Carne cara, coluna Isabele Benito Igor Perez
Publicado 09/09/2022 06:00
“A gente só carne, comprar não dá não. No máximo um quilo de pá, um de acém de R$ 30, que eu até vou levar agora. Churrasco mesmo só uma vez por ano, no final do ano, pra fazer uma graça em casa”. A resposta, na lata, é de um açougueiro de um supermercado de bairro nobre aqui do Rio de Janeiro…

Meu produtor, Igor Peres, que toda semana fecha esta coluna comigo, conversou com ele. Entre uma chamada de vídeo e outra, eu perguntei pra ele “Onde você tá?”. E ele respondeu: “Tô no supermercado, Isa.”

Foi aí que eu tive a ideia de pedir para ele perguntar pra quem vende a carne, no caso o açougueiro, se ele compra o produto. E essa acima foi a resposta do trabalhador. Resposta essa que, com certeza, toda e qualquer pessoa assalariada daria. Tá tudo caro! Ninguém consegue comprar o básico, imagine a carne pelo preço que tá.

O Igor inclusive falou “não tem ninguém na fila comprando carne, movimento tá fraco, só tem ele mesmo trabalhando, cortando uma pecinha aqui, ali…”. Ah, pra deixar claro: isso era na véspera do feriado de 7 de Setembro, quando todo mundo costuma fazer um churrasquinho ou comer algo diferente!
Essa é a realidade do povo que não sabe mais o que é ter acesso a um preço decente de uma carne simples há quatro anos. Eu nem tô falando de proteína de primeira! A média era de R$ 22… Agora R$ 43. Praticamente dobrou!

A gente sabe que tem inflação, mas é bizarro como quem trabalha é sempre que se ferra mais. Preços nas alturas, salário cada vez menor e poder de compra lá no chão… Não existe. E olha que a carne nem é um dos alimentos mais caros nesse Brasilzão de meu Deus. Tem outros muito piores: cebola, batata, leite, até o cafezinho! A conta não fecha.

Agora vêm dados de que o valor da cesta básica tá caindo, deflação disso, daquilo, mas ninguém sabe de verdade quando o povo vai conseguir ter comida e dignidade na mesa. Enquanto aqueles que se acham donos do país, os políticos, vivem uma verdadeira guerra, o brasileiro convive com uma outra bem mais desesperadora: a angústia de não saber o que vai comer amanhã. 3,2,1… É DEDO NA CARA!
PINGO NO I
Eu sei bem o que a repórter Jéssica Dias, da ESPN, sentiu ao ser assediada de forma nojenta por aquele torcedor. Todas nós sabemos. Infelizmente, todas nós passamos por isso ou ainda vamos passar dia após dia. Não é nada fácil ser repórter e mulher nesse país.
A gente não pode mais permitir esse tipo de coisa… Não é mimimi, é agressão sim! O sem noção ainda ficou mais preocupado com a imagem dele do que com a cena absurda que ele provocou a uma profissional. Revolta demais…

Mais revoltante ainda é todo mundo saber que ele sim cometeu crime, só que teve alvará de soltura concedido. A garganta chega a fechar de raiva. Ser mulher nesse país é sufocante. A gente pode até respeitar decisão judicial, mas concordar, aí já são outros quinhentos.

Toda força à minha colega e que esse canalha pague de alguma forma pelo que fez, já que cadeia, já vimos que não vai rolar.
TÁ FEIO!
Reclamação de leitor tem sempre espaço aqui! Alô motoristas da linha 428, da empresa Vera Cruz, que faz o trajeto Nova Aurora-Bonsucesso…Os passageiros pagam a passagem de R$ 4,45, mas reclamam que nunca recebem o troco de cinco centavos.
Pode parecer até reclamação boba, mas no bolso de quem trabalha, faz diferença, tá? “No fim do mês é que eu vejo o quanto perdi de dinheiro. É pouquinho, mas é direito nosso”, afirma uma passageira.

Exatamente… É direito! É claro que a gente não pode responsabilizar o motorista, até porque ele tá ali cumprindo ordens, mas eu duvido que o passageiro possa embarcar sem pagar os cinco centavos. Tem uns que até deixam, mas nem sempre!

Então, se é de responsabilidade da empresa disponibilizar o troco, bora fazer. A passagem é cara, o serviço é ruim, e a reclamação dos passageiros é muito justa. Por isso, se você me perguntou se tá feio ou tá bonito… Libera a merrequinha da galera aí, e tenho dito!
Leia mais