A pandemia e as medidas de isolamento social não impediram Licia e as amigas Teresa e Danda de continuarem sendo anjos da guarda de animais de rua. Moradoras do bairro de Bom Pastor, em Belford Roxo, elas tentam ajudar como podem para dar um pouco de amor a eles.

Seja com uma simples ação de dar água e comida ou algo mais complexo, como bancar uma castração ou garantir um lar temporário enquanto estão doentes, as amigas se dividem nas tarefas e na busca para conseguir pessoas disposta a adotarem esses animais.

Aos 50 anos, a dona de casa Licia Regina da Silva tem nove cachorros em casa, todos adotados. Ela fica responsável por cuidar das feridas, lavar, dar remédios aos cachorros que encontram. Teresa e Danda cuidam mais da alimentação e também dos gatos.

"Cada uma ajuda da maneira como pode. Fazemos pela gente e pelos animais, para diminuir o sofrimento deles. Às vezes recebemos críticas por alimentá-los, mas tentamos castrar justamente para não fazerem mais filhotes e ter mais animais de rua", comenta Licia.

De tanto cuidar de cachorros abandonados, ela fez um curso para aprender a dar banho e tosa em animais e separou um pequeno espaço na garagem para isso. A estrutura permite apenas banhos simples, pela vizinhança, mas ajuda a arrecadar um pouco de dinheiro para remédios, comida e outras coisas necessárias.

Tudo é bancado por Licia e as amigas, que se organizam para tentar pagar a castração, e mantém os animais em suas casas enquanto se recuperam da cirurgia. Depois, tentam doar para pessoas, mas nem sempre é possível, o que as obriga a devolver os animais para a rua por falta de condições de adotar mais um.

"Não ficamos com eles porque conseguir doação é muito difícil e não tem como ficarmos com mais em casa, infelizmente", explica Licia, que completa.

"Vamos gastando sem ter muita noção do valor, mas buscamos fazer dentro da nossa condição. Uma vez conseguimos uma carona e fomos até a secretaria para castrar oito gatos e uma cadela. Ou às vezes juntamos um dinheiro para castrar".

Essa paixão de Licia por ajudar animais de rua vem desde a infância, quando morava na capital. "Desde pequena gostava de ajudar. Todo domingo eu ia com minha a mãe no Mercadão de Madureira e passávamos por um local que costumava ter animais abandonados. Eu levava comida para eles. sempre fui assim", recorda Licia, que faz um pedido:

"Outras pessoas podem ajudar a diminuir os animais abandonados na rua. Quem tiver condições, ajude".