Joias do Centro

Rua Santa Luzia número 797, no quarteirão entre a Super Rádio Tupi e o Consulado Americano. Há vários comércios idênticos da década de 50. Entra idas e vindas da correria, tem que olhar bem. E foi isso que fiz. Descobri uma das “pérolas” desse Centro lindo e pouco falado.

Assim, decidi que toda sexta essa coluna, que cobra pelo carioca, vai mostrar também que ele é lindo da Zona Norte à Zona Sul e principalmente no Centro.

Aqui todo mundo diz: “Vou pra cidade” quando vai para o Centro. E isso nunca fez sentido pra mim até começar a frequentar o bairro depois da mudança das rádios e do SBT.

Pois bem, o endereço que dei é um charme.

Um salão de Beleza, instituto, coiffeur… Não importa, ‘O Vogue’ é uma raridade e vou explicar.

Na minha correria, precisei lavar cabelo, entrei e pareceu local de ótimo bom gosto.

É impressionante! Tudo preservado como quando foi construído, em 1956.

Darlene me atendeu, linda, escovada e elegante.

A primeira coisa que me chamou atenção foram os lavatórios: eles ficam na bancada de cada cabeleireiro. Demorei a entender a dinâmica.

Seu Fernando Rodrigues, português simpático e dono do local, é amado pelos funcionários. Ele contou que faz questão de não trocar nada só para preservar. “O primeiro dono, também português, foi até a França e trouxe de lá tudo que existe até hoje”.

Os azulejos do mezanino são incríveis.

Você paga no pix, por aproximação, mas a primeira caixa registradora continua lá.

E quem também continua é um outro funcionário, que está desde o início. Seu Eleonildes, 84 anos, entrou menino e tem a clientela fixa. Pelas mãos dele, empresários famosos, políticos e até figuras polêmicas como Eurico Miranda.

Além de ponto de encontro de autoridades, era também cenário para filmes e novelas. Imagina o que essas paredes já não ouviram? Seu Eleonildes que o diga, quer dizer, ele não diz.

Penteia os cabelos brancos impecáveis a cada cinco minutos e guarda para sempre a credibilidade de saber guardar segredos. Quando perguntado, sorriso no canto dos lábios. Daquela que a jornalista curiosa aqui sabe que nunca vai tirar um “pio”!

Ah e lembram da Darlene? Ela está lá há 24 anos.. Já foi até Paris por conta do trabalho. “Tenho clientes muito antigas, mulheres que já se aposentaram voltam à “cidade” só pra cortar cabelo comigo”.

Quem bom que ela aceita novas clientes. Não marco hora e toda semana eu ainda fico impressionada como ela lava e seca meu cabelo no mesmo lugar…

O Centro é um porta-joias!