As brincadeiras e risadas nos vagões deram lugar à preocupação em casa. Sem poder trabalhar por causa do isolamento social para conter o coronavírus, Wildson França, o palhaço Will Will que atua nos trens dos ramais Gramacho e Japeri, é um dos inúmeros artistas de rua da Baixada Fluminense que ficou sem renda. Sem apoio dos municípios da região, ele e muitos outros contam com ajuda de família e amigos para levar os alimentos para dentro de casa, sem saber como será o amanhã.
"A maioria dos artistas e os camelôs dos trens estão em situação muito difícil. E nós, circenses de rua, autônomos, não fomos contemplados com cesta básica, muitos estão em situação difícil. Não tem diálogo com o município. Eu recebi doação e ajuda da família, e estou aguardando o auxílio de R$ 600, mas ainda espero participar do edital (da Secretaria Estadual de Cultura, lançado em abril)", afirma Wildson França, morador de Belford Roxo.
Como palhaço Will Will, ele atua nos trens, mas também em hospitais e praças da Baixada, fazendo parte do grupo Roda de Palhaços e da Confraria de Palhaços. A fonte de renda era o que arrecadava nas suas apresentações, mas Wildson também tinha outros projetos.
"Estava para fazer um espetáculo sobre Benjamin de Oliveira, o primeiro palhaço negro, e tive que parar. É uma história incrível, de uma pessoa que criou um método que as pessoas seguem até hoje e em 2020 faz 150 anos que ele nasceu. Um palhaço preto, revolucionário e que é esquecido. E agora, como faço? Tomara que eu consiga fazer esse espetáculo porque ele merece", afirma.
Em meio à crise, Wildson busca alternativas para tentar ajudar não apenas ele, como outros artistas na mesma situação, como um financiamento coletivo."Seria um auxílio a quem precisa e também para que sejam feitas produções independentes nesse período. Esse projeto é pensando nos artistas que se apresentam nos trens".
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