Publicado 08/08/2022 09:55 | Atualizado 08/08/2022 09:56
Atualmente, a sífilis – infecção sexualmente transmissível (Ist) – é uma preocupação de saúde pública. Embora tenha cura através de tratamento simples e rápido, muitos não procuram ajuda e continuam com o ciclo de transmissão. Em São Gonçalo, a conscientização pela procura da testagem rápida aumentou no primeiro quadrimestre deste ano em relação aos últimos três anos e, consequentemente, a quantidade de pessoas em tratamento. Nas gestantes, o número de infectadas caiu no mesmo período, assim como a sífilis congênita (quando o bebê é contaminado pela mãe durante a gestação ou na hora do parto).
A única forma de prevenir a infecção é com o uso do preservativo, já que a mesma é contraída, principalmente, através de contato sexual. A gestante contaminada também pode passar a infecção para o filho durante a gestação e no parto. “Por isso, a importância das gestantes fazerem o pré-natal e a testagem. Tratando no início, há a possibilidade do bebê nascer sadio. E, se não tratar, ela pode causar o aborto e o parto prematuro”, explicou Monique Gonzalez, coordenadora do Programa Ist/Aids e Hepatites Virais.
Para detectar a sífilis, basta um furo no dedo e o resultado sai em 20 minutos. O teste pode ser realizado em qualquer unidade básica de saúde (com exceção do Colubandê I e Neves), sempre de segunda a sexta, das 9h às 16h. O tratamento pode ser realizado em um dos cinco polos sanitários, em quatro clínicas e na Policlínica Gonçalense de Referência para Doenças Crônicas e Transmissíveis. Normalmente, o tratamento é realizado com o antibiótico benzetacil. Mas há alternativa para as pessoas (não gestantes) que tenham alergia a este medicamento.
“O número de aplicações – que pode ser de uma a três doses – depende da fase em que a sífilis se encontra. A classificação é realizada através dos sinais e sintomas que a pessoa apresenta. Nas gestantes, a benzetacil trata a mãe e o bebê ao mesmo tempo. Também é importante que os parceiros façam o teste e o tratamento para que não haja a retransmissão. A sífilis, quando não tratada, pode causar até a morte. Chegando na fase terciária, ela acomete o sistema cardiovascular e neurológico, que também pode causar demência”, explicou Monique.
Na Maternidade Municipal Mário Niajar, em Alcântara, os bebês que nascem ou são contaminados no parto pela sífilis congênita iniciam o tratamento no próprio hospital, ficando internados por dez dias para a aplicação da benzetacil potássica na veia. “Toda pessoa que tem vida sexual ativa e desprotegida precisa fazer os testes das infecções sexualmente transmissíveis (Ists). Pelo menos, uma vez ao ano. As gestantes devem fazer no primeiro e terceiro trimestre de gestação. Mas dependendo do caso, podemos fazer em todas as consultas de pré-natal”, orientou Monique.
Sintomas – O primeiro sinal da doença é um cancro duro (lesão/ferida), que pode ser na boca (transmitida através do sexo oral), genitália ou ânus. Com o tempo, a ferida some. Depois de algumas semanas, aparece o segundo estágio da doença, chamada de sífilis secundária, que são lesões avermelhadas pelo corpo, mas principalmente na sola dos pés e palmas das mãos. Na forma latente, ela é silenciosa e sem sintomas.
“A primeira ferida não dói e não coça. Na secundária, as lesões parecem um processo alérgico. E da mesma forma que aparecem, elas desaparecem. Com isso, se não tiver tratamento, a pessoa entra na fase latente, que é sem sinais e sintomas. Por isso, é importante a testagem para que a infecção não evolua. Após a forma latente, vem a sífilis terciária, que são lesões na face e que podem causar problemas cardiovasculares e neurológicos”, finalizou Monique.
Números - Neste ano, dos 17.301 testes realizados no primeiro quadrimestre na população, 2.299 positivaram, 13,28%. Destes, 235 são casos novos, sendo 151 de gestantes e 84 do público em geral. Ao todo, 41 bebês nasceram com a sífilis congênita. No ano passado, foram feitos 23.185 testes, 3.486 positivaram, 15,03%. Dos positivos, 1.145 eram novos casos, sendo 630 gestantes e 515 do público em geral. Os bebês somaram 486 casos.
Em 2020, foram realizados 17.116 testes, que tiveram 2.171 pessoas positivadas, 12,68%. O total de novos casos eram 1.378: 609 gestantes e 769 do público em geral. Os bebês somaram 597 casos de sífilis congênita. Já em 2019 foram 21.946 testes, 1.924 positivos para sífilis, 8,7%. Dos positivos, 2.195 eram de novos casos, sendo 768 gestantes e 1.427 do público em geral. Os bebês somaram 453 casos.
Locais de tratamento:
Polo Sanitário Hélio Cruz, Alcântara;
Polo Sanitário Jorge Teixeira de Lima, Jardim Catarina;
Polo Sanitário Augusto Sena, Rio do Ouro;
Polo Sanitário Washington Luiz Lopes, Zé Garoto;
Polo Sanitário Paulo Marques Rangel, Portão do Rosa;
Clínica Municipal do Barro Vermelho;
Clínica da família Dr. Jardel do Amaral, Venda da Cruz;
Clínica Gonçalense do Mutondo;
Clínica da família Dr. Zerbini, Arsenal;
Policlínica Gonçalense de Referência para Doenças Crônicas e Transmissíveis.
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