lamentou o secretário municipal de Proteção e Defesa dos Animais, Luiz Ramos Filho.

Desde setembro, 12 animais baleados deram entrada na rede veterinária municipal. Com a morte de Pretinha, novembro já soma quatro casos, três deles registrados em um único fim de semana.

Ramos Filho afirma que a secretaria criou um protocolo para que cada ocorrência envolvendo arma de fogo seja registrada e encaminhada à Polícia Civil. “É cada vez mais comum chegarem animais jurados de morte ou atingidos por balas perdidas. Maltratar é crime com pena de dois a cinco anos. O problema é que ninguém está seguro no Rio”, disse.

- Pitbull Hércules sobreviveu após ser encontrado baleado no Centro: atendido no Hospital Veterinário Municipal Jorge Vaitsman, na Mangueira, Hércules, que havia fugido de casa, foi encontrado no Centro na manhã do dia 9, com escoriações e ferimento provocado por um tiro que atravessou a pata dianteira direita. Ele recebeu alta e já está com sua tutora, Daniele Reis.

- Bob morre após ser baleado e esfaqueado no Alemão: no dia 8, Bob, também pitbull, foi ferido a tiros e facadas depois de se envolver em uma briga com outro cão no Complexo do Alemão. Moradores tentaram separar os animais atirando e golpeando Bob. Ele foi socorrido pela Secretaria de Proteção e Defesa dos Animais, mas morreu no dia seguinte.

- Aurora é vítima de bala perdida em Irajá: ainda no dia 8, Aurora, uma vira-lata caramelo de um ano e sete meses, estava no quintal de casa, em Irajá, quando foi atingida na pata traseira por uma bala perdida. “Ela não sai para nada porque é muito medrosa. Só vai ao quintal fazer xixi e cocô. Não fazemos ideia de onde veio essa bala”, contou o tutor, Júlio. Ela foi atendida no Hospital São Francisco de Assis e se recupera.

Para o secretário, o cenário é de “crueldade extrema”. “O que estão fazendo com esses animais é absurdo. Maltratar é crime e pode levar à prisão. As pessoas precisam entender isso”, reforçou Ramos Filho.