O presidente, o primeiro ministro e o governador do Rio, em visita ao no Hospital Antonio Pedro, diante do leito da então menina ZezéArquivo
Por Irma Lasmar
Publicado 08/12/2020 12:00 | Atualizado 09/12/2020 00:32
SÃO GONÇALO - No dia em que o incêndio do Gran Circo Norte-Americano em Niterói completa 59 anos, em 17 de dezembro, não só o país relembra uma de suas maiores tragédias, que matou 503 pessoas e feriu outras 800, mas principalmente a professora Maria José de Oliveira Pedroza, uma das vítimas graves. O ocorrido jamais será esquecido por ela, que sofreu queimaduras de terceiro grau em 90% do corpo quando tinha apenas 11 anos e carrega as marcas até hoje. A despeito de todas as dores e cicatrizes, Zezé resistiu, cresceu e se tornou professora, esposa, mãe, avó, bisavó e, desde 2016, escritora. E ainda luta na justiça com um processo - respaldado pela Organização das Nações Unidas - que permanece estagnado. 
Em 1962, sua mãe deu entrada em um processo indenizatório na Comarca de Niterói, onde foi chamada para diversas audiências. No local hoje funciona a biblioteca judiciária. Elas buscavam um suporte financeiro, já que, mesmo não totalmente incapaz, a moça ficou com membros atrofiados e outras sequelas limitantes. Em 1976, as duas procuraram pelo advogado José do Egyto e pelo processo, mas não os encontraram. Empreenderam buscas durante anos por cartórios distribuidores de Niterói, São Gonçalo e Rio de Janeiro, porém em vão. Até que em 2016 Zezé Pedroza encontrou o processo e descobriu que havia perdido a causa, já que nenhum dos governos municipal, estadual e federal se responsabilizaram pelo incêndio na época, alegando que fora criminoso.
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Maria José reclama não ter recebido o auxílio do Fundo de Assistência às Vítimas do Incêndio em Niterói, decretado e divulgado no Diário Oficial de 19 de dezembro de 1961 pelo então governador Celso Peçanha. Contudo, a professora não desistiu e, com a ajuda de outro advogado, o processo foi refeito e incluído na lista de ações especiais de direitos humanos da ONU, onde adormece há dois anos. 
Hoje com 70 anos e sem desistir de seus direitos, a moradora de Tribobó busca apoio governamental ainda em vida. “Foram tantas lutas! Tantas dores e perdas! Sempre fomos pobres, entretanto meu pai vendeu tudo o que tinha para salvar minha vida. Depois de tudo o que aconteceu comigo, não posso morrer sem ver concluída, de forma positiva, a justiça dos homens em minha história”, exclama.
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